Com roda de conversa e curta de animação, Aproxime-se debate inclusão escolar em Jaboticatubas

Nesse sábado, 24, o Caed levou as as atividades do programa de extensão Aproxime-se ao município de Jaboticatubas, na região metropolitana de Belo Horizonte.

A programação, centrada em inclusão escolar e acessibilidade, temas desta edição, incluiu roda de conversa sobre o panorama da educação inclusiva, sessão de cinema comentado e a distribuição de uma cartilha reunindo as principais leis brasileiras que garantem benefícios a pessoas com deficiências. O material foi produzido pela bolsista Gabriela Alves, aluna do curso de Jornalismo, e pelos servidores Ramiro Barboza, da Assessoria Pedagógica, e Natália Niquini, do setor de Pessoal, do Caed.

“A inclusão é tema essencial, que integra todas as atividades universitárias – ensino, pesquisa e extensão –, mas que ainda é muito pouco explorado”, afirmou a professora Vilma Lúcia Macagnan Carvalho durante a abertura do evento, que contou com uma apresentação de ventriloquismo, feita por Matilde Nascimento Meira, professora aposentada do município.

Modelos de deficiência

Integrada pelas bolsistas Amanda Lima e Ana Cláudia Pereira, graduandas em Medicina, com a orientação da assessora pedagógica do Caed Bruna Gonçalves, a roda de conversa abordou a relação entre os diferentes modelos de deficiência vigentes num dado período — Biologizante ou Médico, Social e Pós-Social — e o tratamento legal e pedagógico dispensado a pessoas deficientes e a evolução dessas normas no sentido de promover maior grau de inclusão.

Um dos exemplos desse movimento citado pelas palestrantes foi a mudança que se deu entre a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1961, e o Plano Nacional de Educação, de 2014. A LBD foi a primeira norma a assegurar o direito de pessoas com deficiência à educação, ofertada por escolas especializadas. Já a lei de 2014, refletindo a valorização da inclusão, prevê que alunos com deficiência frequentem, preferencialmente, a rede de ensino regular, na qual poderão conviver com colegas com todos os perfis.

O grupo também abordou as perspectivas da educação inclusiva, listando pontos que auxiliam seu alcance como uma formação que prepare o docente para receber alunos com deficiências, ensino que considere a multiplicidade dos indivíduos, políticas públicas que garantam a acessibilidade e estruturas física e pedagógica adequada ao desenvolvimento de todos os estudantes.

A apresentação foi encerrada com a exibição de vídeo gravado pela professora Josiane Torres, da Faculdade de Educação da UFMG, sobre as transformações das concepções ligadas à inclusão escolar, a partir das dimensões do acesso à escola, da permanência do aluno e da acessibilidade a todos os recursos de aprendizagem, em sentido amplo.

Curta comentado

Os bolsistas Henrique de Almeida, estudante de Letras; Laura Guimarães, da graduação em Psicologia, e Rosineide Oliveira, aluna do curso de Terapia Ocupacional, conduziram debate sobre a inclusão de pessoas com deficiência, a partir da exibição do filme de animação “Cuerdas”, do diretor espanhol Pedro Solís García.

Supervisionados por Ana Carolina Almeida, assessora pedagógica do Caed, os alunos destacaram elementos do curta metragem para discutir conceitos como capacitismo estruturante e estrutural, eugenia e interseccionalidade e sugerir formas de trabalhar o tema da inclusão social em sala de aula. Para crianças, a recomendação é atividades lúdicas e histórias que tenham protagonistas com deficiência, já para os adolescentes, debates e discussões sobre questões atuais que possam sensibilizá-los para o assunto.

Modos de ver e de acolher

Para a coordenadora do polo de Jaboticatubas, Nair Siqueira, a visita da equipe do Aproxime-se representa um momento especial para a capacitação e a formação profissional. “Sempre recebemos o Caed de coração aberto. Temos a oportunidade de tratar de um tema complexo de forma leve”, disse.

Professora com experiência na educação inclusiva, Nair acredita que ter um olhar acolhedor e encontrar formas de incluir o aluno na rotina da sala é fundamental para uma inclusão de fato.

“Tive um aluno com paralisia, que sempre reagia com um sorriso largo quando o integrava nas atividades. Se desse uma folha ou adesivo para os outros alunos, entregava a ele também e percebia como ele se sentia parte da turma. Naturalizar a presença do estudante com deficiência é importante para uma educação inclusiva.”

Professora aposentada e mãe de uma criança com Síndrome de Down, Dorcelina Mendes decidiu participar do evento na última hora, em busca de mais uma capacitação. “Aprendi que o primeiro passo para a inclusão é que as crianças com deficiência sejam acolhidas pelos seus pais. Precisamos desenvolver um trabalho coletivo com as famílias, em primeiro lugar”, avalia.