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Por uma cultura de paz

Na virada do milênio, mais precisamente, em 1999, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) convocou um Movimento Global para uma Cultura de Paz. Pelo calendário da Organização, o ano 2000 seria marcado como “Ano Internacional da Cultura de Paz” e a década conseguinte, a terminar-se em 2010, ficaria reconhecida como “Década Internacional para uma Cultura de Paz e não-violência para as crianças do mundo”.

Traz um leve desânimo, contudo, perceber que já estamos no final de outra década e essa temática permanece urgente, se não ainda mais necessária. Afinal, para compreender toda a dinâmica em torno do conceito de cultura de paz, é importante desvinculá-lo das macro agendas de países e organizações para centrá-lo nas relações de todo dia, entendendo-o como parte fundamental para fortalecer um cotidiano saudável.

 

Medidas para difundir a cultura de paz no cotidiano

Resumidamente, a cultura de paz diz respeito a uma visão de mundo que privilegia o diálogo e a mediação para resolver conflitos, abandonando atitudes e ações violentas e respeitando a diversidade dos modos de pensar e agir.

Grafite realizado na fachada da Faculdade de Ciências Econômicas em ocasião da Semana de Saúde Mental. Foto: Júlia Duarte | UFMG

Como explica uma cartilha produzida pelo Ministério da Justiça brasileiro, o conceito de cultura de paz parte do princípio de que nem a violência, nem a paz, são naturais à atividade humana. Por um lado, é necessário entender que, como fenômeno social complexo, a violência se exemplifica em grupos, pessoas, ações e relacionamentos que necessitam de transformação. Consequentemente, a paz, como ressaltado pela cartilha, “precisa ser ensinada, aprendida e estimulada” para efetivar essa mudança de ótica.

Por essa razão o movimento pela paz deve ser de natureza coletiva: cabe a cada um de nós trabalhar e difundir a paz no dia-a-dia, sendo mais generoso e solidário, e construindo novas formas de relacionamento baseadas em princípios não-violentos. Os seis pontos defendidos pela Unesco no “Manifesto por uma Cultura de Paz e Não Violência” podem nos indicar alguns caminhos de ação:

  • Respeitar a vida;
  • Rejeitar a violência;
  • Ser generoso;
  • Ouvir para compreender;
  • Preservar o planeta;
  • Redescobrir a solidariedade.

Desenvolver relações saudáveis, é estar constantemente cientes das nossas responsabilidades, entendendo que nossas ações afetam o outro tanto positiva quanto negativamente. Vale sempre cultivar convivências baseadas na empatia e no real interesse, a fim de valorizar a diversidade de experiências, o diálogo e a cooperação.

 

Estendendo a paz ao ambiente universitário

Um “bom dia” pode assumir grande importância no início de uma jornada de estudos ou trabalho. Logo de cara, esse simples gesto desarma animosidades e reforça vínculos de afeto.

Basicamente, esses são os vínculos que precisam ser fortalecidos para impulsionar uma comunidade universitária mais preocupada com o outro, disposta a acolher e a integrar. Afinal, não é demais reforçar que a verdadeira escuta é uma iniciativa importante para minimizar os impactos do sofrimento mental na Universidade.

Contudo, para além da escuta, outros passos podem e devem ser dados – e o exercício de uma comunicação não-violenta é um deles.

Muitas vezes nos valemos, em sala de aula, de métodos que prezam por uma visão individualista e competitiva do aprendizado, ações que acabam por diminuir o outro sem a devida compreensão de suas potências e dificuldades. Mesmo em caso de erros, a responsabilização não precisa necessariamente seguir um modelo muito rígido: avaliações justas são aquelas em que a situação e o contexto também são levados em conta.

Para além das medidas repressivas, por que não incentivar o diálogo e a construção conjunta de regras de convivência? Um ambiente participativo é imprescindível para se estabelecer uma boa comunicação interpessoal, que deve, ainda, centrar-se na alteridade para a sensibilização em questões de gênero, raça, identidade e orientação sexual.

Por fim, referências positivas devem ser divulgadas, a fim de contribuir para o fortalecimento de identidades pessoais e culturais entre os membros de nossa comunidade. É por meio do outro que nos reconhecemos, mas é a partir de um profundo conhecimento de si mesmo que entendemos nossas reais possibilidades e limitações.