Interseções entre fonema e nota musical ganham espaço em oficina inovadora

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Hani e Loureiro: universos paralelos

Interessados em música, canto e comunicação falada e profissionais das áreas de música, comunicação, linguística, física e engenharia são o público-alvo da oficina Fonema e nota musical: estruturas elementares da fala e da música. Um olhar sobre a música e a fala, a partir dos atributos do som – altura, duração, volume e timbre – buscará introduzir conceitos de estruturas elementares tais como a nota musical e o fonema: a partitura representa a música como uma sequência de notas, assim como o texto representa a fala como uma sequência de fonemas.

Os alunos participarão de aulas teóricas e práticas, elaboradas de forma a consolidar o conhecimento transmitido. As aulas teóricas apresentarão conceitos que serão ilustrados através das aulas práticas. Por outro lado, fenômenos observados nas aulas práticas serão pontos de partida para formulações teóricas.

De acordo com o professor Hani Camille Yehia, que vai ministrar a oficina ao lado do professor Maurício Alves Loureiro, o objetivo é combinar os conceitos simbólicos do fonema e da nota musical com suas respectivas sensações auditivas. “Esse objetivo é atingido através de descrições dos fundamentos teóricos usados na elaboração de textos e partituras e de práticas que incluem demonstrações, exemplos práticos de exercícios e simulações elaboradas em softwares específicos, sempre envolvendo exemplos sonoros executados em equipamento de alta qualidade”, explica.

Semelhanças e diferenças

O professor Hani lembra que fala e música são, ambas, linguagens expressas por meio de fenômenos acústicos caracterizados por intensidade, duração, altura e timbre. Enquanto a fala é uma linguagem verbal, a música é uma linguagem não verbal. “Naturalmente, fala e música são diferentes, mas a definição dessas diferenças é uma questão que pode ser abordada a partir de diferentes pontos de vista. Ao longo da oficina, espera-se que os alunos sejam capazes de elaborar a resposta de acordo com o contexto em que a questão estiver inserida”, diz.

Hani assinala que a fala também tem “musicalidade”, estudada especificamente pela prosódia, área do estudo da fala que ocupa-se da correta emissão de palavras quanto à posição da sílaba tônica, segundo as normas da língua culta.

Matemática e física

Historicamente, desde os tempos de Pitágoras e Platão, a música foi estudada dentro do universo da matemática. “Todas as escalas de notas musicais possuem fundamentos matemáticos que, se bem compreendidos, permitem a ampliação e o aprofundamento da percepção da beleza existente na composição e apreciação da música”, afirma o professor Hani.

Segundo ele, conceitos análogos podem ser aplicados no caso da fala, ainda que, historicamente, apenas há pouco mais de um século a matemática tenha sido introduzida no estudo da produção e da percepção da fala. “Com relação à física, deve-se lembrar que tanto a fala quanto a música são fenômenos acústicos, cujos fundamentos permitem a compreensão dos processos através dos quais fala e música são produzidas e percebidas.”

Hani ressalta que, ainda que necessários, os conhecimentos de matemática e física requeridos dos participantes da oficina não são avançados.

O professor Hani Camille Yehia é engenheiro eletrônico, mestre em engenharia eletrônica e computação e doutor em engenharia. É coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e do Centro de Estudos da Fala, Acústica, Linguagem e Música (Cefala) da UFMG.

O engenheiro aeronáutico, bacharel, mestre e doutor em música Maurício Alves Loureiro é professor e coordenador do Centro de Estudos do Gesto Musical e Expressão (CEGeME) da UFMG.

Oficina: Fonema e nota musical: estruturas elementares da fala e da música
Vagas: 20
Carga horária: 20 horas/aula
Período: 13 a 16 de fevereiro
Horário: 8h às 12h30
Local de realização: Escola de Arquitetura

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