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Mesa Especialistas

Especialistas discutem funcionalidades e fragilidades do Sistema Eletrônico de Informação

O Sistema Eletrônico de Informações (SEI), software adotado pelos órgãos do Poder Executivo como plataforma de gestão de processos e documentos digitais, foi objeto de mesa-redonda no campus Pampulha nesta quinta-feira, 8. A atividade integra a agenda de comemorações dos 90 anos da UFMG.

O 4º Ciclo de Palestras da Diretoria de Arquivos Institucionais (Diarq) da UFMG reuniu o professor Daniel Flores, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o analista em Tecnologia da Informação Marco Aurélio Rodrigues Braga, do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, e o professor Diógenes da Silva Jr., diretor de Tecnologia da Informação da UFMG.

Intitulado O Sistema Eletrônico de Informações (SEI) e a preservação digital: o impacto na administração pública – mudanças e desafios, o debate foi mediado pelo professor Renato Venâncio, diretor de Arquivos Institucionais da UFMG.

Limitações
Ao analisar o atual desenho do SEI, Daniel Flores detectou fragilidades, como a ausência de arquivamento adequado dos arquivos digitais, e ressaltou a necessidade de alterações, de modo que o Sistema considere todos os requisitos da legislação arquivística brasileira. Segundo ele, especialistas do Arquivo Nacional analisaram o SEI e identificaram o atendimento de apenas 30% desses requisitos.

“Este não seria o melhor sistema a ser adotado nacionalmente para a gestão de documentos, mas não tem mais volta. Nossa perspectiva agora é fazê-lo atender aos requisitos do e-Arq Brasil, modelo brasileiro para a gestão eletrônica de documentos, estabelecido em resolução do Conselho Nacional de Arquivos (Conarq)”, afirma Flores, líder de grupos de pesquisa do CNPq que investigam temas como gestão e preservação de documentos digitais.

O professor da UFSM também citou a ausência, no SEI, de um Repositório Arquivístico Digital Confiável (RDC-Arq), modelo internacional definido como ambiente de preservação e acesso, para documentos digitais fora de uso corrente.

Para Flores, o uso do repositório teria impedido as recentes invasões com vírus do tipo ransomware, que capturaram dados digitais em empresas e hospitais da Europa e ameaçaram tribunais de justiça no Brasil. “Esses tribunais tiveram de desligar servidores porque não obedeciam a esse modelo de preservação: seus documentos estavam em um ambiente de gestão, e não em RDC-Arq, que é blindado, seguro”, ressaltou.

Otimista em relação ao futuro do SEI, Daniel Flores considera tecnicamente viável a adoção da chamada interoperabilidade com ambientes de preservação, de forma que o sistema passe a selecionar automaticamente os documentos passíveis de recolhimento e os envie a um RDC-Arq. Um dos softwares livres cotados para uso nesse caso é o Archivemática, mas há outras possibilidades, observou o professor. “O Ministério do Planejamento, o Arquivo Nacional e o Conarq têm grandes especialistas que estão fazendo esses estudos”, disse.

Ajustes
O analista em Tecnologia da Informação Marco Aurélio Rodrigues Braga, do Ministério do Planejamento, órgão que fomenta a disseminação do SEI, explicou que o atendimento aos requisitos arquivísticos é prioritário, tendo levado, inclusive, à criação do Grupo de Trabalho (GT) de Gestão Documental. “Nossa meta é cumprir esses itens da legislação, que já estão mapeados”, afirmou.

Marco Aurélio Braga explicou que o SEI é parte do Processo Eletrônico Nacional (PEN), iniciativa que reúne órgãos e entidades de diversas esferas, para a construção de uma infraestrutura pública de processos administrativos eletrônicos. Também está no horizonte da equipe do Ministério estabelecer um protocolo integrado e facilitar o trâmite de processos digitais entre os órgãos usuários do SEI.

Em sua apresentação, Marco Aurélio Braga enumerou as premissas do PEN, que levaram à escolha do SEI para uso no serviço público, como agilidade, produtividade, redução de custos, transparência ativa e compartilhamento de informações. O analista também citou as evoluções pelas quais vem passando o Sistema, já adotado por 185 instituições públicas do país.

Autenticidade
O técnico do Ministério do Planejamento manifestou a intenção de que as alterações feitas no SEI o transformem em um Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de Documentos (Sigad), que vai muito além do patamar de Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED).

Para Daniel Flores, só como Sigad o SEI cumprirá de fato sua função. “Pela legislação, ele ainda não poderia estar produzindo documentos públicos, porque os bancos de dados são susceptíveis a adulterações”, enfatizou. Flores também explicou a diferença entre documentos autênticos e autenticados e lembrou que “modernizar é trabalhar com documentos natodigitais”, ou seja, nascidos no meio eletrônico e arquivados juntamente com metadados que conferem autenticidade.

 

Preservação de arquivos digitais será tema de palestra no campus Pampulha na próxima semana

O impacto da gestão de processos e documentos eletrônicos na preservação de arquivos digitais será abordada pelo professor Daniel Flores, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no próximo dia 8, às 14h, no auditório 4 da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), campus Pampulha.

Flores participa do 4º Ciclo de Palestras da Diretoria de Arquivos Institucionais (Diarq) da UFMG, em mesa com o analista em Tecnologia da Informação Marco Aurélio Rodrigues Braga, do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, e com o professor Diógenes da Silva Jr., diretor de Tecnologia da Informação da UFMG. O debate será mediado pelo professor Renato Venâncio, diretor da Diarq.

O evento será aberto ao público, sem necessidade de inscrição.

Caminhão Documentos

UFMG elimina documentos de arquivo sem valor permanente

De acordo com a arquivista Júnia Terezinha Morais Ramos, vice-diretora da Diarq, esta foi a primeira eliminação de documentos de arquivo da UFMG e seguiu todos os passos definidos pela Resolução nº 40, do Conselho Nacional de Arquivos (Conarq).
Segundo a Resolução, para que a eliminação seja realizada, é necessário elaborar e enviar, para avaliação do Arquivo Nacional, listagem de todos os documentos a serem descartados. Esse órgão é a autoridade arquivística responsável por autorizar a eliminação na esfera do poder executivo federal.

Após aprovada, a listagem é publicada no Diário Oficial da União, em edital de ciência de eliminação de documentos. Posteriormente, deve ser elaborado termo de eliminação de documentos, cujo objetivo é registrar as informações relacionadas ao ato de eliminação, “devendo ser publicado em boletim interno, no próprio portal ou sítio eletrônico”. Cópia da publicação deve ser enviada ao Arquivo Nacional, para ciência da efetivação da eliminação.

“Qualquer eliminação de documentos de arquivos que não siga tal procedimento é considerada contravenção pela legislação federal”, alerta o diretor da Diarq, professor Renato Pinto Venâncio.

Sem uso
Os documentos eliminados no dia 26 de outubro foram produzidos Departamento de Contabilidade e Finanças (DCF) de 1998 a 2000, pelo Departamento de Logística de Suprimentos e de Serviços (DLO), de 1996 a 2013, e pela Escola de Enfermagem, de 2002 a 2011. Estes últimos eram artigos não aprovados para publicação na Revista Mineira de Enfermagem (Reme), enquanto os outros documentos eram referentes à rotina dos dois departamentos, como requisições e controles de serviços. 

O descarte ocorreu por meio de termo de compromisso, firmado pela Universidade e a Associação dos Trabalhadores em Materiais Recicláveis da Pampulha (Astermap). Acompanhado pelas servidoras Júnia Terezinha Morais Ramos e Eliane Bezerra Lima, o procedimento de descaracterização de documentos foi realizado por fragmentação.

Conselho Universitário formaliza criação da Diretoria de Arquivos Institucionais

O Conselho Universitário aprovou, na última terça-feira, 31, regimento que estabelece a estrutura organizacional e as competências da Diretoria de Arquivos Institucionais (Diarq), órgão auxiliar da Reitoria que tem a finalidade de implantar a política de arquivos da Universidade.

“A aprovação do regimento foi uma importante conquista”, afirma o diretor da Diarq, professor Renato Venâncio. A estrutura formalizada no texto aprovado pelo Conselho Universitário inclui, por exemplo, a Comissão Central Permanente de Avaliação de Documentos Arquivísticos e o estabelecimento de competências das unidades acadêmicas e administrativas da Universidade na guarda e conservação de acervos.

Segundo Venâncio, a Diarq tem dois grandes desafios: implementar a gestão correta das massas documentais da Universidade, garantindo condições adequadas de preservação e acesso para aqueles considerados de guarda permanente, por representarem os registros da memória institucional da UFMG, e orientar a gestão e a guarda permanente dos documentos digitais.

Segundo ele, contudo, para viabilizar essas ações, serão necessários estrutura física, como arquivos central e setoriais, e recursos humanos, com ampliação do quadro de arquivistas. “Para alcançar tais objetivos, de interesse de todas unidades acadêmicas e administrativas, a Diarq espera contar com a mobilização de toda comunidade universitária”, diz Renato Venâncio.

Instituída por portaria em julho de 2013 e responsável pela coordenação do Sistema de Arquivos (Siarq) da Universidade, a Diarq coordenou, nos dois últimos anos, a realização do Diagnóstico das Massas Documentais Acumuladas, “revelando que são muitas as demandas da Universidade”, destaca Venâncio.

“Constatou-se, por exemplo, que a documentação da UFMG, nos mais diferentes suportes e formatos, mobiliza 655 salas e depósitos improvisados. Em termos de espaço em estantes, essa documentação ocupa o equivalente a 24 mil metros e, se calculada em termos de número de folhas, isso equivaleria a aproximadamente cem milhões de páginas”, contabiliza o professor da Escola de Ciência da Informação (ECI).

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Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) promove o evento “Protocolo Integrado e Processo Eletrônico Nacional”

A Portaria Interministerial nº 2.320, de 30 de dezembro de 2014, institui o Sistema Protocolo Integrado no âmbito dos Órgãos e Entidades da Administração Pública Federal, e a Portaria Interministerial nº 2.321, de 30 de dezembro de 2014, define os procedimentos relativos à utilização do Número ùnico de Protocolo – NUP no âmbito dos òrgãos e Entidades da Administração Pública Federal e dá outras providências. As Normas decorrem dos esforços do Ministério da Justiça, por meio da equipe técnica do Arquivo Nacional, e do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, por meio da equipe técnica da Secretaria de Logística e tecnologia da Informação, para modernização das atividades de comunicações administrativas.

As portarias são:
Portaria Interministerial nº 2.320, de 30 de dezembro de 2014
Portaria Interministerial nº 2.321, de 30 de dezembro de 2014 

Disponíveis no site abaixo:
Fonte: http://www.comprasgovernamentais.gov.br <Acesso em 11 mar. 2015>.

O Ministério do Planejamento (MP) convida os gestores públicos para o evento Encontro sobre Protocolo Integrado e Processo Eletrônico Nacional: Novos Paradigmas para a Administração Pública Federal. Organizado pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI).

O Evento será realizada no auditório do subsolo do Ministério do Planejamento (Esplanada dos Ministérios Bloco K), em Brasília/DF.

Público Alvo: Gestores Públicos.

10/03/2015 (terça-feira)
14h às 15h30 Abertura
• Visão geral
• Modernização e inovação na gestão pública com o Processo Eletrônico Nacional (PEN) e o Protocolo Integrado (PI)
15h30 às 17h30 As Novas Normativas Aplicadas a Protocolos e Arquivos da APF
• Número Único de Protocolo
• Procedimentos de Protocolo
11/03/2015 (quarta-feira)
09h00 às 10h00 Protocolo Integrado (PI)
10h00 às 11h30 Processo Eletrônico Nacional (PEN)
11h30 às 12h00 Debates
12h00 às 14h00 Intervalo para almoço
14h00 às 17h00 Experiências na adoção do Processo Eletrônico
• Casos de adoção do Sistema Eletrônico de Informações (SEI)
• Outros softwares de processo eletrônico
17h00 às 17h30 Encerramento

A inscrição será gratuita e deverá ser solicitada no link abaixo, até o limite da capacidade do auditório.

http://formsus.datasus.gov.br/site/formulario.php?id_aplicacao=19445

O evento será transmitido na internet, por meio de videostreaming, no link de acesso assiste.serpro.gov.br/mp. No dia e horário do evento, copie e cole esse endereço no seu navegador para assistir. Não é necessário inscrever-se para assistir via internet.

Eventuais dúvidas podem ser enviadas para o endereço eletrônico: .

Prateleiras Arquivo

Esvaziando as prateleiras: política de arquivos estabelece diretrizes para a gestão da massa documental da UFMG

Ana Rita Araújo

Diagnóstico realizado pela Diretoria de Arquivos Institucionais (Diarq) revela que a UFMG tem cerca de 700 salas com massas documentais acumuladas, a maior parte sem critérios adequados. Esse volume corresponde a aproximadamente 24 mil metros lineares ou cem milhões de páginas. Em uma dessas salas estão os registros do movimento diário da contabilidade da Universidade desde a sua criação, em 1927. “Todos os documentos da execução financeira da Instituição, que soma hoje R$ 2 bilhões por ano, em média, incluindo pessoal e compras, ficam guardados aqui”, informa a diretora do Departamento de Contabilidade e Finanças (DCF) da Pró-reitoria de Planejamento, Macilene Gonçalves de Lima.

O acervo do DCF foi escolhido como projeto-piloto da Diarq para o minucioso trabalho que começou com identificação e organização física, com definições do estágio de cada documento e a posterior separação em fases corrente, intermediária e permanente. A equipe de cinco estudantes de graduação em Arquivologia, coordenada pelas arquivistas da Diarq Ana Lúcia da Silva do Carmo e Júnia Terezinha Morais Ramos, passou por estágio no Arquivo Público Mineiro e atualmente está na segunda etapa da atividade. “O simples remanejamento de documentos abriu mais de cem metros lineares de espaço nas prateleiras. Agora vamos avançar para outras etapas”, explica Ana Lúcia.

De acordo com Macilene Lima, as prateleiras vazias nos arquivos do DCF serão rapidamente preenchidas com a demanda represada nas unidades acadêmicas e administrativas. “A solução definitiva vai começar com a implantação de comissões setoriais de avaliação de documentos nas unidades, sob a coordenação da Diarq, para caminharmos para o tratamento e o arquivamento adequado em toda a Universidade”, comenta a diretora, que também integra a equipe de servidores da Diarq.

Mais do que organizar acervos, o trabalho da Diretoria atende à Lei de Acesso à Informação e vai possibilitar que, em médio e longo prazos, arquivos institucionais sejam conhecidos por qualquer pessoa interessada, o que abre vasto campo para pesquisas documentais em diversas áreas. “Quando cada unidade tiver um arquivo setorial, com as orientações técnicas e uma política de arquivos, outros trabalhos como esses poderão ser feitos para avaliar documentação e recuperar a parte histórica”, prevê Ana Lúcia do Carmo.

O desafio que aguarda a Diarq é o mesmo em todas as Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes): atender à lei 8.159, que dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados. Tabela com critérios de temporalidade e classificação documental para as atividades finalísticas da administração federal – elaborada por grupo de instituições, entre as quais a UFMG – define os procedimentos que devem ser adotados para avaliação e destinação dos documentos, uma vez cumpridos os prazos de guarda estabelecidos.

Ex-superintendente do Arquivo Público Mineiro, o coordenador da implantação da Diarq, Renato Venâncio, explica que o aumento exponencial na produção de documentos a partir de meados do século passado, devido, sobretudo, ao avanço tecnológico e à multiplicação de serviços públicos, obriga as instituições – em especial as de educação – a preservar e oferecer acesso público aos seus acervos.

Aprendizado

Satisfeita com a participação no projeto, a estudante Suellen Alves de Melo, do segundo período, comenta que, no Arquivo Público Mineiro, ela e os colegas aprenderam práticas de higienização e de conservação e técnicas avançadas de classificação. “E aqui estamos aprendendo, entre outras coisas, a história da UFMG”, diz. Seu colega Felipe Lena considera enriquecedora a experiência, sobretudo pelo trabalho prático com documentos. “Vemos como é o fazer do arquivista na prática, incluindo algumas surpresas que fazem parte do trabalho. Nessa fase, estamos em uma tarefa mais intelectual, de identificar documentos, as tipologias, mas, no início, o trabalho foi braçal mesmo: carregar os livros contábeis e caixas, organizar e, sobretudo, entender que tudo faz parte do processo”, ressalta Felipe.

A arquivista Júnia Ramos destaca que a Universidade tem condições de dar aos seus estudantes de arquivologia “um fantástico campo de laboratório, com a oportunidade de acompanhar a construção de uma política de arquivos, os instrumentos que vão ser utilizados, documentos históricos sendo resgatados, enfim, participar de tantas etapas é algo único”.

Segundo Macilene Lima, o DCF já tinha um projeto de aprimoramento das condições de guarda, que não era suficiente para disponibilizar o acervo em situação ideal. “Por mais que sejamos organizados, o que fazemos não se compara a esse trabalho especializado feito pelos arquivistas, pois não temos essa competência técnica”, afirma. Ela explica que, sob a orientação da Diarq, o setor dará sequência aos procedimentos definidos como regra. “Quando toda a Universidade tiver um trabalho específico como esse, e o prédio do Arquivo Central estiver construído, muitas salas da UFMG poderão ser usadas para outras finalidades”, diz.

Diretoria de Arquivos Institucionais realiza ciclo de palestras e lança site

Os desafios enfrentados para se implantar uma política de arquivos, tanto no que diz respeito à gestão dos documentos correntes, quanto à preservação daqueles com valor histórico, será tema de debates no campus Pampulha no dia 7 de maio.

Promovido pela Diretoria de Arquivos Institucionais (Diarq) da UFMG, o evento com o tema Os arquivos e os arquivos universitários: desafios do século XXI inclui o lançamento do site institucional da Diarq e do livro Arquivo: estudos e reflexões, da professora Heloísa Liberalli Bellotto (USP), publicado pela Editora UFMG.

Segundo a autora, arquivos institucionais são conjuntos dos documentos em suporte papel ou eletrônico que não só provam a existência e o funcionamento de instituições, sejam órgãos públicos ou organizações privadas, “mas também contribuem fortemente para que as entidades sejam mais racional e produtivamente geridas”.

A professora, que também fará a palestra O sentido dos arquivos, explica que a importância dos arquivos institucionais “advém do fato de que nenhuma instituição pode funcionar sem os registros documentais que provam e garantem a legitimidade de sua existência”.

Além disso, sendo o arquivo o centralizador do sistema interno de informações e sendo o reflexo das relações daquela entidade com o meio em que age e atua, “ele é de vital importância para o bom desenvolvimento e o cumprimento do papel que cabe a uma determinada instituição em uma determinada sociedade”, completa.

Com relação ao livro, publicado pela Editora UFMG, Heloísa Bellotto informa que a obra permite uma visão panorâmica da arquivologia e da evolução dos estudos arquivísticos no Brasil nos últimos 30 anos, por meio de uma seleção de artigos, capítulos de coletâneas e entrevistas concedidas, publicados em revistas esgotadas ou de difícil acesso, assim como conferências e pronunciamentos inéditos.

“É preciso que os profissionais respondam satisfatoriamente diante da urgente, quase instantânea, necessidade de informações de toda ordem que se exige em todos os campos do conhecimento e principalmente no funcionamento dos órgãos públicos e das organizações privadas”, comenta a autora. Segundo ela, tais estudos e reflexões são apresentados por meio de 37 textos distribuídos em cinco módulos – arquivos, arquivistas, documentos, diplomática, entrevistas e pronunciamentos.

Evento
Aberto ao público, o I Ciclo de Palestras da Diretoria de Arquivos Institucionais acontece no auditório da Reitoria, a partir das 14h. Confira a programação:
14h – Abertura: lançamento do Portal Diarq
14h30 – Palestra O sentido dos arquivos – professora Heloísa Liberalli Bellotto (USP)
15h30 – Palestra Estratégias de avaliação na gestão de documentos – professora Ana Celeste Indolfo (Arquivo Nacional e Unirio)
17h – Lançamento do livro Arquivo: estudos e reflexões – Heloísa Liberalli Bellotto

Por uma política de arquivos na UFMG

Ana Lúcia S. do Carmo (*)
Macilene Gonçalves de Lima (**)
Renato Venâncio (***)
Silvana A. Silva dos Santos (****)

Em outubro de 2013 iniciou-se um diagnóstico da documentação da UFMG. Pouca gente sabe, mas a documentação corrente e as massas documentais acumuladas ocupam aproximadamente 600 salas da Universidade. A Diretoria de Arquivos Institucionais da UFMG, criada por portaria da Administração Central em julho do ano passado, tem por objetivo coordenar a implantação da política de arquivos na Instituição. Essa iniciativa tem raízes históricas. Na década de 1970 tentou-se estabelecer um Arquivo Central na UFMG. Esse arquivo chegou a ser implantado, funcionando em um dos andares do prédio da Reitoria. Infelizmente, acabou desativado ainda nos anos 70.

Na década de 1990, foi realizado um diagnóstico de acervo da UFMG, iniciativa que deu origem a projeto piloto na Escola de Farmácia, que deveria ser replicado nas outras unidades acadêmicas e administrativas. O projeto foi implantado com a proposição de manual contendo procedimentos recomendados para preservação do acervo documental e gestão da documentação corrente e intermediária. Contudo, registrou-se, no momento de transição da gestão central, a descontinuidade da iniciativa. Em 2008, a UFMG, pela primeira vez na sua história, promoveu concurso para arquivistas. Desde então, esses profissionais têm constantemente alertado a Administração Central sobre a importância da implantação de uma política de arquivos. Infelizmente, os cursos de Administração e Direito não contam com disciplinas na área de Arquivologia. Em razão disso, há quase sempre um desconhecimento, nos meios administrativos, dos benefícios advindos da gestão de documentos, tanto em termos de racionalização da produção e trâmite desses registros, como também de sua destinação, seja eliminando os que não têm valor probatório ou cultural, seja programando a guarda permanente (ou seja, para sempre) dos acervos de valor histórico, independentemente de seu suporte (papel, digital, película etc.).

A primeira iniciativa referente à constituição da Diretoria de Arquivos Institucionais (Diarq) data de outubro de 2012, quando portaria do Reitor instituiu comissão para estudar a questão dos arquivos institucionais da UFMG. Tal comissão é formada por Renato Pinto Venâncio (ECI), Ana Lúcia S. do Carmo (arquivista da Fafich), Macilene Gonçalves de Lima (Proplan) e Silvana A. Silva dos Santos (PRORH), e conta com a contribuição de outros arquivistas da instituição, assim como de colaboradores da Escola de Ciência da Informação.

A comissão implantou inicialmente mapeamento preliminar dos arquivos das unidades acadêmicas da UFMG. Devido à ausência de uma política de arquivos, a situação constatada e apresentada em relatório à Reitoria, em janeiro de 2013, foi catastrófica. Em razão das péssimas condições de guarda e acondicionamento da documentação, observou-se o eventual risco de perda de parte da memória institucional. Mais ainda, em vários depósitos improvisados, guarda-se de tudo, inclusive material combustível, com evidente risco de incêndio.

O mapeamento preliminar sensibilizou a Administração Central e, em 10 de julho de 2013, foi instituída a Diretoria de Arquivos Institucionais da UFMG. No sentido de aprofundar o trabalho, foi iniciado, em outubro passado, um diagnóstico geral da documentação, incluindo das unidades acadêmicas e administrativas.

Conforme mencionado, esse levantamento mostra que a UFMG tem cerca de 600 salas com arquivos correntes ou massas documentais acumuladas, a maior parte dos quais sem critérios adequados. Em várias secretarias estão, por exemplo, documentos gerados há décadas que não têm mais uso corrente. O desafio que aguarda a recém-criada Diarq é o mesmo a ser enfrentado por todas as Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes): atender à lei 8.159, que dispõe sobre a implantação de uma política nacional de arquivos.

A UFMG vive um fenômeno comum a várias outras instituições contemporâneas. Houve um aumento exponencial na produção de documentos a partir de meados do século passado, devido, sobretudo, ao avanço tecnológico e à multiplicação de serviços públicos, impondo às instituições a tarefa de implementar a gestão de documentos. Para abrigar os acervos de guarda permanente, está prevista a construção de prédio do Arquivo Central. Também será necessária a contratação de profissionais de arquivologia para atuar na Diarq e nas unidades. A UFMG chegou a contar com 10 profissionais, número que hoje está reduzido à metade devido à falta de estrutura e à ausência de uma política de arquivos na Universidade.

Se a gestão for devidamente implementada, conforme determina a legislação federal, uma parcela dessa documentação será de guarda permanente no Arquivo Central, enquanto os documentos sem valor probatório ou histórico poderão ser eliminados. Essa gestão produzirá, inclusive, impacto sobre as atividades acadêmicas, uma vez que a adoção de metodologias de gestão de documentos permitirá a liberação de dezenas, talvez centenas, de espaços para atividades de pesquisa ou ensino. Além disso, contribuirá para o pleno cumprimento da lei de acesso à informação, de novembro de 2011, que tem o propósito de regulamentar o direito constitucional de acesso dos cidadãos às informações públicas.

Essas inovações dependem, porém, da efetiva implementação da política de arquivos na UFMG, da construção do Arquivo Central e da contratação de arquivistas e de outros profissionais de áreas afins. Em termos práticos, os acervos continuam se perdendo em depósitos improvisados, e a administração universitária em muito deixa de ganhar eficiência pela não implantação da gestão de documentos determinada na legislação federal e seguidamente recomendada pelas portarias do Ministério da Educação.

*Arquivista da Fafich
**Assistente em administração do Departamento de Contabilidade da Pró-reitoria de Planejamento
***Professor da Escola de Ciência da Informação
****Bibliotecária em exercício na Pró-reitoria de Recursos Humanos