Ato reivindica reparação integral dos crimes relacionados ao rompimento de barragens

No dia em que o desastre de Brumadinho completou quatro anos, ato na Faculdade de Direito da UFMG reuniu movimentos sociais e autoridades 

 

Representantes de associações de atingidos relataram os efeitos permanentes dos desastres em Brumadinho e Mariana Foto UDHProex

Representantes de associações de atingidos relataram os efeitos permanentes dos desastres de Brumadinho e Mariana | Foto: UDH/Proex

A Faculdade de Direito da UFMG sediou, na quarta-feira (25 de janeiro), ato pela reparação dos crimes relacionados ao rompimento da barragem da mineradora Vale, em Brumadinho (MG), exatos quatro anos atrás.

O avento foi organizado pelo Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) e reuniu autoridades, representantes de instituições que reivindicam reparação e grupos de pessoas atingidas.

O encontro na UFMG, uma romaria em Brumadinho e outro ato em frente ao Tribunal de Justiça pediram reparação integral dos crimes, incluindo os impactos no Rio Doce provocados pelo rompimento de outra barragem, em Mariana, em 2015.

Também ocorreram mobilizações, em Brumadinho, organizadas pela Avabrum (Associação dos familiares das vítimas e atingidos pelo rompimento da barragem em Brumadinho), de 22 a 25 de janeiro.

Esperança e justiça

Desde o desastre em Mariana, que matou 19 pessoas e causou enorme destruição ambiental, a UFMG tem atuado de maneira ativa, por meio do programa Participa UFMG, em parceria com movimentos sociais e órgãos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, com o intuito de contribuir para a compreensão dos impactos humanos e ambientais e a reparação dos crimes.

Durante o ato na Faculdade de Direito, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida disse, ao abrir o ato, que era uma “honra” abrigar um evento dessa magnitude. “Temos que lembrar sempre para que não aconteça mais”, afirmou. “Como instituição pública, a UFMG está a serviço da sociedade, tem o dever de “ficar ao lado das comunidades afetadas por desastres como os de Brumadinho e Mariana.”

Ao fim, Sandra lembrou que esperança é a palavra-tema para a UFMG em 2023, mas ressalvou que “a esperança, segundo Santo Agostinho, tem duas filhas lindas: “a indignação, característica de quem não se conforma com uma injustiça, e a coragem, que impulsiona as pessoas a lutar pela mudança de uma realidade”.

Sandra Goulart (de vestido preto) recebeu autoridades como o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (à esquerda da reitora) | Foto: Acervo da Diretoria de Cooperação Institucional da UFMG

Sandra Goulart (de vestido preto) recebeu autoridades como o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (à esquerda da reitora) | Foto: Acervo da Diretoria de Cooperação Institucional da UFMG

O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, comprometeu-se com processos de reparação capazes de garantir a justiça para as pessoas e comunidades afetadas. Ele mencionou a importância de traçar estratégias para evitar novos desastres, investir em tecnologias que aumentem a segurança das atividades mineradoras e aprimorar o arcabouço legal que regem o setor, no estado e no país.

Esforços na pesquisa e na extensão

Representantes de associações de atingidos pelos desastres relataram experiências de pessoas e comunidades e os efeitos nefastos duradouros das ocorrências de Mariana e Brumadinho.

Participaram também do encontro, entre outras autoridades, o procurador geral de Justiça de Minas Gerais, Jarbas Soares Jr., a defensora geral do estado, Raquel Costa Dias, o procurador da República Carlos Bruno Ferreira da Silva, e a secretária de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, Luisa Barreto.

A pró-reitora de Extensão da UFMG, Claudia Mayorga, destacou que a universidade pública tem como missão abrir espaço para discussões sobre problemas concretos da sociedade. “A mineração e seus impactos estão entre as questões mais graves e urgentes que devem ser enfrentadas no Brasil, em esforços conjuntos que incluem certamente a pesquisa e as atividades de extensão realizadas por instituições como a UFMG”, ela disse.

Para a diretora de Cooperação Institucional, Zélia Lobato, a realização do ato na UFMG é consistente com a participação intensa da instituição ao lado de movimentos e órgãos oficiais. “Estamos inseridos por meio de estudos em áreas do conhecimento diversas e ações de apoio, em várias frentes, às populações afetadas pelos desastres”, afirmou.

Com informações do Portal da UFMG