Conferências sobre polarização e democracia no Brasil abrem ano letivo na UFMG

Ações de acolhimento foram ampliadas e tornaram-se mais inclusivas neste semestre

Calouros se reuniram no campus Pampulha para atividades da recepção antecipada –
Foto: Bruno Ihara | UFMG

Democracia e o quadro de polarização política no Brasil serão os temas centrais das conferências que vão marcar o acolhimento aos calouros da UFMG neste primeiro semestre letivo. Na segunda-feira, dia 4 de março, (às 9h e às 19h), no auditório nobre do Centro de Atividades Didáticas 1 (CAD1), o professor Felipe Nunes, do Departamento de Ciência Política da Fafich, dará aula inaugural em que responderá à questão Como a polarização política pode comprometer o futuro do Brasil?”. No dia seguinte, às 14h, no auditório da Reitoria, o advogado-geral da União, Jorge Messias, vai abordar o combate à desinformação e o fortalecimento da democracia, em conferência magna de abertura do semestre.

Na segunda, 4, antes das exposições de Felipe Nunes, a reitora Sandra Goulart Almeida e o vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira darão as boas-vindas aos calouros e apresentarão a UFMG a eles. E, às 17h, no auditório da Reitoria, as cantoras Zélia Duncan e Ana Costa farão um show em homenagem às mulheres que participaram do processo de independência do Brasil. Ambos os auditórios ficam no campus Pampulha.

Felipe Nunes:

Felipe Nunes: divisão calcificada pode comprometer o futuro do Brasil – Foto: divulgação

Acolhimento antecipado
As exposições de Felipe Nunes e Jorge Messias integram uma programação mais ampla (veja detalhes ao final deste texto), que prioriza, de várias maneiras, o acolhimento aos novos estudantes. As atividades são conduzidas por equipes de áreas como assistência estudantil, acessibilidade e inclusão e ações afirmativas. Desta vez, as ações foram antecipadas, com início já nesta semana (de 27 a 29 de fevereiro). E chegam, além dos campi Pampulha, Saúde e Montes Claros, à Faculdade Direito e à Escola de Arquitetura, unidades localizadas na área central de Belo Horizonte. Algumas das atividades são conversas “tira-dúvidas” sobre questões como assistência estudantil, reserva de vagas e acessibilidade e rolês inclusivos pelo campus Pampulha, com o tema Dia a dia na Universidade.

“Nosso projeto é ampliar cada vez mais as ações de acolhimento aos calouros. Nesse rito de passagem, é importante que os estudantes recebam muita informação e tenham uma experiência rica e agradável nos campi”, afirma o vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira, acrescentando que foi criada uma comissão exclusivamente para organizar a programação de recepção e acolhimento de estudantes, coordenada pela Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), em parceria com o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI), o Departamento de Registro e Controle Acadêmico (DRCA), a Comissão Permanente de Ações Afirmativas e Inclusão Social e o Centro de Comunicação (Cedecom).

Neste semestre letivo, a UFMG espera receber 5,7 mil novos estudantes, número que inclui tanto os calouros que ingressaram pelo Sisu quanto por outros processos seletivos.

‘Biografia do abismo’
Felipe Nunes vai apresentar, em sua aula inaugural, dados e conclusões do livro Biografia do abismo: como a polarização divide famílias, desafia empresas e compromete o futuro do Brasil (HarperCollins Brasil), que ele coassina com o jornalista Thomas Traumann. Lançado no final de 2023, o volume já é best-seller no país.

Jorge Messias, advogado-geral da União: combate à desinformação

Jorge Messias, advogado-geral da União: combate à desinformação – Foto: divulgação | TCU

“Pretendo oferecer uma reflexão sobre o que esperar do Brasil e do nosso futuro. O país, famílias e amigos estão divididos, e as empresas precisam recalcular rotas para manter suas vendas nesse quadro”, lembra Nunes. “Vou mostrar como a divisão está calcificada e atinge, além do campo eleitoral, escolas, o futebol, a publicidade, o varejo.” Ele informa que vai abordar a eleição de 2002 e as causas dos eventos que a cercaram.

“Esse tema é de grande interesse para a Universidade e para os jovens, que já precisam lidar com essa polarização. Vamos manter o caminho da polarização ou procurar alternativas”?, indaga o professor, que é sócio-fundador da Quaest Pesquisa e Consultoria. “Para mim, é uma honra falar aos calouros da UFMG, tenho ótimas lembranças da recepção quando cheguei à Universidade como aluno, há 22 anos”, pontua o cientista político.

O advogado-geral da União, Jorge Messias, vai abordar a relação entre democracia e combate à desinformação, mencionando, por exemplo, o Observatório da Democracia, criado no âmbito da AGU. O Observatório promove debates qualificados para a manutenção do equilíbrio institucional e o fortalecimento democrático do país.

Composto de representantes do governo e da sociedade civil, o Observatório da Democracia também produz estudos destinados a contribuir com a qualidade material do direito e do dever de informação. Os conselheiros contam com o suporte de um centro de estudos que subsidia a elaboração de relatórios, a organização de seminários e publicações para diagnósticos e recomendações de soluções práticas.

Ana Costa e Zélia:

Ana Costa e Zélia Duncan: mulheres na Independência Foto: Jorge Bispo | divulgação

Mulheres da independência
Zélia Duncan e Ana Costa vão mostrar as canções do álbum Sete mulheres pela Independência do Brasil, que teve como inspiração o livro Independência do Brasil: as mulheres que estavam lá, assinado por sete pesquisadoras e escritoras, entre as quais, a historiadora e professora da UFMG Heloisa Starling. Cada uma das mulheres do livro – Maria Quitéria, princesa Maria Leopoldina, Urânia Vanério, Maria Felipa de Oliveira, Bárbara de Alencar, Hipólita Jacinta e Ana Lins – ganhou uma música original. O disco e o show são impregnados, diz Zélia Duncan, de “uma emoção de resgate, de corrente feminina, revelando essas mulheres que tiveram a coragem ignorada pela história oficial”.

Recepção nas ondas do rádio
A Rádio UFMG Educativa vai participar da Semana de Calouros com ações diversas:

4 de março – aula inaugural. A programação da manhã (8h às 9h) e a da noite (18h às 19h) vai interagir com os calouros que estarão no auditório antes do início das palestras. A ideia é ‘fazer sala’ para os calouros. Um repórter estará no auditório do CAD1, dando um panorama do que acontece lá.

4 de março – conteúdo para a rádio. A UFMG Educativa colhe gravações em que os calouros falam sobre os livros que estão lendo ou de que mais gostam e ainda podem indicar uma canção para tocar na programação. As gravações vão ao ar ao longo do mês de março. Os repórteres estarão no auditório do CAD1, às 10h e às 20h.

5 de março – cobertura de ação da Prae. Repórteres vão acompanhar o passeio inclusivo Dia a dia na Universidade! e entrar ao vivo no programa Conexões. Saída às 10h, na Praça de Serviços.

8 de março – entrevista com a reitora Sandra Goulart Almeida. Ao vivo, ela dará boas-vindas aos calouros e aos veteranos. Às 15h, no estúdio da emissora, durante o programa Expresso 104,5, a reitora vai conversar com o apresentador Luiz Fernando Freitas.

Conheça detalhes da programação de acolhimento aos novos estudantes em Belo Horizonte e Montes Claros.

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(Itamar Rigueira Jr)