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Para Estudantes

O período em que você é universitário pode ser a promessa de um tempo de liberdade, novas amizades, crescimento e aprendizagem, com muitas possibilidades e expectativas.

A vida universitária também tem seus desafios, tais como ir mal em um exame, não se adaptar à metodologia do ensino superior, ter dificuldade de interação com os colegas e professores, precisar se adaptar em uma nova cidade, entre outros. Estes eventos novos podem gerar algumas dúvidas e sentimentos menos agradáveis: solidão, tristeza, raiva, opressão, medo, desamparo.

Nesse período de mudanças, nem sempre você está ciente da importância e veracidade de suas dúvidas e sentimentos: “Acho que é bobagem”. Pedir ajuda às vezes não é fácil. Se você se vê perdido, enfrentando um conflito, tendo que resolver um problema com o qual não sabe lidar ou gostaria de falar com alguém em um lugar seguro: calma… Você está na UFMG! Esta Universidade se propõe a ser acessível, inclusiva, solidária e acolhedora. Você pode contar conosco! Conheça aqui alguns espaços onde você pode ser acolhido.

É bom lembrar que nos momentos de desafios é comum descobrirmos talentos e habilidades que desconhecíamos possuir e que podemos desenvolver: resiliência; empatia; liderança; assertividade; respeito, escuta, negociação, comunicação, autocontrole, lidar com conflitos.

  • Será que sou resiliente? Tem como aprender a me tornar resiliente? Afinal, o que é resiliência?

    Começando pelo conceito, podemos observar várias perspectivas do que seja uma pessoa resiliente: aquela que se adapta com facilidade às diferentes situações da vida, consegue superar obstáculos, sofre um abalo e segue em frente, dentre outros.

    Inicialmente, o conceito de resiliência, foi inspirado nas ciências exatas, referindo-se à capacidade da pessoa em suportar o estresse sem adoecer, traçando-se um paralelo ao uso na física, em que se mede a capacidade dos diferentes materiais de voltar as suas propriedades anteriores, após passar um estresse/pressão sem se romper (Yunes 2003). Os trabalhos, que têm como base esta definição, priorizam pesquisar as características das pessoas que não se abalam frente às adversidades, com um enfoque nos fatores de risco e proteção. Com o avançar das pesquisas, ocorreu a transformação do conceito e começou-se a focar, principalmente, em pessoas que se fragilizam frente a situações adversas, mas conseguem superar traumas e pressões (Brandão, Mahfoud, Gianordoli-Nascimento, 2011). Atualmente, o conceito de resiliência avança para além da superação, compreendendo-a como a capacidade de conseguir se beneficiar nas adversidades e construir novas habilidades frente às experiências (GROTBERG, 2005). Ampliando ainda mais o conceito, numa perspectiva ecológica social, Ungar (2015) define:


    [...] a resiliência é a capacidade dos indivíduos (próprias e coletivas) mobilizarem os recursos culturalmente relevantes de que precisam para se saírem bem diante das adversidades, bem como sua capacidade de negociar para que esses recursos sejam fornecidos de forma significativa. (UNGAR apud Silva 2019, p. 89)


    Desta forma, entende-se que não nascemos resilientes, podemos construir posturas resilientes ao longo da vida. Nessa perspectiva, a vida universitária pode ser uma oportunidade para se aprender a ser resiliente. Podemos aprender não só conceitos, teorias, práticas, mas também novas formas de se relacionar com o outro e consigo. Assim, podemos adquirir novas habilidades, tais como:empatia, assertividade, respeito, escuta ativa, negociação, comunicação e expressão, autocontrole, resolução de conflitos, entre outras. Então, aproveite a jornada!

    Referências

    Brandão JM, Mahfoud M, Gianordoli-Nascimento. A construção do conceito de resiliência em psicologia: discutindo as origens. Paidéia. 2011 maio/ago. 21(49): 263-271.

    GROTBERG, E. H. Introdução: novas tendências em resiliência. In: MELILO, A.; OJEDA, E. N. S. e cols. Resiliência: descobrindo as próprias fortalezas. Porto Alegre: Artmed, 2005.

    SILVA, Maria Lúcia Ferreira da. Resiliência integral e juventudes periféricas: análise de uma experiência formativa no campo educacional – Recife, 2019.

    YUNES, Maria Angela Mattar. Psicologia positiva e resiliência: o foco no indivíduo e na família. Psicol. estud. [conectados]. 2003, vol.8, n. spe [citado 2020-04-28], pp.75-84.

  • A Universidade se constitui um cenário de participação social e de convivência multivariada. Participamos, além das redes sociais virtuais, de diferentes redes sociais presenciais, que nos proporcionam um sistema de relações: entre os colegas, entre os docentes e discentes, entre docentes e demais trabalhadores da Universidade, desses últimos e os discentes e tantas outras.

    Essas relações geram em nós vários sentimentos, pois queremos evitar reações indesejáveis de nosso interlocutor e buscamos a aceitação e respeito a nossas necessidades, desejos e opiniões. Mas como conseguir este objetivo?

    Frente a algumas situações em que nos sentimos desrespeitados ou não considerados reagimos de forma a responder agressivamente, o que nos gera muito trabalho para reestabelecer as relações. Em outros momentos não temos reação, agimos passivamente e não expressamos nosso ponto de vista. Ambas causam sofrimento, nos fazem sentir mal. Mas, o que a maioria de nós gostaria era de “defender os próprios direitos e de expressar sentimentos e crenças, de forma honesta, direta e apropriada, sem violar os diretos das outras pessoas” (Bortolini e Maia, 2012: p. 381). Em suma, conseguirmos nos expressar de forma assertiva, mas esta forma de expressão também pode causar desconforto, pois muitas vezes o interlocutor não reage da forma que gostaríamos.

    A assertividade, segundo Pasquali e Gouveia (1990: p.235), é uma capacidade do indivíduo que pode ser aprendida. Ela se fundamenta nos seguintes comportamentos, 1) discordar de outrem (dizer não); 2) autoafirmar-se; 3) pedir e fazer exigências, sem constrangimentos; 4) expressar livremente qualquer sentimento, seja positivo ou negativo.

    Mas, convenhamos entre o nunca conseguir dizer o que se sente ou pensa e conseguir dizer tudo sempre, há uma gama de possibilidades que vão mudando a todo momento. Assim, podemos pensar a assertividade como uma proposta que pode ter lugar, em maior ou menor intensidade, em alguns momentos de nossa vida. Não há problemas em não sermos assertivos o tempo todo.

    Além disso, não podemos perder de vista a importância da empatia e respeito em nossas relações. Na medida em que todos devem ter a possibilidade de se expressar assertivamente, temos que estar dispostos a fazer uma escuta ativa para compreender o outro em sua diversidade. Conforme salientam Del Prette e Del Prette (2005: p.175), na “base do conceito de assertividade encontra-se a noção de igualdade de direito e deveres, de legitimidade dos comportamentos voltados para a reivindicação e defesa desses direitos, de respeito e dignidade da pessoa humana".

    Referências

     

    Bortolini, M. & Maia, D. S. (2012). O desenvolvimento da habilidade de assertividade e a convivência na escola: relato de experiência. Psicologia em Revista, 18(3), 373-388. doi: 10.5752/P.1678-9563.2012v18n3p373.

    Del Prette, Z. A. P. & Del Prette, A. (2005). Psicologia das habilidades sociais na infância: Teoria e prática. Petrópolis, RJ: Vozes.

    Pasquali, L. & Gouveia, V. V. (1990). Escala de Assertividade de Rathus RAS: adaptação brasileira. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 6, 233-249.

  • A maior parte da nossa vida é na interação com o outro. A qualidade da convivência entre as pessoas afeta diretamente a vida particular de cada um. Por isso é tão importante pensarmos nas consequências que nossas ações têm sobre o outro e sobre nós mesmos. Nesse sentido, cabe a reflexão sobre a importância do respeito mútuo para a construção de relações mais harmoniosas e éticas.

    Maturana (2009, p. 31), ao fazer reflexões sobre a linguagem, as emoções e a ética, aponta que “sem aceitação de si mesmo não se pode aceitar o outro, e sem aceitar o outro como legítimo outro na convivência, não há fenômeno social”. É a aceitação que constitui uma conduta de respeito.

    Cada sujeito tem suas características próprias, que marcam sua identidade, tem seus valores e interesses, seu jeito de ser, de posicionar-se politicamente, de viver seus afetos. É preciso compreender que essa singularidade não torna alguém melhor ou pior, mas o torna diferente. E o respeito consiste em acolher a diversidade do outro. A rejeição da diferença nega o convívio social e traz consigo o sofrimento.

    A Universidade vem se tornando um espaço cada vez mais plural e multicultural. O Brasil é um país formado por diferentes etnias, com inúmeras expressões religiosas, com realidades regionais e manifestações culturais muito variadas. E o ambiente universitário é propício para vivermos esse encontro com as diferenças, exercitarmos o respeito com o outro e criarmos oportunidades de diálogo, trocas e aprendizagem.

    Nossos atos cotidianos nos revelam e constroem a sociedade em que vivemos. A pergunta sobre que mundo desejamos deve pautar nossas ações. É fundamental o respeito mútuo para alcançarmos o bem-estar em uma sociedade que se configure, de fato, como inclusiva.

    Referências


    MATURANA, Humberto. Emoções e linguagem na educação e na política. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009.

  • Comunicação: um constante aprendizado

    A comunicação pode ser compreendida como um dos maiores desafios da atualidade - é uma habilidade fundamental para as relações. Pode-se considerá-la a base da vida social, meio pelo qual trocamos afetos e construímos saberes. A palavra, os gestos e o tom de voz possibilitam que as pessoas partilhem significados quando escutam umas às outras. O modo como nos comunicamos afeta as relações interpessoais de forma significativa, podendo aproximar ou afastar as pessoas do nosso convívio.

    As condições para que um verdadeiro diálogo possa acontecer relacionam-se com uma postura de respeito e aceitação do outro, que implica uma disposição para compreendê-lo. Mas o que permite uma pessoa ter mais respeito e aceitação pelos outros? As respostas para essa questão podem ser dadas de diferentes formas, com base nos diversos modos de compreender a comunicação. Abordaremos ideias a partir de Rogers e Rosenberg.

    Para Rogers (1992: p.604), é necessário ter respeito pelos seus próprios valores, pois somente assim é possível demonstrar respeito e validade da posição do outro. Quem demonstra mais aceitação em relação a outras pessoas, “seria mais capaz de compreendê-las como pessoas singulares e diferenciadas porque teria menos necessidade de se manter na defensiva”. Assim, estar em paz com você mesmo e com o que você acredita é fundamental para que possamos nos abrir às experiências e aprendizagens de comunicação mais atenciosa, respeitosa e ética em nossas relações.

    Em uma sociedade que se constitui cada vez mais plural, a universidade pode ser um espaço que promove o encontro entre as diversidades étnico-racial, de orientações sexuais e identidades de gênero, de experiências religiosas, de nacionalidades, de condições físicas, de condições socioeconômicas, dentre outras.

    Quando não se encontram dispositivos institucionais e postura aberta para conhecer e aceitar a diversidade dos modos de existência, podem surgir conflitos e dificuldades de relacionamento que perpetuem todo tipo de situações de violência, preconceito, discriminação e exclusão. Cabe pensarmos como a comunicação pode promover relações mais respeitosas e éticas e potencializar o bem-estar entre as pessoas, bem como as relações respeitosas podem gerar formas mais potentes de comunicação.

    Um caminho para reflexão pode ser a “Comunicação Não Violenta” (ROSENBERG, 2019). Ela se baseia no entendimento de que qualquer coisa que os outros ouçam de nós, que soe como uma análise ou crítica, pode torná-los resistentes ao que é dito. Com isso, acabam não conseguindo nos ouvir e a possibilidade de uma comunicação se quebra. A “Comunicação Não Violenta” propõe, então, um espaço de diálogo onde todos os envolvidos expressem seus sentimentos e necessidades, o que favorece a compreensão mútua.

    A abordagem da “Comunicação Não Violenta” nos mostra a importância de refletirmos sobre como cada um de nós é corresponsável na construção da realidade que deseja viver. Essa perspectiva nos convida a pensar como estamos nos comunicando em nosso dia a dia e quão capacitados estamos para ver o mundo através dos olhos do outro, levando em consideração seus pensamentos, sentimentos e emoções.

    Escutamos de modo empático o outro? Recebemos com empatia as mensagens de outras pessoas sem interpretá-las como censura ou crítica? Identificamos nossas necessidades e reconhecemos nossos sentimentos? Procuramos enxergar as necessidades dos outros? Procuramos resolver situações adversas, usando linguagem clara e sem julgamentos?

    Cabe a cada um de nós o trabalho de se perguntar sobre as suas próprias práticas de comunicação e as práticas construídas nas engrenagens coletivas. A reflexão implica estar aberto a um encontro consigo mesmo.

    Referências


    ROGERS, Carl. Terapia Centrada no Cliente. São Paulo: Martins Fontes,1992. 

    ROSENBERG, Marshall. Vivendo a Comunicação Não Violenta. Rio de Janeiro: Sextante, 2019.

    Ciclo de Palestras 2019: Comunicação Não Violenta. CAC UFMG, 18 Jun 2019.