SAL celebra 10 anos com banquete de ideias em Tiradentes

De 1º a 3 de outubro, o Centro de Estudos e Biblioteca do Campus Cultural UFMG em Tiradentes recebe a celebração de uma década do Grupo de Pesquisa SAL – Sobre Alimentos e Literaturas. Criado para explorar as conexões entre comida, memória e palavra, o SAL completa dez anos reunindo pesquisadores, escritores, cozinheiros e curiosos em um encontro que promete ser, como eles definem, um verdadeiro “banquete de ideias”.

A programação é ampla e saborosa: conferências, mesas de debate, oficina de cozinha, mostra de mini-documentários e exposições que passeiam entre literatura, história e práticas culinárias. A abertura, no dia 1º de outubro, traz a conferência da pesquisadora e cozinheira Neide Rigo, com o tema Cultivar e cozinhar: por uma comida em comum. O dia segue com a mesa “A memória do sabor (no quintal)”, que discute enredos e experiências gastronômicas, além da exibição da mostra Verbetes da cozinha.

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Na quinta-feira, 2 de outubro, o público poderá participar da oficina de PANCs (plantas alimentícias não convencionais) ministrada por Neide Rigo e assistir a mesas que aproximam cinema, literatura e alimentação, abordando de Crimes do futuro a Clarice Lispector. Já a sexta-feira, 3 de outubro, encerra o encontro com debates sobre desejo e consumo – da farinha ao “gastro-brutalismo” – e relatos de experiências do CineSAL e do clube de leitura Comer Palavra, culminando em um jantar de confraternização.

As atividades incluem ainda a exposição “Os Lambes Saleiros”, que espalha pelas paredes a memória visual do grupo, e “Quintais: arqueologia e história”, uma imersão nas relações entre comida, tempo e território. Com mesas, sabores e palavras, o SAL convida todos a partilhar dessa trajetória que, há dez anos, transforma a pesquisa acadêmica em experiência sensorial. Acompanhe a programação completa e venha se sentar à mesa: ela já está posta.


Programação Completa

Local: Centro de Estudos e Biblioteca – Rua Padre Toledo, 158, Centro. Tiradentes/MG

1º de outubro (quarta-feira)

  • 14h – Abertura: Uma saca de memórias do SAL

  • 15h – Conferência inaugural: Cultivar e cozinhar: por uma comida em comumNeide Rigo

  • 16h30 – Cafezinho e abertura da exposição Os Lambes Saleiros

  • 17h – Mesa 1: A memória do sabor (no quintal)

    • Narrativas de cabidelas: enredos, memórias e experiências – José Newton Meneses (UFMG)

    • Cozinha viva na casa da menina morta – Luiz Eduardo Andrade (UFAL)

  • 18h45 – Mostra de mini-documentários: Verbetes da cozinha

2 de outubro (quinta-feira)

  • 10h – Oficina de cozinha: PANC na cidade, PANC em nossas mesasNeide Rigo

  • 14h30 – Mesa 2: Ver/ler o grão do sal

    • A distopia dos comedores de plástico em “Crimes do futuro” (2022) de D. Cronenberg – Teodoro Rennó Assunção (UFMG)

    • Comida de alma: a expressão proustiana de Nina Horta – Júlia Rodarte (UFMG)

  • 16h15 – Cafezinho e conversa

  • 17h – Mesa 3: Conversa (com tapioca) sobre literatura e comida

    • Na mesa de Clarice Lispector: fome e banquete – Susana Souto (UFAL)

    • “A Marvada Carne”: o caipira em busca da satisfação e o amor – Tânia Biazioli (USP)

    • A mesa como uma extensão da comunidade: comendo junto com Lilia Guerra – Gabriela Hollanda (UFMG)

3 de outubro (sexta-feira)

  • 14h – Mesa 4: Ao pé do pilão

    • Farinha do desejo, farinha do desprezo – Sabrina Sedlmayer (UFMG)

    • Gastro-brutalismo e sarco-ficção: consumo de carne em Rubem Fonseca e Raphael Montes – Rafael Climent-Espino (Baylor University/USA)

  • 15h45 – Cafezinho e abertura da exposição Quintais: arqueologia e história

  • 17h – Mesa 5: Comer com os olhos e comer palavra

    • Relatos de experiências do CineSAL – Luiz Eduardo Andrade (UFAL)

    • Clube de Leitura Comer Palavra – Renata do Amaral (jornalista e pesquisadora, membra do SAL)

  • 19h – Jantar de encerramento

Exposição Tiradentes Passado Presente é premiada em fórum nacional de museus universitários

A exposição de longa duração Tiradentes Passado Presente, desenvolvida no Museu Casa Padre Toledo que integra o Campus Cultural UFMG em Tiradentes, vinculado à Pró-reitoria de Cultura da UFMG, conquistou destaque nacional ao receber premiação no 8º Fórum Permanente de Museus Universitários (8FPMU), realizado entre os dias 25 e 29 de agosto de 2025 na Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza.

Com o tema “Coleções, Museus Universitários e Sociedade: Elos entre Ciência, Cultura e Comunidade”, o encontro reuniu profissionais, professores, estudantes e pesquisadores de todo o país para refletir sobre o papel dos museus universitários como espaços de memória, ciência e cidadania. A programação incluiu conferências, apresentações orais, sessões de pôsteres, painéis, visitas técnicas e debates que fortaleceram a troca de experiências e a cooperação entre instituições.

Foto: Luísa Meinberg

Foto: Luísa Meinberg

No contexto das apresentações de trabalhos, a proposta do Museu Casa Padre Toledo se destacou ao compartilhar o processo de concepção e montagem da nova exposição, inaugurada em julho deste ano. O projeto foi reconhecido por sua abordagem crítica e documental da história de Tiradentes, articulando três grandes dimensões: a memória da Conjuração Mineira e a figura de Padre Toledo; as histórias locais, do passado ao presente, incluindo saberes e práticas das comunidades afrodescendentes; e a consolidação da ideia de patrimônio cultural no Brasil, marcada pela atuação de Rodrigo Mello Franco de Andrade e pelo tombamento da cidade em 1938.

A curadoria, formada por Fabrício Fernandino, Patricia Franca-Huchet, Fernando Mencarelli, Diná Marques Pereira e Lorena Mello, estruturou um percurso expográfico em eixos entrelaçados por histórias vivas, valorizando tanto a arquitetura colonial da casa do século XVIII quanto os modos de vida, religiosidades, resistências e memórias do povo tiradentino.

Foto: Luísa Meinberg

Foto: Luísa Meinberg

O reconhecimento no Fórum reforça o caráter inovador da proposta, que alia pesquisa acadêmica, diálogo comunitário e práticas museológicas decoloniais. Mais do que um espaço de contemplação, o museu se afirma como lugar de cultura e lugar de memória, onde a cidade e sua população podem se reconhecer e participar ativamente da construção das narrativas expostas.

O trabalho apresentado destacou ainda os desafios e conquistas do processo: a renovação expográfica, iniciada em 2024, foi marcada por ampla participação de pesquisadores e da comunidade local, incorporando o conceito de “museu em movimento”. Essa dinâmica permitiu que, mesmo durante as obras, a população tivesse acesso gratuito ao espaço, acompanhando e se apropriando do processo de transformação do museu.

O prêmio recebido no 8FPMU é, portanto, um reconhecimento nacional não apenas ao projeto expográfico, mas também ao compromisso do Campus Cultural UFMG em Tiradentes e da Pró-Reitoria de Cultura da UFMG em promover práticas museológicas inclusivas, críticas e socialmente engajadas.

Por: Jardel Santos