De esquerda para a direita, os escritores Ungulani Khosa e Vera Duarte e os professores Antonio Hildebrando, da Belas-Artes, Aracy Alves Martins, da FaE, Sônia Queiroz, da Fale, e Luiz Arnaut, do Departamento de História. Foto: Valquíria Ferreira. Foto: CEA/UFMG

Os escritores Ungulani Ba Ka Khosa, de Moçambique, e Vera Duarte, de Cabo Verde, participaram, no dia 3 de setembro de 2013, do Encontro de Escritores Africanos, promovido pelo Centro de Estudos Africanos do Departamento de Relações Internacionais (DRI). Na ocasião, lançaram obras e conversaram com o público – formado em parte pelos intercambistas africanos da Universidade – sobre a realidade do continente e os diálogos promovidos entre o Brasil e seus países. As conversas tocaram temas como educação e literatura, mas também as relações econômicas fomentadas pela atuação de empresas brasileiras na África.

No encontro, Khosa lançou o romance “Ualalapi”, que transita entre os gêneros histórico e ficcional. Nas conversas que precederam o lançamento, o autor destacou a importância da aproximação entre o Brasil e as nações africanas, assim como o interesse dos brasileiros em descobrir a literatura dos países do continente.

O escritor lembrou que esse interesse precisa se reverter em investimento na aquisição de obras para as bibliotecas das universidades brasileiras. Para Khosa, se por um lado há interesse em conhecer a literatura de seu e de outros países da África, por outro as bibliotecas das universidades do Brasil ainda não contam com os livros que compõem a base dessa literatura.

O moçambicano também abordou a necessidade de se trazer a cultura local para o plano principal das atenções em seu país. “Ainda não estamos a dar a devida dignidade, a devida cidadania que a cultura nacional merece. A música que remete à cultura tradicional, por exemplo, que é tão importante, infelizmente ainda é encarada de maneira antropológica. É uma cultura que nunca tem acesso à ‘sala de visitas’, que ainda está nos ‘fundos da casa’. Costuma-se dizer ‘agora vamos ouvir a nossa música tradicional’, quando esse tradicional deveria ocupar os espaços principais”, apontou.

Vera Duarte, por sua vez, lançou “A palavra e os dias” no encontro, sua primeira coletânea de crônicas – que, segundo Christina Ramalho, organizadora da obra, oferece “um repertório consistente e revelador de vivências cotidianas, privadas e públicas, locais e globais, bem-humoradas e ‘indignadas’” sobre a realidade da mulher cabo-verdiana.

Ungulani Ba Ka Khosa e Vera Duarte estão no Brasil motivados por sua participação na Bienal do Rio. Além dos lançamentos que fazem na UFMG, os autores também participam de uma série de eventos literários e palestras em outros estados brasileiros.