Pé na estrada com Didico do Rapé

Didico do Rapé

Pé na estrada é o sétimo episódio apresentado pelo projeto de extensão Con(fiar) e conta as muitas histórias de Anísio Ferreira, conhecido como Didico do Rapé, natural da cidade de Dores de Campos, que foi tropeiro em sua juventude. Didico nos relata que começou o tropeirismo aos 12 anos como cozinheiro de tropa, uma criança que, para ajudar a mãe decidiu colocar o pé na estrada.

Os tropeiros de Dores de Campos eram comerciantes e viajavam vendendo mercadorias de fazenda em fazenda, até em povoados de difícil acesso. As tropas que partiam da cidade seguiam para o Sul de Minas, interior de São Paulo e também para cidades em direção à divisa com o Espírito Santo. No início do século XIX se firmaram como grandes fornecedores de material para montaria. Era esse comércio que dominava a economia local. Didico conta que toda semana pelo menos 15 tropas, das mais de cem existentes, deixavam Dores compostas pelo proprietário, um ou dois ajudantes e cerca de dez burros carregando mercadorias. O legado deixado pelos tropeiros é econômico e cultural e a cidade de Dores de Campos tem a economia baseada no couro, na produção de selas e artigos de montaria em geral, muito em função do papel desempenhado pelos tropeiros. 

Em cada parada da longa viagem de nove meses e 12 quilômetros diários, procuravam abrigo e se alimentavam com culinária própria que hoje tem lá um caráter quase gourmet. Didico acompanhava o patrão a pé e abrindo porteira para o burro de guia, enquanto ele ia a cavalo. Era ele o cozinheiro a preparar o café forte que ajudava a iniciar a jornada do dia e o feijão tropeiro nas paradas de descanso e de saciar a fome. Ele nos conta que após seis anos de estrada, decidiu que queria ir pra São Paulo tentar a sorte. No entanto, a experiência e a paixão por viagens o fizeram um cavaleiro do asfalto, virou motorista de uma viação paulistana e em 1967 se tornou caminhoneiro, deixando o mesmo legado aos filhos. 

Tiradentes e o pé na estrada

Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, também passou parte de sua vida na estrada, trabalhando como mascate. Em Minas, os mascates percorriam longas distâncias, como os tropeiros, oferecendo mercadorias como: tecidos, aguardente, sal, secos e molhados. Isso fez com que Tiradentes tivesse contato com uma grande quantidade de pessoas e fosse um importante elo entre pessoas e grupos, levando informações por onde passava.

O ofício de mascate, como o de tropeiro, que nos foi narrado por Didico do Rapé, era duro. O mascate deixava a vila cedo, antes do sol nascer, quase sempre viajava a pé e solitário, levando as mercadorias em lombo de burros. Nas tabernas do caminho eles encontravam cachaça e fumo, e encontravam também toda sorte de gente, de padre a charlatão, fazendeiro a escravo. Como os tropeiros, nas paradas de descanso em um rancho ou em uma clareira, Tiradentes devia buscar a lenha para acender a fogueira e ali cozinhar o feijão que seria comido no jantar. Em volta dessa fogueira também deve ter se reunido com tropeiros para contar causos.

O mascate, como o tropeiro, caminhava cerca de oito horas diárias, algo em torno de três léguas ou 14 quilômetros, dependendo das condições da estrada. Como vendedor ambulante Tiradentes se tornou um profundo conhecedor dos caminhos de Minas e dos anseios de sua gente.

O filme está disponível para visualização em nosso canal no YouTube e você pode acessá-lo clicando aqui. Você também pode ter acesso a todos os outros filmes produzidos pelo Con(fiar) clicando aqui.

Campus Cultural UFMG em Tiradentes seleciona estagiários para Cadastro de Reserva dos setores de Produção e Audiovisual

O Campus Cultural UFMG em Tiradentes torna pública a abertura de processo seletivo simplificado para CADASTRO DE RESERVA de estagiários para as áreas de PRODUÇÃO (destinada a estudantes de graduação ou pós-graduação) e AUDIOVISUAL (destinada a estudantes de graduação).

Produção

O estágio para a PRODUÇÃO DE EVENTOS, é de 30 horas semanais e de forma presencial, por isso, é necessário que o candidato seja morador de Tiradentes ou tenha a possibilidade de deslocamento ou permanência na cidade durante o período de estágio. Poderão se inscrever estudantes de GRADUAÇÃO ou PÓS-GRADUAÇÃO nas áreas de Teatro, Artes Aplicadas, Música ou áreas afins. O valor da bolsa-estágio será de R$ 998,00 (novecentos e noventa e oito reais)caso o estudante selecionado seja de graduação e R$ 1.665,22 (mil seiscentos e sessenta e cinco reais e vinte e dois centavos) caso o estudante selecionado seja de pós-graduação. Além do valor da bolsa, o estagiário fará jus a auxílio-transporte no valor mensal de R$259,00 (duzentos e cinquenta e nove reais)pago juntamente com a bolsa-estágio.

As inscrições serão realizadas entre o dia 21/02/2024 às 23h59min do dia 03/03/2023, mediante envio dos seguintes documentos: Curriculum vitae atualizado (em que conste telefone de contato), comprovante de matrícula (2024/01), histórico acadêmico e carta de apresentação demonstrando o interesse nas atividades que serão desenvolvidas para o e-mail campustiradentes@procult.ufmg.br,  exclusivamente.

Para acessar o edital completo clique aqui: EDITAL PARA PRODUÇÃO

Audiovisual

O estágio para a Assessoria de Comunicação do Campus, na área de AUDIOVISUAL, é de 30 horas semanais e de forma presencial, por isso, é necessário que o candidato seja morador de Tiradentes ou tenha a possibilidade de deslocamento ou permanência na cidade durante o período de estágio. Poderão se inscrever estudantes de GRADUAÇÃO nas áreas de Comunicação Social, Cinema de Animação e Artes Digitais ou áreas afins. O valor da bolsa-estágio será de R$ 998,00 (novecentos e noventa e oito reais)e além do valor da bolsa, o estagiário fará jus a auxílio-transporte no valor mensal de R$259,00 (duzentos e cinquenta e nove reais)pago juntamente com a bolsa-estágio.

As inscrições serão realizadas entre o dia 21/02/2024 às 23h59min do dia 03/03/2023, mediante envio dos seguintes documentos: Curriculum vitae atualizado (em que conste telefone de contato), comprovante de matrícula (2024/01), histórico acadêmico, carta de apresentação demonstrando o interesse nas atividades que serão desenvolvidas e portfólio com projetos já desenvolvidos nas áreas de edição de imagens e vídeos (em que conste links de acesso aos vídeos produzidos pelo candidato) para o e-mail campustiradentes@procult.ufmg.br exclusivamente.

Para acessar o edital completo clique aqui: EDITAL PARA AUDIOVISUAL

Resultado Final

Outras informações a respeito destes processos seletivos poderão ser obtidas no endereço eletrônico campustiradentes@procult.ufmg.br.

A arte da selaria no município de Dores de Campos

Entre rédeas e raízes, a arte da selaria, é o sexto episódio da segunda temporada do Con(fiar), projeto de extensão do Campus Cultural UFMG em Tiradentes, e conta a história de Ary Rodrigues de Melo, de Dores de Campos, município localizado na região do Campo das Vertentes, em Minas Gerais.

Ary é seleiro há quase 50 anos e nos conta um pouco de suas memórias de infância, em que brincava na grande figueira que existia na cidade junto às outras crianças. Ele iniciou ainda jovem o trabalho na selaria com seu pai Lindolfo Rodrigues, com quem aprendeu o ofício. Na entrevista realizada com “Seu Ary”, percebemos o amor, a ternura e o carinho expressos pelo pai e o orgulho pelo ofício da família. 

Sovela

Aos quinze anos aprendeu a fazer sela, começou com o silhão e depois sela do tipo serigote. Conhece e executa todo o processo artesanal de confecção de uma sela, desde a escolha do couro, o corte preciso com as tesouras, o grude para colar as peças até o bordado. Atualmente se utiliza também dos avanços tecnológicos, que chegaram aos poucos às selarias de Dores de Campos, para continuar a produção. 

Como o pai, acabou tornando-se mestre em seu ofício e transmite o conhecimento adquirido ao longo da sua jornada profissional, fato que acha importante pelo aspecto social de proporcionar trabalho e perspectiva de futuro aos jovens. Ary ama seu ofício e entende que o crescimento e as possibilidades na vida de alguém surgem pelo trabalho. 

Dores de Campos

Por volta do ano de 1830, a cidade de Dores de Campos, segundo a história oral, era um povoado que não tinha muitas casas, onde predominava a agricultura de produção alimentos necessária para a subsistência dos moradores. O povoado foi crescendo e a pequena população começou a ter necessidades que as atividades agrícolas não supriam. Dessa forma foi introduzida a atividade de seleiro no povoado, e com o tempo surgiu a necessidade de se comercializarem os produtos manufaturados pelos seleiros, sendo introduzida no povoado a categoria dos tropeiros.

Dores de Campos possui um número significativo de selarias, muitas sem registro ou estrutura para o trabalho, são chamadas “selarias de fundo de horta”, como o Sr. Ary menciona. É nesse local e momento que o ofício de seleiro é transmitido entre as gerações, no momento em que o filho está brincando e o pai trabalhando cria-se um vínculo e assim, instintivamente, o mesmo já está inserido no ofício.

O filme está disponível para visualização em nosso canal no YouTube e você pode acessá-lo clicando aqui. Você também pode ter acesso a todos os outros filmes produzidos pelo Con(fiar) clicando aqui.