Os impactos da pandemia e as práticas de ensino, pesquisa e extensão são relatados por discentes de diversas áreas e instituições do país

Congressistas da Rede de Conversa da área de Educação (Reprodução Meet)

Cerca de 8 mil extensionistas de todo o país, grande parte deles jovens participando de um grande evento universitário pela primeira vez, relaram suas experiências em atividades de extensão durante as Redes de Conversas, as sessões virtuais de apresentação de trabalho do 9° Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, o 9° CBEU. Cada participante tem 10 minutos para fazer a sua exposição. Mais de 3,5 mil são apresentados no evento.

Os cursinhos populares, que surgiram como experiências de extensão universitária no Brasil, no início dos anos 90, foram abordados sob a perspectiva dos impactos do ensino remoto pelo estudante de graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal de São Carlos (UFScar), Edson Ricardo Nascimento. “Dados apontam a desmotivação, desgaste emocional, físico e principalmente um grande número de evasões, causados pela pandemia”, alertou o discente ao trazer dados de pesquisa da qual participou que avaliou os impactos do ensino remoto em cursinhos populares vinculados às universidades públicas do Estado de São Paulo.

Além das problematizações, os discentes debateram as adaptações das ações à realidade de atuação remota e a intensificação das atividades de extensão na pandemia de Covid-19.  Uma dessas ações é o projeto de extensão Gephea – Conexões de Saberes, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), objeto do trabalho da aluna do curso de Pedagogia (licenciatura), Narla Liandra. “O projeto visa democratizar o conhecimento científico e valorizar os saberes populares. Entretanto, com os desafios da atuação remota, foram necessárias estratégias e adaptações nos procedimentos do trabalho para promovermos intercâmbios e produções com as comunidades”, afirmou.

As redes de conversa foram distribuídas em oito áreas temáticas: Comunicação, Cultura, Direitos Humanos, Educação, Meio Ambiente, Saúde, Tecnologia Trabalho. Os certificados de participação serão disponibilizados aos participantes que acessarem o link das apresentações por meio do Ambiente de Fóruns do Sistema CAEX

As apresentações são distribuídas em mais de 700 salas virtuais, que serão realizadas de forma síncrona por meio da plataforma Google Meet.

Vários sotaques e ‘um só lugar’

As redes de conversa possibilitaram um encontro único e inédito, ainda que de forma virtual, entre estudantes de diferentes instituições, áreas, perfis, realidades e estados do país. “São vivências e relatos que nos tocam e nos inspiram”, disse, emocionada, a congressista e pós-graduanda Graziela Carmo, do programa Interdepartamental de Pós-graduação Interdisciplinar em Artes, Urbanidades e Sustentabilidade, da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ).

Cada rede de conversa do 9° CBEU contou com a apresentação de cinco trabalhos sob a mediação de dois a três mediadores – professores, pesquisadores ou técnicos das instituições, como a doutoranda em educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Gabriela Barbosa Xavier. “São contribuições e discussões muito ricas e relevantes, que nos possibilitam ampliar a reflexão sobre as práticas pedagógicas, em especial em um momento como o atual marcado por tantos desafios para o país”, destacou Gabriela. O CBEU teve a participação de 822 mediadores.

No apoio operacional das redes de conversa, também estão 726 estudantes monitores e 59 técnicos da UFMG e da Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG). Os resumos dos trabalhos foram avaliados por 1.236 servidores docentes e técnico-administrativos.

Mobilização nas redes sociais 

Outra marca do 9° Congresso Brasileiro de Extensão Universitária foi a intensa movimentação dos participantes nas redes sociais. Muitos registraram e compartilharam em seus perfis a experiência de apresentar trabalho no maior encontro de extensão do país, realizado a cada dois anos por universidades públicas .“Aprendi muito com outros projetos”, afirmou em um dos relatos a estudante Remely Rodrigues, graduanda de Nutrição na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que apresentou no congresso sua experiência em curso de boas práticas de produção artesanal de alimentos.

Parte dos trabalhos compartilhados estão reunidos no Instagram da Pró-reitoria de Extensão da UFMG, no Destaque ‘CBEU’.

Em 2021, o CBEU é realizado de forma virtual pela UFMG e pela UNIFAL-MG em parceria com uma rede de instituições de ensino superior da região Sudeste do país. A nona edição se organiza sob o tema Redes para promover e defender os direitos humanos.