Estudantes extensionistas da UFMG relataram experiências de aplicação dos ideais do educador homenageado
Em sua atuação, as atividades de extensão da UFMG são transformadas e impactadas pela interação com comunidades, saberes e sujeitos diversos. Essa relação dialógica, que é um dos pilares do pensamento e método do educador Paulo Freire, foi demostrada na 20ª Jornada de Extensão da UFMG. O evento foi realizado virtualmente na quarta-feira, dia 16 de junho, com o tema 20 anos da Jornada de Extensão e centenário de Paulo Freire – extensão para a autonomia, o diálogo e a esperança.
O Projeto Pequi, vinculado ao Instituto de Ciências Biológicas (ICB), nasceu, em 2012, como alternativa de renda para a comunidade quilombola de Pontinha, em Paraopeba (MG). Segundo a extensionista, Luisa Couto de Souza, todo trabalho é realizado “em comunhão” e utilizando ferramentas participativas. “Houve a participação ativa e crítica, a construção do conhecimento e da autonomia dos comunitários, que passaram a produzir e a vender produtos à base de pequi de forma sustentável”, relatou a estudante, que mencionou, ainda, o impacto da experiência na sua formação. “É uma contribuição que vai além da academia. A interação com o mundo contribuiu para eu dar sentindo ao que aprendo e me tornou ‘mais humana’”.
Na área da comunicação, o estudante Ian Figueiredo Braga Netto apresentou sua participação no projeto ‘Ciência na Web’, iniciativa do programa ‘1000 Futuros Cientistas’, do Departamento de Química da UFMG. O projeto busca democratizar a ciência por plataformas virtuais a partir de situações corriqueiras e experiências do cotidiano. “Dedicamo-nos a explicar química de forma acessível e democrática. Assim como sugerido por Paulo Freire, todas as pessoas têm um conhecimento proveniente da sua cultura, da vivência, que não é menos importante do que o conhecimento teórico”, afirmou Ian, para quem o educador homenageado é, desde o ensino médio, “uma grande fonte de inspiração”.
O projeto Observatório de Estomaterapia: feridas e estomas foi representado na Jornada pela discente do curso de Enfermagem, Laura Ellen França Soares. Ela explicou que, a partir dos princípios de Freire, a iniciativa visa contribuir para a qualidade de vida de pacientes atendidos no Hospital das Clínicas da UFMG, provenientes do Sistema Único de Saúde. “Há uma troca recíproca de conhecimentos com o paciente, que se torna sujeito ativo do tratamento para que ele possa alcançar a autonomia do autocuidado e a qualidade de vida”.
Ao mediar debate com os discentes acerca dos ideais freireanos, a professora da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG, Lúcia Helena Alvarez Leite, disse que “a proposta do homenageado visa problematizar a partir da realidade, da interação, da troca e da prática social. É um grande desafio ‘viver Paulo Freire’ dentro ou fora da UFMG”.
Inspiração de longe
A pró-reitora de Extensão da UFMG, Claudia Mayorga, ressaltou que Paulo Freire inspirou a concepção, na década de 80, das diretrizes da extensão universitária no Brasil, como a interação dialógica, a formação do estudante, a transformação social e a interdisciplinaridade. “Essa inspiração é fundamento para que cumpramos, hoje, nossa função de universidade pública”, afirmou.
Para a reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida, homenagear o educador nos 20 anos da Jornada é uma forma também reafirmar a importância assumida pela extensão. “Esse evento atesta a qualidade dos trabalhos que vêm sendo desenvolvidos com as comunidades e a extensão como elemento integrador das ações da Universidade. Que Paulo Freire nos inspire sempre no cotidiano, na formação humana e no desafio de lutar por um país mais equânime, justo e melhor”.
Atrações culturais
A programação da edição de 20 anos da Jornada de Extensão também incluiu a participação da Orquestra de Choro, da Escola de Música da UFMG, coordenada pelo professor Marcos Flávio, que interpretou a música Ele e eu, de Pixinguinha, e do projeto Arte e Diferença, da Escola de Belas Artes, que apresentou a performance Freiriarte.
Ao fim do evento, foi apresentado vídeo do cordel Aprendi lendo caju, escrito e encenado pelo professor do Teatro Universitário (TU), Fernando Limoeiro, em que o próprio Limoeiro interpreta o protagonista ‘Vitorino Sabe-Ler’, um lavrador que sente vergonha de não ser alfabetizado. Ao conhecer Paulo Freire, ‘Vitorino’ descobre um mundo de possibilidades descortinado pela leitura e pela escrita.
A 20ª Jornada de Extensão da UFMG contou com intérpretes de Libras.
Os estudantes inscritos receberam certificado de participação.
Foto de Capa: Em sentido horário Luisa, Laura, Ian, Lucinha e Lorena Diniz (Intérprete de Libras) Reprodução: YouTube Extensão UFMG
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