O fenômeno da Superlua Azul – Espaço do Conhecimento UFMG
 
visite | BLOG | O fenômeno da Superlua Azul

Conheça o fenômeno da Superlua Azul!

O intrigante fenômeno poderá ser visto no mês de agosto de 2023

 

15 de agosto de 2023

 

Ouça também no Spotify!

 

A lua cheia é um fenômeno que encanta a humanidade desde os primórdios da espécie. Durante séculos, os seres humanos observaram os céus noturnos e utilizaram o ciclo lunar como uma maneira de metrificar o tempo, estruturar calendários, organizar colheitas e celebrações religiosas. O ciclo lunar tem duração de, aproximadamente, 29 dias e corresponde ao tempo que a Lua demora para realizar uma volta ao redor do planeta Terra. Neste mês de Agosto, do ano de 2023, seremos capazes de testemunhar um evento astronômico raro: A Superlua Azul. Mas do que se trata esse fenômeno? O que é uma Superlua? Ela é realmente da cor azul? São essas perguntas que responderemos neste texto!

 

Uma das produções do Blog do Espaço explicou “O que a Superlua tem de tão especial?”, mas para contextualizar, ela é um fenômeno onde enxergamos a lua cheia maior do que de costume. Isso ocorre pois a órbita que o satélite natural realiza ao redor do planeta Terra não é exatamente circular, mas sim, elíptica. Isso quer dizer que em determinado momento de sua trajetória o astro estará o mais perto possível da Terra (perigeu) e quando esse momento coincide com a fase da lua cheia o fenômeno acontece.

 

Imagem de uma trajetória circular

 

Imagem de uma trajetória elíptica

 

Mas por que “azul”? Para a tristeza de muitos, o fenômeno da Superlua Azul não possui relação direta com a cor. O nome está ligado à expressão da língua inglesa “once in a blue moon…” que indica algo muito raro. A nomenclatura, na verdade, faz referência à sua baixa ocorrência. Como o ciclo lunar possui uma duração menor que o tempo de um mês, é possível que enxerguemos duas Luas cheias dentro deste período, neste caso, “Lua Azul” é como chamamos a segunda lua cheia. O fenômeno ocorre, em média, a cada dois anos e meio, porém quando coincide com o momento em que o satélite natural está mais próximo da Terra, temos a ainda mais rara Superlua Azul. Segundo o astrofísico italiano Gianluca Masi, esse evento só irá ocorrer novamente em 2037

 

Para aqueles que ficaram desapontados por não terem a possibilidade de ver a fase cheia do astro na cor azul, temos boas notícias para dar: a ausência de uma Lua de cor azul é uma coisa boa! 

 

Há alguns séculos, pessoas em várias partes do mundo registraram a ocorrência de visualização do satélite com a coloração azulada, que ocorreu devido a erupção, em 1883, do grande vulcão indonésio Krakatoa. O vulcão é um dos maiores do mundo e quando explodiu foi responsável por liberar uma grande quantidade de cinzas na atmosfera terrestre. A maior parte das partículas liberadas tinham por volta de 1 micrômetro de diâmetro, tamanho ideal para realizar a filtragem da luz do Sol refletida pela Lua. A luz do Sol, formada pela soma de todas as cores do espectro visível, foi filtrada ao passar pelas cinzas do Krakatoa, provocando a atenuação de tons mais quentes e passagem de tons mais frios, favorecendo a observação do astro com tonalidade azulada e às vezes até esverdeada. Além disso, o fenômeno foi visualizado em outros momentos da história recente, como por exemplo, na erupção do vulcão El Chichon no México em 1983.

 

Vulcão Krakatoa (Créditos: Uprising – Obra do próprio, CC BY-SA 3.0)

 

Vale salientar que não só erupções vulcânicas são capazes de provocar a alteração do modo como observamos a Lua. Queimadas florestais, que liberam cinzas do tamanho apropriado, também são impulsionadoras. Entretanto, em matéria de queimadas ambientais, é mais comum ocorrer a liberação de partículas com menos de um micrômetro de diâmetro, causando assim a filtragem da cor azul e fazendo com que a Lua apresente uma coloração avermelhada. Tal fenômeno foi observado no Brasil, em 2019, devido às  criminosas queimadas amazônicas documentadas no período.

 

Lua vermelha vista no Mato Grosso do Sul, em 2019 (Créditos: Foto/Elton Silva)

 

[Texto de autoria de João Thomaz M. C. Souza, estagiário do Núcleo de Astronomia]

 

Referência:

Blue Moon