ALMG volta a debater os impactos da Stock na UFMG em audiência nesta terça-feira

Fachada do Biotério Central, uma das estruturas da UFMG mais ameaçadas pelos impactos da Stock Car. Foto: Raphaella Dias | UFMG

Depois da visita ao Biotério Central da UFMG, no mês passado, que resultou no relatório técnico que traz como principal recomendação a mudança de local de realização da corrida Stock Car, a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) volta a discutir os impactos da prova na UFMG em audiência pública nesta terça-feira, dia 16, às 9h30, no Plenário José Alencar.

A reunião cumpre requerimento da presidenta do colegiado, deputada Beatriz Cerqueira (PT). Segundo ela, um eventual retorno financeiro do evento jamais vai compensar os prejuízos ambientais, sociais e até para o desenvolvimento da ciência e tecnologia na capital mineira.

A audiência tratará dos impactos da Stock Car nas atividades de ensino, pesquisa e extensão da UFMG. Várias de suas unidades estão situadas a algumas dezenas de metros do circuito de rua que está sendo montado para receber a prova. Uma delas é o Biotério Central da UFMG, estratégico para a realização de pesquisas de dezenas de instituições públicas mineiras e de outros cinco estados – nele são produzidos roedores padronizados para pesquisas científicas. O ronco dos motores dos carros da Stock Car, na faixa dos 110 decibéis, pode comprometer a qualidade e até mesmo a sobrevivência das cobaias, bastante sensíveis a ruídos e vibrações.

‘Prejuízos irremediáveis’
As deputadas Beatriz Cerqueira e Bella Gonçalves conheceram in loco as atividades do biotério, no último dia 21. Com base nessa visita, equipe técnica da ALMG produziu um relatório por meio do qual recomenda que a Secretaria de Meio Ambiente de Belo Horizonte se posicione em relação à necessidade de licenciamento ambiental e urbanístico da prova, prevista para ser realizada no período de 15 a 18 agosto. Aprovado na semana passada, o relatório destaca que a licença concedida é referente a um evento. No entanto, a corrida e seus impactos indicam a necessidade de uma licença para empreendimento, que requer análise dos potenciais efeitos permanentes que sua realização, ainda que periódica, poderá causar na região e no município.

“Conseguimos demonstrar, tecnicamente, que os prejuízos que a Stock Car trará à UFMG são irreparáveis, irremediáveis”, afirma Beatriz Cerqueira. “Corremos o risco de ter prejuízos em relação a pesquisas, a vacinas e ao enfrentamento do câncer, por exemplo”, avalia a parlamentar.

O relatório final da comissão também recomenda à Advocacia Geral da União que promova as ações necessárias para a proteção da unidade, com o impedimento da realização da corrida automobilística nas imediações do local. O documento registra que a perturbação ambiental, especialmente a sonora, pode alterar a saúde dos animais a ponto de levá-los à morte. E mesmo aqueles que sobreviverem, com as alterações fisiológicas e o estresse a que forem submetidos, poderão comprometer os resultados dos experimentos. 

Potenciais impactos para a Escola de Veterinária e o Hospital Veterinário da UFMG, para o Centro Esportivo Universitário (CEU) e o Centro de Treinamento Esportivo (CTE), para o Instituto de Ciências Biológicas e para a clínica da Faculdade de Odontologia, que atende pacientes encaminhados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), também são indicados pelo documento.

Presenças
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida tem presença confirmada na audiência, a exemplo de outros gestores da UFMG, como os pró-reitores de Pesquisa, Fernando Reis, e de Administração, Ivan Lopes da Silva, os diretores Gustavo Côrtes, da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, João Batista Novaes Júnior, da Faculdade de Odontologia, e a vice-diretora da Escola de Veterinária, Eliane Gonçalves de Melo.

Também foram convidados – ainda sem confirmação de presença – , o prefeito Fuad Noman Filho, o advogado Sérgio Santos Sette Câmara, CEO Speed Seven, promotora da Stock Car em Belo Horizonte, e os procuradores Jarbas Soares Júnior, do Ministério Público de Minas Gerais, Carlos Henrique Dumont Silva, chefe da Procuradoria da República em Minas Gerais, Patrick Salgado Martins, chefe da Procuradoria Regional da República da 6ª Região, e Carlos Bruno Ferreira da Silva, da Procuradoria da República do 26º Oficio. 

A reunião deverá ser transmitida por meio desta página.

Com ALMG