Duas mulheres e o amor pelo seu ofício: a escultura em madeira

No Dia Internacional das Mulheres, encerramos a temporada de 2023 do projeto de extensão Con(fiar) com o documentário Entre nós, que nos apresenta duas mulheres de Prados-MG, Vicentina Julião e Juliana Julião, mãe e filha. A história das duas e da família Julião, dentro do artesanato e da arte popular, começa com o pai de Vicentina que fazia cabeças de arreio para selas de cavalo em madeira. Foi então que Itamar Julião (1959-2004), irmão de Vicentina, reinventou o saber familiar desenvolvendo a sua própria expressão artística. 

Vicentina Julião e Juliana Julião

Um dia, capinando a horta de couve, Francisca, mãe de Itamar e Vicentina, encontrou um galho de limeira que naturalmente formava uma cruz e entregou para Itamar. No galho Itamar esculpiu a imagem de Jesus crucificado, iniciando ali o legado da família com a escultura em madeira. A inspiração surgia num simples galho ou chegava juntamente com o circo e leões e outros. Itamar ensinou a arte da escultura a todos os irmãos.

Vicentina Julião trabalhou na roça desde muito nova, ajudando o pai. Plantava milho, feijão, batata e ajudava ele desde arar a terra até colher. Ao se casar, ajudou seu marido na roça por um tempo ainda, até aprender a esculpir com seu irmão Itamar e trabalhar apenas com o artesanato, o que faz há aproximadamente 30 anos. Aprimorou a técnica e desenvolveu sua própria linguagem artística. Suas obras são marcantes pelas formas e temas retratados como as árvores da vida, repletas de pássaros, macacos, flores e frutos. 

Entre madeiras, leões, pássaros e pessoas de várias partes do mundo, Juliana teve uma infância rica e desenvolveu também suas habilidades. Juliana aprendeu a esculpir com sua mãe, que incentiva sua arte. A natureza e os animais são a grande inspiração. Juliana adora dar vida à madeira , transformá-la e assim sente-se feliz, por revelar em cada peça uma parte de sua história. Trabalha com delicadeza, mas também com intensidade, deixando assim sua marca na arte popular do Brasil. Juliana costuma brincar com seus filhos dizendo que ao invés de sangue nas veias, a família Julião tem serragem. Para ela o trabalho com a escultura é uma paixão, uma loucura que faz com perfeição e carinho, não se importando com o tempo que levará para fazer uma peça.

Vicentina e Juliana

Ao evidenciar a história e o trabalho artístico de duas mulheres, Vicentina e Juliana, no Dia Internacional das Mulheres, temos a intenção de contribuir para o reconhecimento destas mestras da escultura em madeira que vivem em uma sociedade patriarcal que enaltece a arte masculina. São mulheres que enfrentam o etarismo, o machismo, o preconceito e a desigualdade de gênero nas artes, exercendo o ofício da escultura com paixão e perfeição. O Con(fiar) encerra este ciclo de lindas histórias de vida e se prepara para iniciar outro. O fio da confiança nos ajudou a tecer laços com pessoas que perpetuam ofícios e saberes no Campo das Vertentes, onde encontramos aconchego e afeto servidos com uma boa prosa, histórias, confidências e conversa fiada. Nosso desejo é contribuir com a valorização da multiplicidade de saberes que marcam a região.  

O filme Entre nós está disponível para visualização em nosso canal no YouTube e você pode acessá-lo clicando aqui. Você também pode ter acesso a todos os outros filmes produzidos pelo Con(fiar) clicando aqui.

Campus Cultural UFMG em Tiradentes seleciona estagiários para Cadastro de Reserva dos setores de Produção e Audiovisual

O Campus Cultural UFMG em Tiradentes torna pública a abertura de processo seletivo simplificado para CADASTRO DE RESERVA de estagiários para as áreas de PRODUÇÃO (destinada a estudantes de graduação ou pós-graduação) e AUDIOVISUAL (destinada a estudantes de graduação).

Produção

O estágio para a PRODUÇÃO DE EVENTOS, é de 30 horas semanais e de forma presencial, por isso, é necessário que o candidato seja morador de Tiradentes ou tenha a possibilidade de deslocamento ou permanência na cidade durante o período de estágio. Poderão se inscrever estudantes de GRADUAÇÃO ou PÓS-GRADUAÇÃO nas áreas de Teatro, Artes Aplicadas, Música ou áreas afins. O valor da bolsa-estágio será de R$ 998,00 (novecentos e noventa e oito reais)caso o estudante selecionado seja de graduação e R$ 1.665,22 (mil seiscentos e sessenta e cinco reais e vinte e dois centavos) caso o estudante selecionado seja de pós-graduação. Além do valor da bolsa, o estagiário fará jus a auxílio-transporte no valor mensal de R$259,00 (duzentos e cinquenta e nove reais)pago juntamente com a bolsa-estágio.

As inscrições serão realizadas entre o dia 21/02/2024 às 23h59min do dia 03/03/2023, mediante envio dos seguintes documentos: Curriculum vitae atualizado (em que conste telefone de contato), comprovante de matrícula (2024/01), histórico acadêmico e carta de apresentação demonstrando o interesse nas atividades que serão desenvolvidas para o e-mail campustiradentes@procult.ufmg.br,  exclusivamente.

Para acessar o edital completo clique aqui: EDITAL PARA PRODUÇÃO

Audiovisual

O estágio para a Assessoria de Comunicação do Campus, na área de AUDIOVISUAL, é de 30 horas semanais e de forma presencial, por isso, é necessário que o candidato seja morador de Tiradentes ou tenha a possibilidade de deslocamento ou permanência na cidade durante o período de estágio. Poderão se inscrever estudantes de GRADUAÇÃO nas áreas de Comunicação Social, Cinema de Animação e Artes Digitais ou áreas afins. O valor da bolsa-estágio será de R$ 998,00 (novecentos e noventa e oito reais)e além do valor da bolsa, o estagiário fará jus a auxílio-transporte no valor mensal de R$259,00 (duzentos e cinquenta e nove reais)pago juntamente com a bolsa-estágio.

As inscrições serão realizadas entre o dia 21/02/2024 às 23h59min do dia 03/03/2023, mediante envio dos seguintes documentos: Curriculum vitae atualizado (em que conste telefone de contato), comprovante de matrícula (2024/01), histórico acadêmico, carta de apresentação demonstrando o interesse nas atividades que serão desenvolvidas e portfólio com projetos já desenvolvidos nas áreas de edição de imagens e vídeos (em que conste links de acesso aos vídeos produzidos pelo candidato) para o e-mail campustiradentes@procult.ufmg.br exclusivamente.

Para acessar o edital completo clique aqui: EDITAL PARA AUDIOVISUAL

Resultado Final

Outras informações a respeito destes processos seletivos poderão ser obtidas no endereço eletrônico campustiradentes@procult.ufmg.br.

A Força dos Orixás

Força dos Orixás é o quinto episódio da edição de 2023 do projeto “Con(fiar)”, e conta a história de Maria do Rosário Neves, mais conhecida como Dona Preta. Mãe Preta nasceu na cidade de Formiga, Minas Gerais, em 4 de abril de 1939. Sua mãe era de Caburu, como era conhecido o distrito de São Gonçalo do Amarante, pertencente à São João del-Rei. Hoje viúva e aposentada como empregada doméstica, Dona Preta veio morar em São João del-Rei aos 16 anos e reside atualmente no bairro Araçá.

Dona Preta. Foto: João Eugênio Paiva

Dona Preta nos confidencia que a sua vidência teve início aos 10 anos de idade, mas ela só foi compreender a sua missão depois de casada, em seu encontro com Maria Margarida Geraldo e a Umbanda. Para Dona Preta, Maria Margarida foi uma pessoa meiga, de palavra amiga na hora que ela mais precisava. Filha de Xangô, a força dos Orixás também a conduziu ao encontro com o Candomblé e com seu Babalorixá Edmar, com quem tem grandes momentos de aprendizado. A Yalorixá Mãe Preta carrega também a missão de ser benzedeira. Ao seu redor as pessoas cantam, dançam, amam, festejam, rezam, cultuam os orixás, constroem laços de identidade e redes de proteção social.

Mãe Preta carrega as suas origens em seu Ori, e nele estão as suas raízes visíveis e invisíveis. Em seu Ori estão presentes também os genes da resistência e onde o tempo da ancestralidade sedimentou a sabedoria. Seu Ori a orienta e se eleva, porque leva um passado que não passa. Ali nasceram linhas do tempo, fios que se trançam com histórias e memórias contadas neste documentário.

*Ori: numa tradução resumida, significa cabeça em iorubá

As tradições enraizadas das religiões de matriz africana

A “Força dos Orixás” dá continuidade ao projeto Con(fiar) em janeiro, o primeiro mês de um novo ano, onde tudo é recomeço. Nossos desejos são de que os planos e sonhos se tornem reais, que tenhamos dias melhores. Trazemos no coração a esperança de sentimentos mais puros. É um tempo novo pra se viver e rever o que precisa ser melhorado dentro e fora de nós.

Ainda que religiões de origem africana, como o Candomblé e a Umbanda no Brasil, enfrentem o racismo religioso e a demonização pública, muitas das tradições relacionadas à virada do ano estão imersas na ancestralidade da comunidade negra, com origem nas religiões de matriz africana. Todos os anos rituais são repetidos por pessoas da religião e pela população em geral, que muitas vezes desconhecem o significado dessas práticas.

O tradicional uso das roupas brancas na virada do ano, que não é comum em outros países, surgiu com as pessoas das religiões Umbanda e Candomblé, ao fazerem cerimônias em homenagem à Iemanjá – conhecida como Rainha do Mar – na virada do ano, no litoral. Também é comum ver, ao longo da praia, pessoas pulando as sete ondas. Rito, comum principalmente na Umbanda, que consiste em fazer um pedido ou agradecimento a cada pulo, tanto sobre o ano que passou, quanto para o ano que está começando. A utilização dos balaios para presentear as Yabás com flores, ou a entrega das flores diretamente nas águas, é muito comum na virada do ano.

No Brasil podemos afirmar que existe a intolerância religiosa de pessoas que vestem branco no Réveillon, e que um dia foram crianças que buscavam doces na festa de Cosme e Damião, mas que durante o ano atacam as religiões de matriz africana. O que se ataca é precisamente a origem negra e africana destas religiões, numa estratégia racista de demonizá-las, fazendo com que elas apareçam como o grande inimigo a ser combatido. São pensamentos e práticas racistas que denominamos de racismo religioso.

Desejamos que o documentário “Força dos Orixás” contribua para dar a visibilidade e respeito, e para combater o racismo religioso. Todos têm o direito de praticar sua fé com liberdade. Clique aqui, para ter acesso ao documentário e boa sessão!

Convocatória para seleção de trabalhos no Festival de Fotografia de Tiradentes

O Campus Cultural UFMG em Tiradentes (PROCULT – UFMG), a Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade e o N’Foto – Núcleo de Pesquisa em Fotografia (EBA – UFMG) tornam pública a chamada para seleção de trabalhos que comporão uma projeção noturna a ser exibida no Festival de Fotografia de Tiradentes, em março de 2024.

A mostra tem como objetivo trazer a público a produção em fotografia desenvolvida no âmbito da UFMG, nas disciplinas de graduação e de pós-graduação, bem como em projetos de pesquisa e de extensão. Poderão participar estudantes (ou recém egressos), professores e técnicos-administrativos da UFMG cujos trabalhos inscritos tenham sido desenvolvidos em atividades de ensino, pesquisa e/ou extensão da UFMG.

As inscrições poderão ser feitas do dia 14 de dezembro de 2023 até às 23:59 do dia 1° de fevereiro de 2024.

Para informações completas clique aqui, na chamada de seleção.

Grupo GRASSAR expõe no Quatro Cantos Espaço Cultural

Professores da Escola de Belas Artes da UFMG mostram suas obras na exposição ‘Da casa à paisagem’, no Quatro Cantos Espaço Cultural, espaço do Campus Cultural UFMG em Tiradentes de 16 de novembro até o dia 17 de dezembro. Participam da exposição Andrea Lanna, Daisy Turrer, Elisa Campos, Fernanda Goulart, Liliza Mendes, Roberto Bethônico e Rodrigo Borges, com obras em diferentes materiais e propostas artísticas. A exposição é realizada em parceria com o Festival Artes Vertentes e a entrada é gratuita.

Norteada por instâncias experimentais da arte, esta mostra propõe dinâmicas de intercâmbio e exercícios de pesquisa que atravessam diversas modalidades do conhecimento artístico, sempre abertos às espacialidades e temporalidades do mundo. Tais exercícios conduzem os processos criativos dos artistas, materializando desdobramentos em cada exposição que realizam.

A metodologia do grupo Grassar | ações continuadas em arte é mobilizada por um interesse comum: as experiências espaciais que o encontro entre as obras pode gerar. Na presente exposição, o grupo experimenta a espacialidade doméstica, propondo ampliá-la a partir das relações entre a casa e a paisagem, ou o que, imaginariamente, elas contêm e emanam. A exposição Da casa à paisagem constitui-se como ambiente de interações processuais, a partir de trabalhos que grassam entre si, mas também com a cidade, suas pessoas, arquiteturas, jardins, quintais, montanhas e as diversas subjetividades que os habitam.

Serviço

Exposição “Da casa à paisagem”, do Grupo GRASSAR
Data: de 16/11 a 17/12 | Horário: terça a domingo, de 9h às 21h
Local: Quatro Cantos Espaço Cultural – Rua Direita, 5, Tiradentes
Entrada gratuita e aberta ao público

Mais informações: (31) 98378 0157