Encontro de mestrandos em Ensino de Biologia inclui mostra de trabalhos implantados em sala de aula e palestras

As práticas envolvidas no ensino de biologia estiveram em discussão nesta semana, com a realização do II Encontro Nacional do ProfBio (Mestrado Profissional em Ensino de Biologia), entre os dias 7 e 9, no Centro de Atividades Didáticas – Ciências Naturais, no campus Pampulha (CAD 1).

O evento tem o objetivo de reunir parte dos 446 estudantes do programa, ofertado por 18 instituições públicas de ensino em todo o país, para assistir a palestras e avaliar o curso, ministrado semipresencialmente, com coordenação geral do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e apoio do Caed.

A programação incluiu falas sobre o mestrado e seus resultados parciais – a primeira turma concluirá a formação apenas em junho de 2019 –; sobre o compartilhamento dos materiais produzidos num repositório próprio e a palestra “Vírus: uma nova abordagem no ensino de Biologia”, proferida por Jônatas Abrahão, professor do ICB/UFMG”. O encontro também foi o momento de os alunos mostrarem o que já aprenderam.

Uma das atividades propostas pelo mestrado é o desenvolvimento de um projeto voltado ao ensino da ciência na escola em que os mestrandos, professores de biologia, atuam e sua exposição em formato pôster. Ponto alto do evento, a exibição contou com 82 trabalhos.

O professor Luiz Carvalhais, aluno do ProfBio na UFMG, é autor de um dos pôsteres exibidos no saguão do CAD 1. Seu trabalho “Micro-organismos como agentes de despoluição da água” foi implantado em duas turmas do primeiro ano do EJA (Educação de Jovens e Adultos) e buscou demonstrar como ocorre o processo de despoluição, a partir da diluição gradativa de água misturada a pó de café.

A lição, ministrada em quatro aulas, reproduziu a lógica do método científico: formulação de hipóteses prévias, experimentação, coleta e análise de dados e verificação das possíveis explicações para o fenômeno investigado. O projeto também pediu que os alunos utilizassem seus conhecimentos de matemática para fazer gráficos e cálculos da concentração de poluentes na água.

“Agora, estamos fazendo uma variação desse experimento, com folhas secas que catamos na escola, para vermos os microorganismos e a sucessão ecológica. Eles ficam muito empolgados! Também quero levá-los a uma estação de tratamento de água para verem o que estamos estudando, com uma aplicação em prática”, explica.

Ciência no caminho para praia

Vanessa Oliveira, estudante do ProfBio na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), atua numa escola da rede estadual do Rio de Janeiro, localizada no bairro de Sepetiba, na zona oeste da capital.

O local, apesar de ser um dos mais antigos da cidade, é, de acordo com a docente, carente de políticas públicas que valorizem a sua história e recursos. Seu projeto, “Guia de Campo para a Praia de Sepetiba: uma Proposta de Roteiro para Aulas de Biologia no Ensino Médio”, uniu o útil ao agradável e aproveitou o trecho de cerca de quatro quilômetros de litoral como laboratório para ensino.

O caminho corresponde a uma trilha proposta pelo Ecomuseu de Sepetiba, uma iniciativa popular para preservação natural e cultural do espaço, no qual os estudantes podem observar diferentes tipos de vegetação e fauna. Hoje, a área está sob a guarda da Força Aérea Brasileira e, por isso é menos conhecida e tem seu acesso restrito. O museu, no entanto, viabiliza a entrada de interessados sem a necessidade de autorizações especiais, já que o espaço

“Antes de ser professora, eu era curadora de museu, e era meu sonho levá-los a um museu, mas estávamos muito afastados dos grandes centros. Eu queria muito tirar os alunos da sala de aula, e o ecomuseu oferecia uma possibilidade, só que eles não tinham o aporte biológico ”, conta.

Sua ideia, então, foi a de criar um material didático em forma de guia turístico, com informações sobre os ecossistemas locais, em formato digital e disponibilizado no repositório do ProfBio para todos os interessados.

Vanessa destaca ainda a dimensão social do projeto. “Com esse trabalho, nós também poderíamos estimular a autoestima deles, valorizando o espaço deles. Muitos nunca tinham ido até lá, mesmo sendo próximo a eles.”

Avanços à vista

Para Cleida de Oliveira, coordenadora nacional do ProfBio e docente do ICB/UFMG, o programa, que organizou duas seleções para ingresso de alunos, em 2017 e 2018, tem se aprimorado rapidamente.

“A segunda turma já chega com o curso melhorado, devido às modificações feitas de um ano para o outro. Hoje, há mais prática e temos tentando garantir o equilíbrio entre a revisão do conteúdo e a atualização sobre as novas descobertas, desejado pelos mestrandos”.

A coordenadora revela também que estão previstas a ampliação da oferta de vagas e a interiorização do ProfBio para os próximos anos.