Ornamentos estavam escondidos sob 13 camadas de tinta nas paredes do torreão do prédio do século 18. Restauração foi concluída no início de 2023.
Visitantes do Museu Casa Padre Toledo, em Tiradentes (MG), já podem apreciar as pinturas decorativas que estavam escondidas nas paredes de uma das salas do museu e foram completamente restauradas. O trabalho teve início em janeiro do ano passado e foi finalizado em janeiro deste ano. Agora, um documentário curta-metragem, produzido pela equipe do Campus Cultural UFMG em Tiradentes, traz o registro desse processo e entrevistas que revelam mais detalhes sobre a restauração. O documentário “Paredes do Torreão” foi publicado no canal no Youtube do Campus Cultural UFMG – Tiradentes, nesta quinta-feira, 17 de agosto, dia nacional do Patrimônio Cultural. Participam do vídeo André Andrade, conservador restaurador e coordenador técnico do trabalho de restauração, Verona Segantini, coordenadora do projeto e presidente da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade (FRMFA) e Fernando Mencarelli, pró-reitor de Cultura da UFMG. O vídeo foi publicado no canal no Youtube do Campus Cultural UFMG – Tiradentes, nesta quinta-feira, 17 de agosto, dia nacional do Patrimônio Cultural.
As pinturas foram redescobertas, provavelmente, na década de 1980. Entre 2010 e 2012 foram realizados diagnósticos e estudos mais aprofundados, mas apenas em 2022 foi possível iniciar os trabalhos de restauração, com o aporte de recursos advindos de emenda parlamentar. Uma equipe composta de 11 profissionais, entre restauradores, pesquisadores e técnicos, conduziu o delicado processo, que envolveu a remoção das camadas de repintura, nivelamento e preenchimento de lacunas, trincas e pontos com perda de reboco e, finalmente, a reintegração cromática e a apresentação estética das ornamentações. O processo foi acompanhado por uma comissão que contribuiu com orientações em relação às intervenções e também com as atividades de formação e divulgação que foram desenvolvidas.
A pintura é uma rara referência de ornamentação em edificações civis do período colonial. A autoria das pinturas não está documentada, porém o restaurador André Andrade ressalta que são pinturas sofisticadas e a restauração é uma oportunidade para que pesquisadores possam se aprofundar nos estudos sobre a autoria do trabalho. Andrade explica, no documentário, que as pinturas possuem características de estilo bastante específicas. “A imitação de tecido é particularmente rara em edificações de uso residencial e, geralmente, é encontrada em igrejas “
Na região do barrado havia 13 camadas de tinta sobre a pintura decorativa, resultado das diversas intervenções e usos do casarão ao longo dos últimos dois séculos. As pinturas murais, agora totalmente restauradas, tornam-se mais um bem integrado à edificação e propiciarão ações de pesquisa, formação e comunicação museológica. “É muito importante e muito valiosa a contribuição deste trabalho de restauração porque, ao que tudo indica, nós temos o único exemplar de pinturas parietais que permaneceram no contexto dos bens tombados da cidade de Tiradentes”, afirma o pró-reitor de Cultura, Fernando Mencarelli. “Esse trabalho concilia a missão da universidade de fazer pesquisa e formação por meio dos seus projetos de intervenção, no caso sob as especialidades da Conservação, Restauração e História da Arte”, completa.
O processo de restauração pôde ser acompanhado pelos visitantes e, segundo a professora Verona Segantini, presidente da FRMFA, o Museu foi reaberto após o período de isolamento social, com horários de visitação ampliados, para que pudesse receber público espontâneo e grupos interessados em conhecer os processos de restauração que ocorriam. “Como projeto de extensão, e essa é a parte que considero mais rica e mais importante, nós tivemos uma participação ativa da comunidade ao longo desse processo que se iniciou com a nossa ida às casas dos moradores de Tiradentes, convidando a todos para que estivessem aqui presentes, acompanhando esse ateliê aberto de restauração, que durou quase um ano”, afirma a coordenadora do projeto.
Lançamento celebra o dia do Patrimônio Cultural
A data escolhida para o lançamento do documentário, 17 de agosto, é uma referência ao dia do Patrimônio Cultural no Brasil, uma homenagem ao aniversário de Rodrigo Mello Franco de Andrade. Um dos principais agentes públicos do nosso país, acompanhou de perto, no início da década de 1940, a primeira restauração do casarão e reconhecia o valor histórico e artístico da edificação. “Sem dúvida, seu trabalho à frente da conformação das políticas de patrimônio no Brasil foi inspiração para a criação da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade e para a musealização da Casa que foi residência do inconfidente Padre Carlos Correia de Toledo e Melo, um dos grandes nomes da Inconfidência Mineira”, afirma Verona Segantini, presidente da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade.
O Museu
A antiga Casa do Padre Toledo foi transformada, em 1971, em um museu vinculado à Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade (FRMFA), atualmente fundação de apoio à Cultura da UFMG. Em razão de sua representatividade arquitetônica, histórica e artística, o casarão foi tombado individualmente pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1952. Ele possui um rico conjunto de forros pintados, seu principal destaque. Sua principal missão é a preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural referenciado em suas singularidades arquitetônicas, geradas por diferentes técnicas construtivas tradicionais, como pau-a-pique, adobe e moledo, e seus elementos artísticos integrados, além de ter sido um dos palcos de um dos principais momentos da história de Minas Gerais no século XVIII.
O museu recebe cerca de 30 mil visitantes por ano. O prédio fica na Rua Padre Toledo, 190, em Tiradentes. Mais informações sobre o museu e suas atividades podem ser obtidas pelo telefone (31) 98378 0157, pelo e-mail campustiradentes@procult.ufmg.br, no site e nos perfis do museu e do Campus Cultural UFMG em Tiradentes nas redes sociais.
Serviço
Paredes do Torreão
Documentário, 2023, 15 min.
Roteiro, Direção, Captação e Edição de vídeo: João Pedro Eugênio de Paiva e Ju Castello Branco Fiume Pires
Entrevistados: André Andrade, Fernando Mencarelli e Verona Segantini
Trilha sonora: Classical Baroque Reflective
Gravações: Janeiro 2023 – Tiradentes/MG
Documentário disponível aqui
Museu Casa Padre Toledo
Rua Padre Toledo, 190 – (31) 98408 3279
Horário: Terça a sexta, 9h-17h | Sábado, 10h-19h | Domingo, 9h-17h
educativomcpt@gmail.com
@museupadretoledo