O acordo também prevê que as instituições colaborem em projetos de pesquisa e extensão relacionados à gastronomia e áreas próximas como turismo e nutrição. Foto: Camila Dornelles/INHAC

Fruto do trabalho realizado pela Diretoria de Cooperação Institucional (COPI), a UFMG firmou no último dia 8, uma parceria destinada a contribuir para a formação de novos cozinheiros em Minas Gerais e que poderá abrir caminhos para um novo campo ainda não explorado pela universidade: Gastronomia.

O protocolo de intenções assinado com o Instituto de Hospitalidade e Artes Culinárias (INHAC), durante encontro em sua sede, em Belo Horizonte, prevê cooperação mútua em que a Universidade cederá professores para aulas teóricas e estagiários para atuação interdisciplinar, com o objetivo de ampliar o acesso dos alunos da escola – em sua maioria jovens em situação de vulnerabilidade social – a serviços e recursos da UFMG. O acordo também prevê que as instituições colaborem em projetos de pesquisa e extensão relacionados à gastronomia e áreas próximas.

A união das duas instituições tem o potencial de abrir novas frentes de atuação da Universidade nos campos do ensino, da pesquisa, da extensão e da cultura, em um eixo ainda pouco explorado pela UFMG, que é o da gastronomia. A expectativa é que se envolvam áreas distintas como nutrição, turismo, história, veterinária, psicologia e odontologia. Além da reitora Sandra Regina Goulart Almeida e do vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira, participaram do evento pró-reitores e professores da Universidade. Eles foram recebidos pela equipe liderada pela diretora executiva do INHAC, Sarah Rocha.

A comitiva da UFMG conheceu as instalações do Instituto, que incluem salas de aula, biblioteca e duas cozinhas-laboratórios didáticas equipadas com os mais avançados fornos e refrigeradores, entre outros itens. Ao se dirigir aos dois grupos de alunos que desenvolviam atividades na tarde da visita, Sandra Goulart revelou seu entusiasmo com a parceria e disse que algumas formas de cooperação já estão na pauta e que muitas outras serão identificadas. “O momento agora é de mapear as possibilidades de trabalho conjunto. As perspectivas são excelentes e vamos colocar todo o nosso potencial à disposição dessa iniciativa tão relevante e inspiradora. Estamos encantados com o projeto”, disse a reitora, admitindo a criação, em médio ou longo prazo, de uma formação em gastronomia.

Sarah Rocha destacou a “generosidade e a disponibilidade” da gestão da UFMG. “A parceria com a Universidade nos ajuda a garantir condições de receber e formar cada vez mais jovens. Nossos alunos também reconhecem o valor do que estamos fazendo hoje e do que está sendo construído no INHAC. Estamos realizando um sonho”, afirmou.

Gestão da UFMG juntamente à direção do INHAC, no Centro de Referência do Queijo Artesanal (CRQA), que também integra o Instituto. Foto: Camila Dornelles/INHAC

Escola social

O INHAC é uma escola social de gastronomia que trabalha pela inserção produtiva de jovens no mercado. O Instituto oferece anualmente o Curso Técnico em Gastronomia, gratuito, com 80 vagas, cuja proposta é uma metodologia inovadora que extrapola a formação técnica. Concebido pelo chef Léo Paixão e reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação, o curso tem carga horária de 960 horas.

Integrado ao Centro de Referência do Queijo Artesanal (CRQA), o INHAC tem, além das salas de aula e cozinhas, uma biblioteca de gastronomia, um mezanino gourmet e uma área de convivência. Juntos, como ressalta o material de divulgação do INHAC, o Instituto e o CRQA “formam um centro cultural inédito no país, que atua na promoção da cozinha mineira, dos queijos artesanais de Minas e na inserção produtiva de jovens por meio da gastronomia”.

Expressão cultural e pilar econômico

Reconhecido como referência nacional em hospitalidade e culinária, o estado de Minas Gerais tem na gastronomia uma forte expressão cultural e um pilar econômico muito relevante. Segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), em Minas Gerais, o setor de alimentação fora do lar é composto de 160 mil empresas, que geram mais de 501 mil empregos diretos e movimentam R$47,3 bilhões a cada ano. Em Belo Horizonte, o segmento reúne quase 25 mil empresas, que geram mais de 147 mil empregos diretos e movimentam R$5,4 bilhões anuais. Em cenário de crescimento contínuo, a qualificação técnica é importante trunfo competitivo tanto para os profissionais quanto para os empreendimentos do ramo.

A posição da gastronomia como expressão cultural e fonte de desenvolvimento econômico e social em Minas faz dela um grande foco de interesse da UFMG. “Nosso estado é reconhecido internacionalmente por sua culinária original e criativa e, como instituição fortemente enraizada em Minas Gerais, a Universidade tem como uma de suas missões contribuir para o desenvolvimento do estado. Além disso, a parceria com o INHAC poderá se configurar em poderoso instrumento de formação e inclusão de jovens em um universo profissional que oferece múltiplas possibilidades, o que está integralmente alinhado com as prioridades da UFMG”, salientou a reitora, que anunciou para breve um ciclo de palestras sobre temas como direitos humanos, saúde bucal e desinformação. 

Reitora da UFMG e diretora do INHAC firmaram parceria mediada pela COPI. Foto: Karoline Oliveira/COPI UFMG

Também nessa linha de raciocínio, Sarah Rocha afirmou que o acordo assinado representa “um passo decisivo para a consolidação do nosso propósito de transformar vidas por meio da gastronomia”. Segundo ela, ao unir forças com uma das mais respeitadas instituições de ensino do país, O INHAC amplia horizontes para seus alunos, que “agora terão acesso a uma formação ainda mais qualificada, conectada com o conhecimento científico e com as práticas mais atuais da área”.

Texto: Itamar Rigueira Jr., com assessoria de comunicação do INHAC