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olhar Diamantina
Clébio Maduro
Fabrício Fernandino
Mário Azevedo
Mário Zavagli
Paulo Baptista
O artista, a cidade e o olhar
O olho vê. A lembrança revê.
Mas é a imaginação que transvê, que transfigura o mundo.
(Manoel de Barros)
Existem várias formas no olhar, bem como várias formas de olhar. O olhar do mundo olha os homens com indiferença enquanto o olhar do artista olha o mundo com paixão. Foi pensando nisso que realizamos a proposta do livro Olhar Diamantina.
O olhar do artista acaba sempre buscando o novo.
É um olhar permeado pela sinestesia, pela fala e pela escuta, pela sensibilidade, pela emoçâo.
Como o artista olha Diamantina? Como Diamantina se revela para o artista? Essas perguntas foram
sendo respondidas e refeitas à medida que Clébio Maduro, Fabrício Fernandino, Mário Azevedo, Mário Zavagli e Paulo Baptista iam experimentando a cidade na sua forma mais completa.
Esses artistas, em algum momento, tiveram a oportunidade de encontrar uma Diamantina que
se oferecia em suas mais diferentes estações. A proposta do livro acabou sintetizando tudo isso,
pois eles tiveram que direcionar seus olhares para a cidade e criar a partir desse olhar. Durante
quinze dias esses pintores, gravadores, fotógrafos, desenhistas e escultores tiveram a possibilidade
de serem muitos em um, de se dedicarem ao exercício do olhar, por meio do programa Artista
em residência.
Diferentes caminhos foram assumidos. E os olhares se dissiparam em diversas interpretações.
Ora Diamantina revelava seu lado marginal, nas gravuras de Maduro, ora descortinava seu interior
nas pinturas de Zavagli. Às vezes, a cidade se tornava infantil e detalhada, como nos desenhos de Azevedo. Noutras ocasiões, era ela quem olhava para seu interlocutor, como nas intervenções ambientais de Fernandino. Por último, Diamantina se revelava pelo seu entorno, na fala nobre e sutil
que vinha das imagens de Baptista.
Todos os olhares acabaram se tornando uma espécie de cúmplices do encantamento — do mesmo encantamento que as pessoas experimentam quando encontram pela primeira vez a cidade. Na verdade, acreditamos que sempre haverá um novo primeiro olhar ao atravessarmos aqueles becos, quando alcançarmos o alto daquelas ladeiras e descobrirmos a luz da Serra do Espinhaço refletindo o sol cortante. Este livro fala de uma Diamantina tocada por olhares sensíveis. Ele é um convite ao deleite, ao olhar distraído que, perplexo, descobre o significado de se elevar.
fabrício fernandino