Debates sobre desafios da extensão na EaD encerraram II Conexed

A discussão sobre os desafios ligados à extensão na educação a distância foram a tônica do segundo dia do Conexed. Na mesa-redonda “Institucionalização da EaD como elemento para Promoção da Indissociabilidade”, que abriu a programação, os participantes debateram como o atual modelo de financiamento dos cursos na modalidade dificulta a consolidação de ações de extensão.

Para Nara Pimentel, coordenadora-geral de Expansão e Gestão das Instituições Federais de Ensino da Secretaria de Educação Superior do MEC, a forma de fomento às formações a distância, que se dá por meio de editais e não por repasses regulares, prejudica o desenvolvimento de projetos e de programas de extensão mais estáveis e com duração maior. A professora pondera também que o uso de recursos tecnológicos, algo típico do ensino a distância e que poderia ampliar o alcance das iniciativas de extensão, ainda é pouco difundido. “Ainda somos muito conservadores, principalmente no uso das tecnologias”.

A necessidade de financiamento regular e o fim das distinções entre os ensinos presencial e a distância foram os principais pontos defendidos pelo professor Eucidio Arruda, diretor da Diretoria de Inovação Metodológica (GIZ UFMG) e coordenador da UAB na Universidade. “Quando o aluno do ensino a distância passa a ser igual ao aluno da educação presencial, isso quer dizer que ele tem direito às bolsas de extensão, pesquisa, intercâmbio.”

Vivências

Na segunda mesa-redonda do dia, os bolsistas da graduação Rodrigo Lima e Joana Ferreira contaram sobre a experiência de fazer parte do programa de extensão “Aproxime-se”. O grupo falou da importância de serem uma equipe diversa: entre os sete alunos estão alunos dos polos de EaD e dos campi Pampulha e Saúde, estudantes de cursos de licenciatura, medicina, engenharia e ciências humanas que realizavam conferências através do Caed Virtual.

Os bolsistas identificaram a necessidade da discussão dos temas da identidade de gênero e sexualidade e racismo. Após a análise de artigos, documentários e filmes, o grupo organizou um relatório que deu origem à mesa “Direito, diversidade e igualdade”, apresentada nos eventos do Aproxime-se que aconteceram nos polos de Conselheiro Lafaiete, Formiga e Corinto em 2017.

Questões abertas

No encerramento do colóquio, foi exibido documentário sobre o programa de extensão “Aproxime-se” e, em seguida, o coordenador de Extensão do Caed, professor Evandro Lemos, e o diretor de EaD da UFMG, Wagner Corradi, problematizaram o futuro das iniciativas extensionistas, levantando questões como a importância de se compartilhar o conhecimento de ponta produzido na Universidade por meio dessas ações e os limites da responsabilidade social da Universidade, que não deve substituir a atuação do poder público, como muitos ainda acreditam.

Para o coordenador, a extensão não é apenas uma das dimensões do ensino superior a distância, mas também uma das propulsoras do seu desenvolvimento. “É muito importante os projetos disponibilizarem os resultados e aplicações das pesquisas acadêmicas porque eles podem mudar profundamente a realidade daquelas pessoas, e isso é um crescimento não só para a Universidade, mas para todos.”

Apesar de muitas das perguntas colocadas pelo Conexed não terem respostas prontas, a oportunidade de debatê-las já é um ganho, na opinião de Iasmin Rabelo, estudante do décimo período de Ciências Biológicas da UFMG presente do evento. Aluna do curso presencial e integrante de projeto de extensão sobre ensino de morfologia, ela diz se ressentir da ausência de discussões sobre extensão. “Senti falta dos alunos do presencial aqui. Esse debate [ sobre extensão e EaD ] foi muito negligenciado durante a minha formação e eu gostaria de ter feito disciplinas a distância e que debatessem esses temas.”

Foto: Carolina Vilhena/Caed UFMG