Na última segunda-feira, dia 11, o Setor de Acolhimento da Diretoria de Relações Internacionais (DRI) promoveu o III Fórum Internacional de Acolhimento e Internacionalização da UFMG. Com um caráter transdisciplinar, colocando em pauta a internacionalização no âmbito da educação superior e o acolhimento da comunidade internacional em mobilidade acadêmica ou na situação de migrante, o evento fomentou discussões por meio de variadas abordagens e exposições, tendo como objetivo abordar o estabelecimento de uma sólida política de internacionalização e expansão das políticas de acolhimento nas instituições.

Com uma mesa de abertura presidida pelo Diretor de Relações Internacionais da UFMG, Prof. Aziz Saliba, acompanhado pela Pró-reitora de Extensão, Profa. Cláudia Mayorga, e pelo Coordenador do Português como Língua Adicional, Prof. Leandro Diniz, o contexto da internacionalização na Universidade foi o primeiro painel debatido. “Por que internacionalizar?”, foi o ponto de partida do diretor. “É importante destacar aspectos pragmáticos. Observando as citações anuais em trabalhos da UFMG, percebe-se que há um aumento substancial quando em colaboração internacional”, afirmou. Ao mencionar dados globais, a recém-criada Formação Transversal em Estudos Internacionais e a nova resolução para refugiados na UFMG, além de outros acordos firmados com instituições no exterior, Aziz pontua: “A universidade tem que ser a lanterna na proa, ela tem que apontar os rumos para o país”.

Professor Aziz Tuffi Saliba, Diretor de Relações Internacionais da UFMG.

Ainda na primeira mesa, a Pró-reitora Profa. Cláudia abordou o papel da extensão nas políticas de acolhimento e internacionalização. “É muito relevante quando pensamos no conhecimento que coopera com uma sociedade mais justa e igualitária”, citando a expansão de redes, como a de saúde mental, que expandem a permanência de indivíduos na Universidade. Por fim, o professor da Faculdade de Letras usou de perspectivas da linguística para permear a discussão central. “Internacionalizar-se é trabalhar o inter-nações, o inter-mundos, o inter-culturas”, ressaltando processos que valorizam a diversidade cultural nas diferentes práticas acadêmicas e pedagógicas. Leandro baseou-se na Resolução da Política Linguística na UFMG.

Da esquerda para a direita: Cláudia Mayorga, Pró-reitora de Extensão da UFMG, Aziz Tuffi Saliba, Diretor de Relações Internacionais da UFMG, e Leandro Diniz, Coordenador das disciplinas regulares de Português como Língua Adicional.

Durante o segundo painel da manhã, intitulado “DRI Talk: Gestão de Relações Internacionais em Instituições de Ensino Superior”, as convidadas Maria Eduarda de Oliveira, da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), e Jaqueline Schultz, Coordenadora de Assuntos Internacionais da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), discorreram sobre os avanços e desafios na internacionalização das instituições de ensino superior brasileiras. Ambas foram mediadas por Luciana Fiuza, responsável pelo setor de Gestão de Operacional e de Informações da DRI/UFMG.

“Estamos nesse momento num processo de sistematização da internacionalização das universidades, o que tem tornado cada vez mais concreto nossas realizações”, comemorou Luciana. Nas trocas de experiências, as profissionais das três instituições públicas compartilharam experiências bem-sucedidas e aprendizados, além de pontos em que avanços ainda são necessários. “É interessante ver como nós, estaduais e federais, temos dificuldades semelhantes e isso nos motiva: estamos no caminho certo”, afirmou a representante da UEMG. “A Internacionalização exige que sejamos criativos: muitas vezes temos que trabalhar dentro da própria instituição, ao contrário de viagens, para fomentar esse ciclo”, concluiu.

Maria Eduarda de Oliveira, da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Jaqueline Schultz, Coordenadora de Assuntos Internacionais da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), e Luciana Fiuza, responsável pelo setor de Gestão de Operacional e de Informações da DRI/UFMG (da esquerda para a direita).

No período da tarde, estudantes de graduação e pós-graduação realizaram apresentações na modalidade Pecha Kucha dividas nos eixos “Políticas públicas, sustentabilidade e direitos humanos”, “Arte, cultura, literatura e línguas” e “Ações de acolhimento, hospitalidade e atenção para migrantes”. Ao todo, dez estudantes prepararam seus trabalhos nesse formato composto por vinte imagens de vinte segundos cada, totalizando seis minutos e quarenta segundos, no qual linguagem visual e verbal se complementam a fim de exibir um conteúdo fácil, eficiente e adequado à finalidade da ocasião: manter uma forma concisa e incentivar o interesse do público, além de totalizar o número de apresentadores.

Quatro estudantes foram premiados: Clarice Farina, em terceiro lugar, com o trabalho “O curso Pré-PEC-G na UFMG”; Marina Reinoldes, na segunda colocação, pelo pitch “O projeto MemoRef: uma iniciativa estudantil para acolher pessoas em situação de refúgio”; e empatados com as maiores notas, Cora Zambrano, da Universidade Estadual de Roraima, que apresentou “Contribuições das instituições públicas de ensino superior roraimenses no acolhimento de imigrantes”, e João Victor Pessoa, da UFMG, com “O trabalho voluntário como oportunidade e como diferencial para a mobilidade internacional”.

A comissão avaliadora das apresentações foi composta por Elaine Parreiras, Elisa Dineli, Flávia Caldeira, Janete Roland, Katherine Rodrigues, Luciane Novaes, Marcos Araújo, Profa. Climene Arruda, Samira Marques e Thatiana Marques – todos profissionais de diferentes setores da Diretoria de Relações Internacionais da UFMG.

Cora Zambrano, da Universidade Estadual de Roraima, apresentou “Contribuições das instituições públicas de ensino superior roraimenses no acolhimento de imigrantes”.

João Victor Pessoa, da UFMG, apresentou “O trabalho voluntário como oportunidade e como diferencial para a mobilidade internacional”.

O terceiro painel do dia foi marcado pela solenidade de encerramento e premiações do evento, presidida pelo Diretor Adjunto de Relações Internacionais da UFMG, Prof. Dawisson Lopes, pelo Diretor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia, Waldenor Barros Filho, e pela Assessora de Cooperação Nacional e Internacional do Governo de Minas Gerais, Maria Bueno.

A partir de uma abordagem sistemática da internacionalização nas universidades atuais, Waldenor Filho, que também é Presidente do Conselho de Gestores de Relações Internacionais das IFES, é preciso: “Há dois lados da moeda: a Internacionalização no exterior e aquela feita em casa”. Embasado na retórica da existência de políticas de internacionalização no Brasil ou se o que ocorre são apenas ações isoladas, o gestor discutiu as tentativas de incluir o Brasil nesse ambiente de competência global, fomentando interações multiculturais, em uma perspectiva sustentável. “A Internacionalização vai além de colocar placas em vários idiomas e enviar pessoas para o exterior. É preciso mudar as perspectivas. Enquanto precisarmos provar que internacionalizar é preciso, não teremos atingido nosso objetivo”, argumentou. “No mundo globalizado em que estamos, não é possível que o conhecimento seja produzido isoladamente e guardado em uma caixinha. Ao somar-se com instituições estrangeiras, a velocidade dos resultados é tão grande que impossibilita a não ocorrência da internacionalização”.

Waldenor Barros Filho, Diretor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia e Presidente do Conselho de Gestores de Relações Internacionais das IFES.

Em sua fala, Maria Bueno discutiu a importância de mudanças nas noções culturais pré-existentes. “A Internacionalização em si não é só a mudança de cultura, mas a criação de uma cidadania global por meio da empatia e respeito”, afirmou. “Estamos lidando com pessoas de backgrounds e experiências completamente diferentes que sempre têm algo a agregar”.

Por fim, o Diretor Adjunto pontuou aspectos pertinentes nas falas dos convidados além de ressaltar discussões anteriormente levantadas no evento.

Maria Bueno, Assessora de Cooperação Nacional e Internacional do Governo de Minas Gerais, Prof. Dawisson Lopes, Diretor Adjunto de Relações Internacionais da UFMG, e Waldenor Barros Filho, Diretor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia.

Exposições:

Além da programação em auditório, o Fórum contou com variadas atrações durante o evento: Varal de Poesias, Exposição de Fotografias, Mostra Fotográfica e Feira de Artesanato e Culinária do Coletivo de Mulheres Migrantes Cio da Terra.

Participantes da votação e premiação, o Varal de Poesias recebeu nove textos de estudantes da UFMG, UniBH e Instituto Newton Paiva. Foram premiadas as composições de Miriam Lorentz, “Pátria honrada”, e de Daniele Nascimento, “Chegada”, em primeiro e segundo lugar, respectivamente. Além disso, também foram premiados os mais votados na Mostra Fotográfica. Sob o tema “Seu olhar me abraça”, a primeira colocação ficou para Juan Silva, Guido Brogiani e Maria Alejandra, com os registros “Ser-tão – Sagarana” e “Vidas Paralelas”. Em segundo lugar, foram premiados Matheus Viana e Valentinne Derçon pelas fotografias “Desconstruindo Fronteiras: Reconhecer/Integrar”.

Elaborada pelos artistas Edhu Nascimento e Cris Xavier, a exposição da série “Janelas” procura explorar as aberturas precárias encontradas em muros nos espaços urbanos e convida o olhar curioso a observar o outro lado.

Exposição da série “Janelas”, dos artistas Edhu Nascimento e Cris Xavier.

Organização: 

A terceira edição do Fórum Internacional de Acolhimento e Internacionalização da UFMG foi idealizado e realizado por Elaine Parreiras, do Setor de Acolhimento, Luciana Fiuza, do Setor de Gestão Operacional e Informação, Luciane Novaes, do Setor de Mobilidade, e Thatiana Marques, do Setor de Programas Especiais – servidoras da Diretoria de Relações Internacionais (DRI) da UFMG.

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