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“Os leitores da presente obra compreenderão as imensas dificuldades que qualquer comentador ou estudioso da legislação moçambicana sobre terras hoje enfrenta perante uma legislação tão inovadora mas, até hoje, tão carente de produção doutrinária. O mesmo se diga quanto à jurisprudência moçambicana: quase inexistente e as poucas decisões muito mal conhecidas por falta de divulgação. Por isso, o autor espera que esta obra pelo menos tenha um mérito inquestionável: iniciar, ao lado do Manual do Direito da Terra, recentemente publicado pelo CFJJ, e cuja elaboração contou com a nossa co-autoria, a sistematização e documentação das mais recentes e actualizadas reflexões sociojurídicas sobre a questão da terra em Moçambique.”

“A realização do 1.° Concerto de Música Ronga, em Julho de 1959, por iniciativa da Associação Africana de Lourenço Marques, marca um dos momentos fundadores da expansão da música negra na cidade. Timidamente embora, já que a sede desta colectividade ficava praticamente na fronteira com o subúrbio, a sua concretização é o resultado de uma caminhada com mais de dez anos, desde que o poeta José Craveirinha lançou um apelo no semanário O Brado Africano, órgão daquela associação, chamando a atenção para a confrangedora realidade musical que se vivia até então, alheada dos ritmos africanos, obrigando à «criação de uma escola musical moçambicana». E lembrava então que, «enquanto os poetas, os pintores e os escultores procura[va]m já as novas perspectivas e canta[va]m, pinta[va]m e esculp[ia]m com um sentido condicionado ao ambiente cafreal», os músicos «continua[va]m a atirar trabalhos ocos ao público, sem originalidade, falhos de cadência e que eles chega[va]m a julgar como obras-primas». Este seria também o ponto de partida para a valorização do folclores local, tentando estabelecer-se assim um dique que o protegesse da música estrangeira, ouvida e tocada na cidade. Ao que parece, este apelo não teve qualquer eco e, cinco anos mais tarde, novo alerta era lançado no mesmo periódico, praticamente nos mesmos termos.”

Sobre o autor:

“António Sopa nasceu na cidade da Beira, em 1955.

Em Dezembro de 1977 veio para Maputo, onde viria a licenciar-se em História, com especialidade em Documentação, pela Universidade Eduardo Mondlane.

Actualmente é 1.° Assistente nesta mesma Universidade, exercendo funções no Arquivo Histórico de Moçambique.

Foi professor dos ensinos secundário, médio e superior.

É co-autor de diversas obras, destacando-se: Catálogo de cartazes moçambicanos, 1988; A Ilha de Moçambique: Pela voz dos poetas, 1992; Samora Machel: Bibliografia (1970-1986), 1996; 140 Anos de Imprensa em Moçambique, 1996; Moçambique através dos livros: Subsídios para uma bibliografia nacional (Junho de 1975-Agosto de 1998), 1998; Faróis de Moçambique, 2001; Maputo: Roteiro hist´rico e iconográfico da cidade, 2006.

Foi coordenador científico de: Samora: Homem do Povo, 2001; Armando Guebuza: Um pouco de si, 2004; Ao mata-bicho: Textos publicados no semanário “O Brado Africano” por Rui de Noronha, 2007.”

“Paulus Gerdes apresenta-nos neste livro uma riquíssima série de textos completamente diferente da tradicional, enquadrados no que actualmente se designa por Etnomatemática. Aqui podemos ver, pela primeira vez em Portugal, a Matemática subjacente a muitas actividades de variadíssimos povos africanos (mas não só), nomeadamente nos países da África Central e Austral, dando-nos uma ideia de como o pensamento abstracto poderia ter avançado em várias civilizações africanas. Como assinala Paulus Gerdes, ‘a Etnomatemática mostra que ideias matemáticas existem em todas as culturas humanas, nas experiências de todos os povos, de todos os grupos sociais e culturais, tanto de homens como de mulheres’. Na realidade, só incluindo referências a todas essas ideias matemáticas se pode ter uma visão completa da História Universal da Matemática (e muitos livros de História da Matemática pecam por graves omissões, com algumas excepções onde é justo destacar o manual de “História da Matemática” editado pela Universidade Aberta portuguesa).”

Sobre o autor:

“O professor catedrático Paulus Gerdes tem leccionado nas Universidades Eduardo Mondlane e Pedagógica (Moçambique). Desempenhou os cargos de Director da Faculdade de Educação (1983-1987) e da Faculdade de Matemática (1987-1989) da Universidade Eduardo Mondlane e de Reitor da Universidade Pedagógica (1989-1996). Em 2006, foi Presidente da Comissão Instaladora da Universidade Lúrio, a terceira universidade pública de Moçambique, com sede em Nampula.

Entre as suas funções ao nível internacional constam as de Presidente da Comissão Internacional para a História da Matemática em África (desde 1986) e de Presidente da Associação Internacional para Ciência e Diversidade Cultural (2000-2004). Em 2000, sucedeu o brasileiro Ubiratan D’Ambrosio como Presidente do Grupo Internacional para a História da Ciência e, em 2005, foi eleito Vice-Presidente da Academia Africana de Ciências.

Escreveu diversos livros sobre geometria, cultura e história da matemática, tendo recebido vários prémios.”

Surreambulando é um conjunto de oito narrativas. A primeira, ‘Viagem para o fim’, em nossa modesta opinião, configura mais uma novela do que um conto, ao passo que ‘Situações caricatas (ou estórias do medo)’ hesita claramente entre a crónica e o conto.

Em todo o caso, o que importa dizer mesmo é que João Tala maneja a escrita à maneira de um cirurgião que não tem medo de apontar e fazer incidir o bisturi no coração das chagas: é a única maneira de sanar o mal.

Em Surreambulando não se deve atentar apenas na trama (ou nas tramas), no desenrolar das situações. Há que prestar muita atenção às reflexões dos personagens/narradores. É aqui que se pode notar que João Tala, ao escrever este livro, não quis apenas entregar-se a um exercício diletante de culto às musas das letras. Ele também quis dizer coisas.

As narrativas de Surreambulando não se limitam à exposição das estórias, mas também tomam consciência de si mesmsas. Os narradores não narram apenas os ‘factos’, também confiam ao leitor as suas inquietações ‘metodológicas’, as suas estratégias narrativas, de tal modo que o leitor deixa de ser apenas testemunha para ser cúmplice e partícipe da construção narrativa.

Este livro, Surreambulando, situa-se na tradição literária nacional de abordagem da realidade social sem peias nem contemplações e relança e traz à tona o papel do escritor enquanto consciência crítica e ‘voz dos que não têm voz’.”

Sobre o autor:

“João Tala nesceu em Malanje aos 19 de Dezembro de 1959.

Depois de publicar simultaneamente Lugar Assim, poesia, e Os Dias e os Tumultos, contos, os seus livros mais recentes, editados pela União dos Escritores Angolanos em 2004, João Tala propões agora à leitura pública Surreambulando, a sua segunda incursão no domínio da ficção narrativa. […]

Com uma notável performance no campo da poesia – onde para além de Lugar Assim deu à estampa A Forma dos Desejos (UEA, 1997, Prémio Primeiro Livro), O Gasto da Semente (INIC, 2000, Menção Honrosa do Prémio Sagrada Esperança) e A Forma dos Desejos II (Chá de Caxinde, 2003) –, João Tala já tinha sido apresentado por um dos seus companheiros de percurso, e uma voz incontornável da moderna poesia angolana, João Maimona, como “uma das mais importantes revelações da década de 90. Uma voz que nos deixa um aviso de que a poesia angolana é uma paisagem com diversidade e infinidade de caminhos” (Prefácio de A Forma dos Desejos).

Por seu lado, José Luís Mendonça, poeta conhecido pela seriedade e rigor da sua escrita, em 2000 saudou o primeiro livro de Tala como um “marco genial de entrada do poeta no mundo das letas” (“O que se pode exigir da poesia?”, prefácio a O Gasto da Semente).

Como se vê, apesar de ainda não ter captado as atenções gerais da mídia e a sua obra não ter merecido estudos mais profundos e sistematizados de uma crítica que parece ter-se ficado nos anos 80, João Tala já começa a ser reconhecido como um dos escritores mais criativos e talentosos dos nossos dias.”

“Mesclando poesia, crítica literária, ensaio sobre Literatura e Arte, entre outras formas discursivas, Tanda reescreve Angola, repensando, desse modo, seu rico imaginário cultural e a sua História. No poemário Azulejo escarlate, há a revisitação crítica da colonização portuguesa com suas construções coloniais, onde azulejos e sangue se fizeram representativas insígnias da opressão e da cultura imposta. No livro de poemas Véus embalsamados, são denunciados os “territórios pardacentos do amanhecer curento”. Entremeando o discurso do próprio monólogo com os dos diversos poemários, Tanda passa em revista cenas históricas do passado recente e remoto de seu país – o episódio do 4 de Fevereiro, a dominação do Reino do Congo – e cenas do presente, onde há a crítica à exploração infantil, à corrupção política, à fome, à miséria, consequências da guerra civil desencadeada após a independência que durou até Abril de 2002, quando foi decretado o cessar-fogo.”

Sobre o autor:

“É membro da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA) e do Conselho Científico do Ministério da Cultura, doutorando em História de Arte na Universidade Complutense de Madrid (Espanha), Conselheiro Cultural na Embaixada de Angola em França, licenciado em História de Arte pela Universidade de Havana (Cuba), colaborador da Delegação de Angola Junto da UNESCO.

Tem artigos publicados em revistas como Médianes e Arténsion (França), Lápiz (Espanha), Angolê (Portugal), Journal (Fundação Príncipe Claus de Holanda), Angola hoje (Brasil/Angola), Coartnews (Bélgica/África do Sul), bem como ensaios no catálogo geral da I Africus Bienal (Joannesburgo, 1995), na Anthologie de l’Art Africain du Xxème siècle (Revue Noire. Paris, 2001) e no Fault Lines (Iniva. Londres, 2002).”

“A bicha e a fila, de Manuel Rui e Marco Guimarães nos apresenta uma série de provocações, confrontos e, mesmo, inovações no campo do romance. A própria parceria romanesca já se oferece como uma primeira provocação. Embora a escrita a quatro mãos não constitua uma novidade absoluta no campo do romance, percebemos, na construção des-sa obra, uma figura do narrador, que aqui parece assumir o papel proposto por Benjamin, fazer “uma sugestão para uma história que está sendo narrada.” Alguns poderiam contestar tal processo, enxergando, em A bicha e a fila, dois textos e estilos que, antes, se justapõem.

Contudo, em A bicha e a fila, o próprio tema eleito conduziu a um entrosamento mais profundo, entre as narrativas, em diversos níveis.

Entrosamento esse que vai crescendo como diálogo que os narradores estabelecem e que acompanhamos à medida em que avançamos no romance. Vencido o estranhamento do confronto entre dois estilos de escrita bem distintos, o leitor sente-se convidado a expandir-se nas várias possibilidades levantads em torno do tema tatado, percebendo a sua riqueza.

O leitor sente-se, de fato, iniciado nas diferenças culturais entre Brasil, Angola e Portugal e é estimulado por considerações antropológicas, filosóficas, culturais, políticas, sociais etc. Mas o que a obra nos propõe, antes de tudo, é um exercício literário de alta qualidade, começando por uma ampla exploração e domínio das palavras até o manejo de estratégias literárias que envolvem o romance, como já apontamos, sobretudo na deliciosa exploração da ironia e do humor.”

“As narrativas de viagem sempre foram modelares e nos fascinaram. São necessárias. Narrar factos, recontá-los envboltos por uma aura que estabelece um novo olhar aos acontecimentos vividos, em meio à emoção nostálgica e à racionalização que vão entrelaçando os fios da memória. Um exercício jornalístico de quem aprendeu seu ofício. Assim, essas “aventuras de estudante” revelam as dificuldades, os desafios e o dia-a-dia de angolanos que vieram para o Brasil e se instalaram em Juiz de Fora, Estado de Minas Gerais, para estudar na Universidade Federal de Juiz de Fora.

Crónicas de uma viagem que trazem à superfície a outra face de uma história – dos combates internos até à luta pela sobrevivência num territória desconhecido. Atravessar o oceano e vencer os seus perigos silenciosos, traiçoeiros. Vencer as tempestades não só por um desafio pessoal, mas também para se tornarem portadores de uma esperança necessária para os países do continente africano. E, num lugar onde quase tudo é novidade, os marinheiros viajantes de si mesmos e guerreiros ungidos de seu  povo se defrontaram com os fantasmas reais da fome, da falta de segurança, da distância de seus familiares, da falta de dinheiro, porque em tempos de guerra, a bolsa, como uma terra prometida, ficava sempre além de um horizonte inatingível.”

Sobre o autor:

“Augusto Alfredo, casado, formado em Comunicação Social, nasceu aos 3 de Março de 1963 no bairro Pange, município do Amboim, província do Kwanza Sul. Estudou até a 4.ª classe na Escola Primária n.º 66 Augusto Gil na cidade da Gabela. Frequentou o curso acelerados de professores no Sumbe, capital do Kwanza Sul, e mais tarde trabalhou como funcionário da Delegação Provincial de Finanças do Kwanza Sul. Ingressou na Marinha de Guerra Popular de Angolana em Outubro de 1981, tendo frequentado o Curso Político Militar Comandante Jika de 1982-84. Estudou até à 8.ª classe na Escola Mutu ya Kevela e mais tarde em 1988 frequentou o Curso Médio Político Militar na Escola Comandante Jika. Depois do curso de Instrutores realizado na Escola de Comandos do Cabo Ledo, em 1992 transitou para as FAA com a patente de Capitão-de-Corveta. Antes de obter a bolsa de formação no exterior, frequentou o 2.º ano do curso de Linguística do Instituto Superior de Ciências de Educação-Luanda.

Exerceu a docência em Jornalismo no Cefojor e na Faculdade de Ciências Sociais. Foi editor de Economia do Jornal de Angola e actualmente é cronista do jornal O PAÍS.

Ostenta a patente militar de Capitão-de-Mar-e-Guerra.”

“Os morros do Rio de Janeiro estão a arder. Aproxima-se o dia em que a guerra descerá sobre os bairros ricos da cidade. Um antigo coronel angolano, que trocou Luanda pelo Rio de Janeiro, fuginda às armadilhas de um amor feroz e ao tormento da memória, prepara esse dia. Um jornalista, também angolano, mergulha no incêndio das favelas em busca de respostas a perguntas que poucos se atrevem a colocar. Tudo isto acontece agora. Zumbi, o mítico herói do Quilombo de Palmares, voltou para tomar o Rio. José Eduardo Agualusa prossegue, neste seu novo romance, também publicado em Portugal e no Brasil, um caminho iniciado há treze anos com A Conjura (Prémio Revelação Sonangol), e continuado com Estação das Chuvas (1992) e Nação Crioula (1997).”

Sobre o autor:

“José Eduardo Agualusa nasceu na cidade do Huambo, em Angola, a 13 de Dezembro de 1960. Estudou Agronomia e Silvicultura em Lisboa. É jornalista. Viveu em Lisboa, Luanda e Rio de Janeiro. Residiu treze meses em Berlim, entre 2001 e 2002, beneficiando de uma bolsa de criação literária da Deutscher Akademischer Austauschdienst, DAAD, e foi nesse período que escreveu O Ano em que Zumbi Tomou o Rio. Publicou anteriormente os romances A conjura (1988), Estação das Chuvas (1997), Nação Crioula (1998) e Um Estranho em Goa (2000). Os seus livros têm sido traduzidos para diversas línguas europeias.”

Miopia Crónica é um apanhado de crónicas, na sua maioria publicadas na coluna homónima, no semanário angolano Novo Jornal. São retratos fictícios de uma realidade nãomuito distante. Pinceladas de mentira sobre uma tela de verdade. Histórias vistas, ouvidas ou vividas pela autora, contadas de uma forma que a mesma pretende simples. Prosa directa sem perder a delicadeza da poesia.

‘Gosto de pensar que escrevo sobre coisas que as pessoas tendem a não ver ou a não querer ver’, Aoaní d’Alva.”

Sobre a autora:

“Aoaní d’Alva, nascida em São Tomé e Príncipe a 7 de Junho de 1984, é gémea e de signo gémeos. Estudou Comunicação Social – Jornalismo em Fortaleza, Brasil, na FANOR – Faculdades Nordeste. Residente em Angola, desde que terminou a faculdade, foi jornalista e editora de cultura do semanário Novo Jornal, onde agora é colaboradora.”