Papel social da educação a distância é destacado no primeiro dia do colóquio “Desafios do Ensino Superior e EaD”

A educação a distância, seus desafios e potencialidades estão em debate nesta terça e quarta feira, 18 e 19, no colóquio “Desafios da Educação Superior e EaD”, sediado no Auditório da Reitoria, no campus Pampulha.Promovido pelo Ieat (Instituto de Estudos Avançados Interdisciplinares) da UFMG em parceria com o Caed (Centro de Apoio à Educação a Distância) da UFMG, o evento reúne especialistas nacionais e internacionais sobre temas ligados à modalidade, como o uso da tecnologia no processo de ensino, acessibilidade e as normas de regulamentação da EaD no Brasil. Cerca de 200 pessoas compareceram no primeiro dia do colóquio, que também está sendo transmitido ao vivo.

Durante a abertura, o reitor da UFMG, prof. Jaime Ramirez, destacou o papel da educação a distância como meio de possibilitar o acesso ao ensino superior a grupos historicamente excluídos. “Nós temos uma responsabilidade com esse público. Esse é o papel de uma universidade, especialmente de uma universidade pública, que abre suas portas a todos e que compreende a sua relevância social”, defendeu.

Desde a implantação dos cursos a distância, em 2008, a UFMG formou e qualificou cerca 20 mil profissionais: 1000 graduados e 19 mil por capacitações em extensão, aperfeiçoamento e atualização.

O reitor lembrou ainda o processo de institucionalização da EaD na Universidade, desde as primeiras iniciativas, empreendidas pela FaE na década de 1970, até a criação do Caed, em 2003, e citou ações mais recentes, como a regulamentação da oferta de disciplinas a distância nos cursos presenciais, em 2016, que apontam para o seu fortalecimento da modalidade na Universidade.

“Esses 90 anos da UFMG mostraram que sempre estivemos seguros sobre a nossa tradição de valorizar tudo aquilo que qualifica, consolida e melhora a produção cientifica e a transformação social, mas temos também que olhar para o futuro e construir as bases que manterão essa instituição”, projeta.

O evento integra a série “Colóquio Educação Superior”, promovida pelo Ieat, e que incluirá mais outros dois, que debaterão os desafios do ensino superior público e os egressos da UFMG. “É importantíssimo discutirmos educação, especialmente nesse momento tão delicado que enfrentamos”, justificou o diretor do Ieat, professor Estavam Las Casas.

Muitas modalidades, um ensino

As tecnologias de informação e de comunicação, utilizadas de forma intensa pela EaD, têm sido empregadas com mais vez mais frequência pelo ensino presencial nos últimos anos, num movimento de convergência entre as modalidades. Essa tendência tem sido observada também na UFMG, na avaliação do professor Wagner Corradi, diretor de EaD.

“Esse é um sonho meu: que se pare de falar em ensino presencial e a distância e se fale apenas em ensino porque não importa como se faz, mas sim que os interesses sejam os mesmos: ensinar e aprender”, disse, durante a abertura do evento.

A programação da manhã do primeiro dia do colóquio incluiu ainda a palestra “Luzes e Sombras do ensino a distância na era digital”, proferida pela professora Juana Sancho, da Universidade de Barcelona, Espanha.

Na fala, a docente problematizou os preconceitos ligados aos ensinos presencial e a distância, questionando algumas das ideias comuns sobre a EaD, como seus supostos baixos custos e investimento de tempo. “Hoje, não importa como você estudou, mas sim o que você sabe fazer e o que está disposto a aprender, e isso não vem com título acadêmico.”

À tarde, foi abordada a relação entre tecnologia, acessibilidade e EaD, em mesa-redonda da qual participaram Sheilla Brasileiro, da PUC MG e Mára Lúcia Carneiro, da UFRGS, com mediação do prof. Fernando Fidalgo, da FaE/UFMG.

Além das colocações sobre a tecnologia como ferramenta que possibilita o acesso de portadores de necessidades especiais ao ensino, foi ressaltada a importância do preparo dos envolvidos para corresponder às demandas desse público, que chega a 24% da população brasileira, de acordo com o censo do IBGE de 2010.

“A tecnologia pode ser um facilitador na inclusão no ensino superior, mas é preciso ter formação continuada do professor e uma equipe multidisciplinar para atender a diversidade, incluindo intérpretes, fonoaudiólogos e psicólogos ”, colocou Sheilla Brasileiro.

Foto: Foca Lisboa/UFMG