Mesas-redondas do primeiro dia do Conexed abordaram iniciativas de sucesso na extensão universitária

Na tarde da terça-feira, 6, foi a vez de outras instituições apresentarem as suas ações de extensão. A discussão, organizada em duas mesas-redondas, reuniu docentes do Cefet-MG e das universidades federais de Lavras e de Ouro Preto.

Responsável por retomar os trabalhos, o professor José Wilson da Costa, que atua no ensino médio profissionalizante do Cefet-MG, fez uma breve retrospectiva da implantação dos cursos técnicos a distância no centro de educação tecnológica, ofertados a partir de 2010, e do desenvolvimento das suas ações de extensão.

Desafios como o modelo de gestão de condução das capacitações, a distância entre os campi e os polos presenciais e a resistência por parte de colegas foram alguns dos problemas enfrentados. Para lidar com eles, o professor conta que foi necessário repensar a distribuição dos pontos de apoio nos municípios e deslocar as atividades presenciais dos polos para as unidades do Cefet-MG a fim de aproveitar a estrutura disponível. Houve ainda uma reformulação pedagógica: além dos tutores presencial e a distância e do professor-formador, o Centro propôs a figura do “professor-mediador”, que também ministraria aulas e supervisionaria tarefas práticas.

As mudanças proporcionaram resultados positivos, na avaliação de José Wilson. “Depois que os polos passaram as ser as unidades, os alunos passaram a ter um sentimento de pertencer à instituição. Eles passaram a se interessar e até a exigir participar também das ações de extensão. Mas só isso não bastava: é preciso instigar o interesse dos estudantes, mas também estarmos ligados à comunidade, o que foi feito por meio de parcerias”, explica.

Atualmente, está em andamento um projeto de extensão, com o apoio da prefeitura de Nova Lima, na região metropolitana, para o desenvolvimento de um sistema de aquaponia, que envolve criação de peixes e cultivo hidropônico de hortaliças. O trabalho contará com a participação de alunos dos três cursos técnicos a distância do Cefet-MG: Informática para Internet, Meio Ambiente e Eletroeletrônica.

Na segunda-mesa redonda, as professoras Erica Tavares, da UFLA, Inajara Viana e Márcia Ambrósio, da UFOP, ressaltaram o impacto social das práticas extensionistas. Coordenadora do Núcleo de Estudos da Pedagogia à Distância (Nepedi) da Federal de Lavras, Érica defende a associação entre pesquisa, ensino e extensão proposta pelo grupo, que se reúne semanalmente para discutir aspectos práticos e teóricos de suas ações.

Adeptos de uma metodologia baseada em ouvir o que a comunidade deseja e avaliar formas de responder a esses anseios, os membros do Nepedi visitaram polos e se reuniram com os alunos e com os moradores dos municípios em que são ofertados a cursos a distância para listar suas demandas. A partir dessa movimentação, surgiram projetos de “contação” de histórias em turmas do ensino básico e oficinas sobre plágio acadêmico.

Na opinião de Érica, para quem um dos maiores desafios é lidar com a falta de bolsas de extensão, a educação a distância não é um problema, mas, sim, um trunfo. “Nós, da EaD, já estamos dentro daquela comunidade, já temos um braço lá.”

Já as professoras da UFOP trataram de alguns dos 35 projetos ativos de extensão da universidade, especialmente daqueles desenvolvidos em parceria com a Centro de Educação Aberta e a Distância, mas manifestaram-se contra a desvalorização das ações de extensão no meio acadêmico.

Inajara lembrou a importância de que as práticas extensionistas sejam acompanhadas por sólidos aportes teóricos e constante reflexão para que não desfigurem-se em mero assistencialismo, assim como o seu papel na formação dos estudantes. “O aluno que se envolve com a extensão tem uma empolgação especial porque ele pode ver aplicação direta do seu conhecimento.”

A professora citou ainda estratégia da meta 12 do Plano Nacional de Educação (PNE) — ampliar o acesso ao ensino superior –, que visa assegurar que, pelo menos, 10% dos créditos dos cursos de graduação correspondam a atuação em programas ou projeto de extensão universitária.

Márcia Ambrósio, que também está à frente de projetos de extensão sobre estratégias lúdicas de ensino, como o uso de jogos de tabuleiros como recurso didático, acredita que “o papel da Universidade é chegar à comunidade e não há meio melhor para fazê-lo do que a extensão”. No entanto, apesar do impacto das ações sobre a sociedade, as iniciativas extensionistas ainda são pouco valorizadas. “A extensão não tem o mesmo valor que a pesquisa no meio acadêmico, quando se analisa quesitos como produtividade docente, e isso é um problema porque desmotiva os professores a se envolverem com os projetos. Hoje faz extensão quem gosta”, resume.

Foto: Pedro Nascente/ Caed UFMG