Revista da Universidade
Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 6- março 2005
Evandro José Lemos da Cunha
Diretor da Escola de Belas Artes da UFMG
Principal evento cultural promovido pela UFMG ao longo dos últimos 30 anos, o Festival de Inverno pode ser considerado uma das maiores atividades extensionistas universitárias do País em expressão e poder de inovação nas artes, além de exercer inquestionável papel na integração da Universidade com a sociedade.
Não deixa de ser instigante o fato de o Festival de Inverno da UFMG ter mais de três décadas de realização sem interrupção, num país onde os projetos culturais têm, na maioria das vezes, uma curta sobrevivência e caráter não-perene.
Maria do Céu Diel |
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O Festival de Inverno nasceu em 1967, a partir da iniciativa de artistas e professores da Fundação de Educação Artística de Belo Horizonte e da Escola de Belas Artes da UFMG, concebido e desenvolvido com características que permanecem até os dias atuais – programas de informação (cursos, conferências, mesas redondas) e de produção (oficinas, espetáculos, projetos), associados a propostas culturais práticas e de reflexão, que buscam, na arte contemporânea a motivação de um trabalho renovador.
Com base em uma fórmula simples de trabalho, a proposta do Festival de Inverno tem resultado na garantia de um espaço importante de reformulação cultural e artística – em um primeiro momento, por seu caráter experimental e, posteriormente, por priorizar ações interdisciplinares, que possibilitam uma rica convivência profissional entre artistas e pensadores das artes.
Tal forma de estruturação favorece o desenvolvimento de uma dinâmica própria nas ações do ensino da arte, em que prevalece, harmonicamente, a articulação entre a teoria e a prática. Esse aspecto fez com que o Festival de Inverno se consolidasse como um espaço moderno e sempre atual na constante busca do debate e da produção de processos criativos nas artes.
Este é, sem dúvida, o perfil mais marcante do evento: centrar esforços na criação de produtos e processos artísticos que possibilitam um elo sólido entre os participantes do Festival, que têm a oportunidade de passar de uma atitude de meros consumidores culturais – característica comum a vários festivais na atualidade – à condição de realizadores e produtores artísticos.
Essa configuração imprime ao Festival da UFMG um papel libertário e comprometido, criticamente, com o saber cultural, o que tem atraído artistas, professores e estudantes de todo o País que buscam de novas ações na criação, na pesquisa e na reflexão e uma experiência artística compartilhada.
O caráter flexível do Festival de Inverno da UFMG favorece sua adaptação a uma nova linguagem articulada, em sintonia e capaz de dialogar com os múltiplos e novos interesses da sociedade. Sua formulação experimental – que conjuga interesses regionais, nacionais e internacionais e favorece o debate, a reflexão e a vivência de novas experiências em artes para todos aqueles que dele participam – tem possibilitado a democratização da informação cultural gerada pelo viés do Festival em todos os espaços educacionais e culturais da sociedade.