Entre rédeas e raízes, a arte da selaria, é o sexto episódio da segunda temporada do Con(fiar), projeto de extensão do Campus Cultural UFMG em Tiradentes, e conta a história de Ary Rodrigues de Melo, de Dores de Campos, município localizado na região do Campo das Vertentes, em Minas Gerais.
Ary é seleiro há quase 50 anos e nos conta um pouco de suas memórias de infância, em que brincava na grande figueira que existia na cidade junto às outras crianças. Ele iniciou ainda jovem o trabalho na selaria com seu pai Lindolfo Rodrigues, com quem aprendeu o ofício. Na entrevista realizada com “Seu Ary”, percebemos o amor, a ternura e o carinho expressos pelo pai e o orgulho pelo ofício da família.

Sovela
Aos quinze anos aprendeu a fazer sela, começou com o silhão e depois sela do tipo serigote. Conhece e executa todo o processo artesanal de confecção de uma sela, desde a escolha do couro, o corte preciso com as tesouras, o grude para colar as peças até o bordado. Atualmente se utiliza também dos avanços tecnológicos, que chegaram aos poucos às selarias de Dores de Campos, para continuar a produção.
Como o pai, acabou tornando-se mestre em seu ofício e transmite o conhecimento adquirido ao longo da sua jornada profissional, fato que acha importante pelo aspecto social de proporcionar trabalho e perspectiva de futuro aos jovens. Ary ama seu ofício e entende que o crescimento e as possibilidades na vida de alguém surgem pelo trabalho.
Dores de Campos
Por volta do ano de 1830, a cidade de Dores de Campos, segundo a história oral, era um povoado que não tinha muitas casas, onde predominava a agricultura de produção alimentos necessária para a subsistência dos moradores. O povoado foi crescendo e a pequena população começou a ter necessidades que as atividades agrícolas não supriam. Dessa forma foi introduzida a atividade de seleiro no povoado, e com o tempo surgiu a necessidade de se comercializarem os produtos manufaturados pelos seleiros, sendo introduzida no povoado a categoria dos tropeiros.
Dores de Campos possui um número significativo de selarias, muitas sem registro ou estrutura para o trabalho, são chamadas “selarias de fundo de horta”, como o Sr. Ary menciona. É nesse local e momento que o ofício de seleiro é transmitido entre as gerações, no momento em que o filho está brincando e o pai trabalhando cria-se um vínculo e assim, instintivamente, o mesmo já está inserido no ofício.
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Mãe Preta carrega as suas origens em seu Ori, e nele estão as suas raízes visíveis e invisíveis. Em seu Ori estão presentes também os genes da resistência e onde o tempo da ancestralidade sedimentou a sabedoria. Seu Ori a orienta e se eleva, porque leva um passado que não passa. Ali nasceram linhas do tempo, fios que se trançam com histórias e memórias contadas neste documentário.
O Campus Cultural UFMG em Tiradentes e a Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade apresentam a Exposição “Con(fiar) – Cultura e Patrimônio no Campo das Vertentes”, que teve sua abertura no dia 21 de dezembro no Quatro Cantos Espaço Cultural.

Professores da Escola de Belas Artes da UFMG mostram suas obras na exposição ‘Da casa à paisagem’, no Quatro Cantos Espaço Cultural, espaço do Campus Cultural UFMG em Tiradentes de 16 de novembro até o dia 17 de dezembro. Participam da exposição Andrea Lanna, Daisy Turrer, Elisa Campos, Fernanda Goulart, Liliza Mendes, Roberto Bethônico e Rodrigo Borges, com obras em diferentes materiais e propostas artísticas. A exposição é realizada em parceria com o Festival Artes Vertentes e a entrada é gratuita.