O Con(fiar) e as religiões de matriz africana no Brasil: luta, resistência e sobrevivência

Ekedji, aquela que cuida

No dia da Consciência Negra o Con(fiar) apresenta a história da Ekedji Soraia, moradora da cidade de Tiradentes, em Minas Gerais. O documentário Ekedji, aquela que cuida nos mostra um pouco das memórias de Soraia Santos e de como se deu o seu encontro com o Candomblé e com a Mãe Celina. Neste curta conhecemos também as funções que ela desempenha dentro do candomblé, de zelar, acompanhar, cuidar do orixá da casa, dos demais orixás, dos filhos e até mesmo dos visitantes. As Ekedjis aprendem os fundamentos para o funcionamento das liturgias, administração e funcionamento da Casa, além das funções sagradas. Elas dedicam seu tempo, amor e trabalho, para manterem o bom andamento dos terreiros.

Soraia é graduanda em teatro pela Universidade Federal de São João del-Rei, natural de São João del-Rei e há aproximadamente sete anos reside em Tiradentes. Ela nos conta suas memórias de infância, dentro do catolicismo, do relacionamento afetuoso e de amor com sua família e especialmente com sua avó, rezadeira de 95 anos e uma liderança em sua comunidade, e do profundo respeito que tem pela sua sabedoria ancestral.

Do encontro que Soraia teve com a Mãe Celina D’Oxum, que faleceu em 23 de novembro de 2022, percebemos a importância que ela teve em sua vida e sentimos o profundo respeito, admiração e amor à sua Yalorixá. O filme é também uma singela homenagem do Campus Cultural à Celina Batalha. Nas palavras de Soraia, pudemos conhecer um pouco mais os fundamentos do Candomblé, uma religião que “prega o amor, a resistência, a conexão com cada detalhe da natureza”.

Ekedji Soraia e Pretinha

21 de março, Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé

O curta-documentário Ekedji, aquela que cuida nos leva a refletir sobre a importância do Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé. As religiões de matriz africana chegaram ao Brasil junto com os povos que foram forçados a sair da África e escravizados pelos colonizadores portugueses. Foram milhões de indivíduos, de diferentes regiões da África, que trouxeram para o Brasil as suas relações com a vida, com a morte, com a natureza, com a oralidade, com a ancestralidade, com Deus, deuses e deusas, com as energias, com a comida e com tantas outras formas de ver, pensar, sentir, falar e agir no mundo.

Assim, o culto aos orixás atravessou o Atlântico e chegou ao Brasil e do encontro cultural entre as matrizes formadoras da sociedade brasileira, surgiram as religiões: candomblé, candomblé de caboclo, umbanda, quimbanda, tambor de mina, jurema, omolocô, umbandomblé, dentre outras. Através da fé os africanos encontraram força para resistir ao sistema escravagista e entre todos os mecanismos de sobrevivência, a religião passada através da oralidade foi crucial para manter vivas as tradições de origem africana.

Adjá

No dia 05 de janeiro de 2023, foi sancionada a Lei 14.519/23, que institui o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, a ser comemorado anualmente no dia 21 de março, data internacionalmente conhecida como o Dia contra Discriminação Racial, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1966. Esta data é um marco necessário para a visibilidade e respeito, para combater o racismo religioso de forma séria e concreta, uma vez que os casos de intolerância, especialmente às religiões de matriz africana, só aumentam no país.
Para ter acesso ao documentário clique aqui e boa sessão!