Será que sou resiliente? Tem como aprender a me tornar resiliente? Afinal, o que é resiliência?
Começando pelo conceito, podemos observar várias perspectivas do que seja uma pessoa resiliente: aquela que se adapta com facilidade às diferentes situações da vida, consegue superar obstáculos, sofre um abalo e segue em frente, dentre outros.
Inicialmente, o conceito de resiliência, foi inspirado nas ciências exatas, referindo-se à capacidade da pessoa em suportar o estresse sem adoecer, traçando-se um paralelo ao uso na física, em que se mede a capacidade dos diferentes materiais de voltar as suas propriedades anteriores, após passar um estresse/pressão sem se romper (Yunes 2003). Os trabalhos, que têm como base esta definição, priorizam pesquisar as características das pessoas que não se abalam frente às adversidades, com um enfoque nos fatores de risco e proteção. Com o avançar das pesquisas, ocorreu a transformação do conceito e começou-se a focar, principalmente, em pessoas que se fragilizam frente a situações adversas, mas conseguem superar traumas e pressões (Brandão, Mahfoud, Gianordoli-Nascimento, 2011). Atualmente, o conceito de resiliência avança para além da superação, compreendendo-a como a capacidade de conseguir se beneficiar nas adversidades e construir novas habilidades frente às experiências (GROTBERG, 2005). Ampliando ainda mais o conceito, numa perspectiva ecológica social, Ungar (2015) define:
[...] a resiliência é a capacidade dos indivíduos (próprias e coletivas) mobilizarem os recursos culturalmente relevantes de que precisam para se saírem bem diante das adversidades, bem como sua capacidade de negociar para que esses recursos sejam fornecidos de forma significativa. (UNGAR apud Silva 2019, p. 89)
Desta forma, entende-se que não nascemos resilientes, podemos construir posturas resilientes ao longo da vida. Nessa perspectiva, a vida universitária pode ser uma oportunidade para se aprender a ser resiliente. Podemos aprender não só conceitos, teorias, práticas, mas também novas formas de se relacionar com o outro e consigo. Assim, podemos adquirir novas habilidades, tais como:empatia, assertividade, respeito, escuta ativa, negociação, comunicação e expressão, autocontrole, resolução de conflitos, entre outras. Então, aproveite a jornada!
Referências
Brandão JM, Mahfoud M, Gianordoli-Nascimento. A construção do conceito de resiliência em psicologia: discutindo as origens. Paidéia. 2011 maio/ago. 21(49): 263-271.
GROTBERG, E. H. Introdução: novas tendências em resiliência. In: MELILO, A.; OJEDA, E. N. S. e cols. Resiliência: descobrindo as próprias fortalezas. Porto Alegre: Artmed, 2005.
SILVA, Maria Lúcia Ferreira da. Resiliência integral e juventudes periféricas: análise de uma experiência formativa no campo educacional – Recife, 2019.
YUNES, Maria Angela Mattar. Psicologia positiva e resiliência: o foco no indivíduo e na família. Psicol. estud. [conectados]. 2003, vol.8, n. spe [citado 2020-04-28], pp.75-84.