Busca no site da UFMG

Nº 1826 - Ano 39
24.6.2013

Muito além da fachada

Centro Cultural se firma como referência para moradores e trabalhadores do entorno da Praça da Estação

Da redação

Erguido em 1906, o prédio do Centro Cultural UFMG está prestes a ganhar “cara nova”. Com recursos de R$ 1,5 milhão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas, a fachada do edifício, tombada como patrimônio histórico municipal e estadual, passa por processo de restauração, que inclui iluminação especial, com o objetivo de destacar detalhes de sua arquitetura.

O piso interior foi todo recuperado durante a atual gestão, com recursos do orçamento da Universidade. Com as reformas, que deverão ser concluídas em outubro, o antigo prédio se tornará uma das principais atrações na região da Praça da Estação, onde passam e trabalham diariamente milhares de pessoas.

A integração com o centro da capital mineira e seus frequentadores, no entanto, vai além dos aspectos paisagísticos e arquitetônicos. Desde o ano passado, o Centro Cultural vem abrindo espaço para manifestações artísticas de moradores e jovens trabalhadores do entorno por meio do programa Muitas Culturas no Centro. De maio a setembro de 2012, 32 pessoas participaram de oficinas de fotografias, vídeos e poemas. O resultado dessa imersão foi mostrado nos ambientes expositivos do Centro Cultural em outubro passado.

Atualmente, o Muitas Culturas no Centro funciona como uma “guarda-chuva” que abriga as ações do órgão, como o Cinecentro, que organiza mostras de cinema, e o Circuito Cultural Praça da Estação, caracterizado por visitas guiadas ao próprio Centro e aos demais espaços do entorno. Nos últimos três anos, o órgão abrigou cerca de 300 eventos e recebeu em torno de 70 mil pessoas.

“Nosso objetivo é promover o relacionamento da Universidade com a comunidade. Para isso, não basta exibir o que a UFMG produz e a cultura que vem do mundo letrado. Procuramos dar espaço às expressões alijadas desse ambiente, e misturá-las ao que há de mais avançado no pensamento e na ciência”, explica a diretora Maria Inês de Almeida.

Arte indígena

Esse espírito inclusivo também caracteriza a exposição ¡Mira! – Artes visuais contemporâneas dos povos indígena, aberta este mês. A mostra reúne, pela primeira vez no país, obras de artistas indígenas da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador e Peru, integrantes de 30 etnias.

A iniciativa pretende mostrar as novas estéticas dos povos ameríndios, marcada por arte produzida pela mistura do saber tradicional às modernas tecnologias. Pinturas, desenhos, cerâmicas, esculturas, vídeos e fotografias ficarão expostos até agosto.

¡Mira! é resultado de pesquisa realizada por equipe formada por antropólogos, comunicadores e indigenistas, que percorreram milhares de quilômetros em busca da arte indígena latino-americana. Foram levantadas mais de 300 obras de 75 artistas. Depois, um conselho curador escolheu mais de 100 obras para a exposição.

Diálogo intercultural

O Centro Cultural conta com 16 bolsistas de extensão. Eles fazem estágio em suas áreas de interesse, aprendendo a trabalhar, criar, produzir e divulgar eventos artísticos. “A extensão contribui para o diálogo intercultural, na medida em que desenvolve fricções entre conhecimentos de matrizes diferentes”, afirma Maria Inês de Almeida.

Mais Centro Cultural...

Como a extensão contribui para a sua formação?

“Ajuda aprimorar a nossa sensibilidade para além do trabalho de assistência ao animal e amplia, na prática, o que aprendemos em sala. Também aperfeiçoamos técnicas e desenvolvemos habilidades que só com a teoria não conseguiríamos”.

Ana Maria Paes Scott da Costa, aluna de Medicina Veterinária e bolsista do ­Projeto Correção Ambiental e Reciclagem com Carroceiros de Belo Horizonte