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Como ajudar

A crise em Saúde Mental foi escondida por muitos anos dentro dos manicômios e, após o movimento de desinstitucionalização, fundamentado pela Reforma Psiquiátrica brasileira, ganhou maior visibilidade na sociedade. Isso porque a crise psíquica, apesar de ser uma manifestação individual, se apresenta e desenvolve-se no âmbito coletivo. Entretanto, a Reforma Psiquiátrica, por si, não garantiu uma transformação da ótica “manicomial” e a loucura ainda é vista por muitos como uma doença a ser combatida e reprimida em nossa sociedade.

A crise em Saúde Mental é definida como qualquer situação em que o comportamento de uma pessoa o impeça de cuidar de si mesmo, o coloque em risco de ferir a si ou outras pessoas e/ou reduza a sua capacidade doméstica e laborativa. Ou seja, a definição de crise ultrapassa as questões clínicas e adentra em outra ordem de complexidade, pois considera também a subjetividade. No dia-a dia, a crise é “definida” a partir do momento em que afeta rotina da família e comunidade e quando ela ocorre, é comum essas pessoas sentirem-se- despreparadas e sem saber o que fazer.

Em alguns casos, uma escuta atenta e sem julgamentos, realizada por profissionais especialistas em saúde mental ou por profissionais devidamente aptos a fazê-lo, tem um efeito imediato e apaziguador para o sujeito em crise. Um colega ou aluno choroso, angustiado, estressado pelo trabalho, deprimido após um término de um relacionamento afetivo ou, ainda, que viveu uma perda significativa, uma ruptura de qualquer natureza, enfim, passou por situações em que o sujeito entende que há um excesso traduzido por um grande sofrimento.

Assim, é importante perceber que não é a gravidade do acontecimento que define a crise, mas a forma como cada um lida e entende aquilo que lhe acontece. E essa forma está ligada à história de vida da pessoa, a forma como ela vê a si mesma, ao outro e ao mundo e também tudo o que está acontecendo em sua vida no momento.

Espaço de convivência no campus Pampulha da UFMG. Foto: Lucas Braga / UFMG

Atenção à crise em Saúde Mental: o que fazer?

Em se tratando de uma crise é importante saber que existem serviços da Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde (RAPS – SUS) gratuitos capazes de acolher, identificar e conduzir os casos. Como exemplos: unidade básica de saúde (UBS) para situações de crise mais leves; os Centro de Referência em Saúde Mental (CERSAM), em Belo Horizonte, e Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), na região metropolitana e outras cidades do Brasil. Podemos afirmar que esses serviços possuem todas as condições para atender às pessoas em crise e podem oferecer bem mais que um hospital psiquiátrico, pois promovem o cuidado em liberdade que toma a cidadania e autonomia dos sujeitos como elemento primordial do tratamento.

Em casos de ameaça concreta da própria vida ou de terceiros, hostilidade e agitação intensa cada vez maior não é indicado o confronto verbal e nem físico, uma vez que essa abordagem pode aumentar, ainda mais, a vulnerabilidade da pessoa que está na crise. A recomendação para essas situações, quando ocorrerem dentro dos espaços da Universidade, é acionar a vigilância universitária, bombeiros e SAMU. Aqui são incluídas também as de tentativas de autoextermínio presenciadas ou informadas (com ingestão de medicações, tentativa de salto em altura e etc).

Os casos de pensamentos de morte com ou sem planejamentos requerem atenção especial e não é recomendado que haja banalização de nenhum sentimento da pessoa em crise. Ouça, expresse preocupação, tranquilize, não julgue. Frases como: “Você não está sozinho, estou preocupado com você” são importantes e podem apaziguar o sofrimento da pessoa em crise . Nesses casos é indicada uma avaliação profissional urgente e o CERSAM (ou CAPS) são indicados para que seja feita uma avaliação e conduta profissional do caso.

Se o caso envolver intoxicação exógena (a pessoa ingeriu ou entrou em contato com) por uso de substâncias psicoativas (substâncias químicas, medicamentos, álcool em excesso ou outras drogas) com repercussões clínicas moderadas/graves (agitação, desmaio, desorientação e outros) será necessária uma avaliação e/ou intervenção médica. A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e o SAMU são as referências para esses casos.

Se você é portador de sofrimento mental e/ou perceba que está em um momento de crise psíquica procure ajuda profissional e/ou compareça com regularidade ao seu tratamento. Tente manter uma rotina de hábitos saudáveis de alimentação e lazer, converse com os seus colegas, amigos e família.

A crise em Saúde Mental deve ser conduzida de acordo com a sua singularidade de cada sujeito e dos recursos disponíveis.

O Departamento de Saúde do Trabalhador (DAST) poderá ser acionado pelo telefone 3409-4499 ou pessoalmente, em caso de dúvidas, em nosso acolhimento em Saúde. O DAST Pampulha funciona de segunda à sexta-fera das 7h às 22h, exceto sábados, domingos e feriados.

 

Quer saber mais?

Brito, A.A.C; Bonfada, D., Guimarães, J. Onde a reforma ainda não chegou: ecos da assistência às urgências psiquiátricas. Revista de Saúde Coletiva, Volume 25 Nº 4 Páginas 1293 – 1312, Dez 2015

Bonfada , D. Jacileide, G. Serviço de atendimento móvel de urgência e as urgências psiquiátricas. Psicologia em Estudo, Volume 17, Páginas 227 – 236, Junho 2012

Jardim, K. F. S. B. (2008). O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no contexto da reforma psiquiátrica: em análise a experiência de Aracaju/SE. Dissertação de mestrado, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal.

Quevedo, J. et al. Emergências psiquiátricas. 3º edição. Porto Alegre: Artmed, 2014. Navigating a Mental Health Crisis| A NAMI resource guide for those experiencing a mental health emergency. Copyright 2018, the National Alliance on Mental Illness (NAMI)