Busca no site da UFMG

Nº 1826 - Ano 39
24.6.2013

Entrevista / Efigênia Ferreira e Ferreira

“Fortalecemos nossa dimensão acadêmica”

Uma extensão abrangente, em contínuo crescimento e empenhada em ampliar sua dimensão acadêmica. É assim que a pró-reitora Efigênia Ferreira e Ferreira avalia a área que dirige nesta entrevista ao BOLETIM. “A extensão tem se mantido fiel a sua dimensão pedagógica, que favorece a produção de conhecimento e possibilita a intervenção nos problemas observados, contribuindo com a formação de profissionais éticos e responsáveis.”

Thaís Leocádio*

Como a dimensão acadêmica da extensão tem sido trabalhada na atual gestão?

Quando a extensão foi oficializada no Brasil, em 1931, ela já surgiu como atividade acadêmica, claro, segundo aquele momento histórico social. A ideia era transmissão do conhecimento produzido, para desenvolvimento individual da população externa à universidade. A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDB/1968, surgiu uma orientação nova para o ensino universitário: a integração de extensão, ensino e pesquisa. Hoje estamos empenhados em entender essa integração que impulsiona as três áreas a juntarem esforços em favor do ensino de qualidade, da educação cidadã, do diálogo e compromisso social com o bem comum.

Acredito que a extensão tem apresentado, há muitos anos, uma continuidade de crescimento muito significativa. Temos uma extensão ampla e forte na UFMG. É o verdadeiro andar em frente. Quem, como eu, trabalha há 30 anos nessa Universidade, e sempre atuou em ações de extensão, pode testemunhar isso. E nessa gestão não foi diferente. Exemplifico esse raciocínio com um número: em 2009, oferecíamos 620 bolsas de extensão para alunos de graduação; em 2013 são 970, um aumento de 56%. As bolsas de extensão são bancadas com recursos próprios, portanto, esse foi um investimento da UFMG.

A captação de recursos externos em editais como o Proext (MEC/Sesu), Fapemig (extensão em interface com a pesquisa) e outros órgãos, surpreende a cada ano, graças ao esforço concentrado da Diretoria de Fomento da Proex na divulgação, assessoria e acompanhamento dos projetos. O significado desses dados vai além da interpretação numérica. A extensão na UFMG continua crescendo e esse crescimento não pode nos satisfazer per si. A qualidade também precisa crescer.

O que fazer para que a qualidade cresça?

O momento atual é propício para o investimento na qualidade da extensão e para isso nos apoiamos na Política Nacional de Extensão e suas diretrizes. É uma discussão que vem sendo realizada amplamente, em todas as unidades, com a participação dos centros de extensão.

Essa preocupação foi também considerada na avaliação da extensão, realizada em 2012-2013, feita a partir da revisão dos registros na plataforma do Siex/UFMG. A avaliação sistematizada teve sua origem na necessidade de se construírem indicadores para inserção na planilha de alocação de vagas de professores da Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD). As constatações feitas a partir dessa avaliação suscitaram discussões, inclusive conceituais, sobre o significado de ações de extensão como formadoras e transformadoras.

A avaliação cumpriu seu papel?

Cumpriu e continua a cumprir. O investimento agora é em estabelecer uma estratégia para uma avaliação constante, um monitoramento para que os ajustes possam ser feitos com frequência por todos nós, personagens da extensão. Buscar a qualidade deve ser uma constante nas nossas ações. Sabemos que a extensão na UFMG é reconhecida nacional e internacionalmente, mas, quanto mais temos qualidade, mais percebemos os nós críticos. A evolução é isso.

Há um forte movimento de internacionalização das atividades da UFMG. Como a extensão se insere nesse cenário?

Temos vários projetos com parcerias internacionais e podemos crescer muito nessa área. Uma extensão mais qualificada certamente verá suas chances aumentadas. Temos conhecimento e experiência para compartilhar, precisamos somente nos organizar para isso. A UFMG tem como meta ampliar e diversificar parcerias com universidades do exterior. A extensão, como dimensão acadêmica, pode e deve acompanhar esse movimento.

E quanto à qualificação?

Temos trabalhado esse tema na Jornada Anual de Extensão, dirigida aos estudantes que participam de ações de extensão; no Seminário Anual de Extensão, evento introduzido nessa gestão para professores e técnicos administrativos em educação, e no Encontro de Extensão, voltado em especial aos estudantes contemplados com bolsas de extensão e que em 2013 completa sua 16ª edição integrando o evento UFMG Conhecimento e Cultura.

Como sintetizaria o atual estágio da extensão da UFMG?

Estamos no caminho certo. O Plano de Gestão da Proex 2010-2014 está sendo executado dentro do previsto. A Diretoria de Ação Cultural, o Centro Cultural e o Conservatório lideram as ações culturais, promovendo a interação de cultura e educação. O Ars Nova está de volta. O Museu Casa de Padre Toledo foi restaurado e reaberto ao público. A divulgação científica e a inclusão informacional se solidificaram. A Rede de Museus está sendo reestruturada, com vistas a uma nova inter-relação com a sociedade. Mesmo ampliando seu leque de ações, nas diversas áreas temáticas de sua atuação, a extensão da UFMG tem se mantido fiel a sua dimensão pedagógica, que favorece a produção de conhecimento e possibilita a intervenção nos problemas observados, contribuindo com a formação de profissionais éticos e responsáveis para com a população e que possam intervir positivamente para a redução das desigualdades sociais.

*Bolsista de Jornalismo da Assessoria de Comunicação da Pró-reitoria de Extensão