NATUREZA - ARTE E TECNOLOGIA
JUSTIFICATIVA
Os desafios climáticos e sociais impostos pela relação conflituosa do ser humano com seu meio ambiente também demandam uma resposta das instituições, dos pesquisadores e dos artistas. Se antes as tendências apontadas pela conferência da Unesco em Tbilisi (1977) eram apenas um devir, vivemos hoje as consequências de um agravamento da dissociação do ser com seu sistema expandido de relações. Tal sistema de relações, proposto enquanto parlamento das coisas de Bruno Latour envolve em dar voz a todos os actantes que se relacionam. Artistas/professores precisam orquestrar diferentes ações e propostas que tenham um repertório significativo de experiências estéticas que integrem com o meio ambiente.
Considerando os movimentos de compreensão sistêmica do ecossistema natural e do ecossistema da arte, esta será a oportunidade para que sejam vivenciados experimentos que colaborem com diálogos possíveis entre ser humano e o meio ambiente através da Arte Ambiental e Digital.
Há séculos artistas vêm se inspirando na natureza, usando de elementos do mundo natural de forma criativa e poética. No entanto, recentemente, com a arte contemporânea, tem surgido uma tendência que considera o meio ambiente não somente como inspiração ou temas de representação, mas como influência direta, que passa da esfera da ação para transformação, através de diferentes meios: arte ambiental, arte conceitual, performances, e mais recentemente arte interativa com o uso de tecnologias digitais e analógicas.
Como artistas, professores e pesquisadores na área de Arte Ambiental, o aprofundamento deste tema relacionado às tecnologias digitais abrirão novo campo para o conhecimento de novas ações e das propostas emergentes, o que resultará em grandes benefícios nos processos criativos e de ensino ligados ao Laboratório de Arte Ambiental MHNJB/UFMG e Arte Digital, Ateliê de Escultura/EBA/UFMG e as disciplinas a ele associadas. O impacto esperado é um aprofundamento e geração de novos conhecimentos,uma melhor formação artística associada à ética e ao respeito à vida.
Esse projeto pretende desenvolver processos criativos interativos entre homem e o ambiente mediado pelas tecnologias digitais. O corpo e seus sentidos são uma forma de perceber, sentir e traduzir o universo em que habitamos. A utilização dessas tecnologias digitais como uma extensão dos sentidos busca ampliar a nossa consciência sobre a vida e de como relacionar com seus processos transformadores de maneira mais sensível, poética e criativa.
A ideia é realizar imersões no espaço natural promovendo uma sensibilização para perceber de forma diferenciada essa ambiência. A partir de então estabelecer registros fotográficos, em vídeo, áudio, além de medições digitais tais como presença, temperatura, pulsação, geolocalização, respiração, entre outros, de forma a constituir um acervo de dados para a produção de vídeos arte, vídeos performances, arte interativa computacional, instalações artísticas que inter-relacionam numa íntima relação entre a natureza e os atores envolvidos na pesquisa .
A partir de uma melhor compreensão do ecossistema natural e dos processos criativos da arte ligados à natureza a proposta para a realização de viagens para sítios de preservação natural é uma oportunidade única. Oportunidades para que sejam vivenciados experimentos que corroboram de forma dialógica entre ser humano e seu meio ambiente através da Arte. Oportunidades também para que o meio ambiente seja parte integrante, em um processo de criação compartilhada, com uma forma de experiência em arte contemporânea.
Este é um trabalho coletivo onde toda a ambiência possibilitará um olhar expandido através da arte propiciando uma ação criadora mais poética e sensível. Pretende-se com estas vivências a integração e maior compreensão do homem a seu meio ambiente.
Como resultado da Pesquisa, pretende-se conceituar e avaliar tais vivências, seus resultados práticos e publicar as experiências e resultados adquiridos de maneira a constituir um documento informativo desses novos processos criativos. Outro aspecto importante é o envolvimento de alunos de graduação, licenciatura e pós-graduação, compartilhando e disponibilizando o conhecimento, num processo de aprender fazendo e criar pesquisando.
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