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Suicídio

No mundo todo e também no Brasil observou que, nos últimos cinco anos, o número de pessoas que suicidaram ou que tentaram suicídio aumentou muito. Isso fez com que essa condição passasse a ser pensada como uma questão de saúde pública.

O suicídio é um fenômeno complexo, multifatorial e afeta indivíduos das mais variadas origens, classes sociais, orientações sexuais e identidades de gênero. Não é resultado de um motivo único, mas sim de um conjunto de situações sociais, culturais, psicológicas e ambientais, que se acumulam ao longo da vida. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 800 mil pessoas suicidam por ano, um dado que se reflete na preocupante constatação de que, no planeta, alguém se suicida a cada 40 segundos.

Para abordar a questão em sua complexidade, é necessário deixar de sentir medo de conversar a respeito. Em diversas sociedades, o suicídio é um tabu, pois acredita-se que falar sobre o assunto pode estimular este comportamento. Contudo, compreendemos a importância de falar sobre suicídio com naturalidade para estimular a pessoa ao diálogo e a buscar ajuda necessária.

Precisamos falar sobre o suicídio

Quando estamos em sofrimento, é natural o sentimento de solidão e desesperança. Nestes momentos, pode ser difícil perceber sozinho soluções ou possibilidades de amenizar o sofrimento. Nesse sentido, entendendo que o ato do suicídio não é uma busca de eliminação da vida, mas de eliminar o sofrimento, é muito importante falar o que está sentindo, permitindo que sejam indicados os serviços de apoio existentes na sociedade.

Os fatores de risco mais relevantes, apontados em estudos recentes, são: negligência e abuso sexual na infância; sentimento de culpa; desesperança e falta de projetos de vida; alta recente de internação psiquiátrica; doenças incapacitantes; impulsividade/agressividade; isolamento social; suicídio na família; automutilação e tentativas anteriores de suicídio; doenças e transtornos psiquiátricos e situações de vulnerabilidade.

Se você está se sentindo assim, procure pessoas e lugares que o ajudem a desfocar deste sentimento. Permita-se conversar com alguém que seja agradável e confiável para você. E, se for preciso, procure ajuda especializada.

Se você precisar, peça ajuda.

Na UFMG, uma série de iniciativas buscam proporcionar escuta, apoio e acolhimento à pessoa em sofrimento. Em setembro de 2019, por exemplo, o comitê gestor do Campus Saúde lançou uma cartilha para a prevenção ao suicídio, numa das ações do mês de conscientização do setembro amarelo:

A pessoa com ideação suicida pede ajuda?

Segundo a OMS (2011), a grande maioria dos casos de suicídio não acontece sem aviso. Em geral, ainda que a pessoa não fale abertamente, podem aparecer sinais explícitos ou sutis.

Em momentos de crise, ligue 188 e procure pelo CVV, o Centro de Valorização da Vida. O serviço é gratuito, 24h, e cobre todo o território nacional. O centro realiza apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo.

Quais são os sinais de alerta?

Saber reconhecer os sinais de alerta pode ser um dos mais importantes passos para a prevenção do suicídio. Caso você identifique alguns destes sinais, converse com a pessoa sobre isso.

  • Frases como “não consigo encontrar uma solução”, “vocês ficariam melhores sem mim”, “eu não aguento mais”;
  • Alguns comentários que não devem ser ignorados: “vou desaparecer”; “vou deixar você em paz”; “eu queria poder dormir e não acordar nunca mais”; “é inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar”;
  • Falta de esperança;
  • Angústia e tristeza em grau elevado, sem conseguir sentir prazer e satisfação nas atividades cotidianas;
  • Ausentar-se das atividades usuais;
  • Isolar-se das pessoas com quem mantinha contato;
  • Demonstração de preocupação com a própria morte e expressão de intenções suicidas.

Sabe-se que situações difíceis podem contribuir para o aumento de suicídios. Citamos algumas: exposição ao agrotóxico; perda de emprego; crise política e econômica; discriminação por orientação sexual e identidade de gênero; agressões psicológicas e/ou físicas; sofrimento no trabalho; problemas de relacionamento; dificuldades escolares; diminuição ou ausência de autocuidado; uso abusivo de álcool e outras drogas.

É importante saber que, essas situações, sozinhas, não podem ser consideradas causas de suicídio.

Como ajudar uma pessoa sob o risco de suicídio?

O que se deve fazer:

  • Aproximar-se da pessoa na qual você observou risco para suicídio e se colocar disponível para ouvi-la e apoiá-la;
  • Incentivar a pessoa a procurar ajuda e oferecer-se para acompanhá-la;
  • Não deixar a pessoa com risco iminente sozinha e procurar, imediatamente, ajuda profissional de emergência;
  • Cuidar para que a pessoa não tenha acesso aos meios que possam provocar a própria morte;
  • Manter o contato com a pessoa e acompanhar sua evolução.

É fundamental identificar formas de buscar e oferecer apoio o mais precocemente possível. Diante de uma pessoa em risco, é importante se manter próximo, oferecendo apoio de forma atenciosa e sem julgamento.

O que não se deve fazer:

  • Condenar/julgar, dizendo: “isso é covardia”; “é frescura”; “é loucura”;
  • Banalizar o sofrimento, utilizando frases como: “é por isso que quer morrer? Já passei por coisas muito piores e não me matei”;
  • Opinar de acordo com sua experiência e visão de mundo, como: “você quer chamar a atenção”; “te falta Deus”; “isso é falta de vergonha na cara”;
  • Dar ‘sermões’ do tipo: “tantas pessoas com problemas mais sérios que o seu, siga em frente”;
  • Frases de incentivo como: “levanta a cabeça, deixa disso”; “pense positivo”; “a vida é boa”.

Constatações como as referidas acima nos mostram, ainda, que uma das ações de ajuda utilizada para diminuir o alto índice de suicídio é a busca de estudo e compreensão sobre este fenômeno, a divulgação das informações para a sociedade, assim como a comunicação precisa, responsável e ética com quem está sofrendo.

Uma outra ação que pode ajudar é oferecer espaço de acolhimento e diálogo. Assim, falar e procurar conhecer o que está causando o sofrimento, suas principais causas e as formas de ajudar, torna possível salvar vidas!

Apoio aos enlutados

A Faculdade de Medicina também abriga uma importante iniciativa de posvenção ao suicídio. Em outras palavras, de apoio aos sobreviventes: família e amigos de alguém que cometeu o ato.

O Grupo de Apoio a Enlutados por Suicídio da UFMG (Grupo GAES) é um projeto de extensão destinado especificamente a pessoas enlutadas por suicídio. Contatos e inscrições podem ser feitos por meio do email gaesufmg@gmail.com.

Construindo o painel da 6ª Semana de Saúde Mental da UFMG, realizada em 2018. Foto: Lucas Braga / UFMG

Referências

BARRETO, Margarida; BERENCHTEIN NETTO, Nilson. Suicídio e trabalho: manual de promoção à vida para trabalhadores e trabalhadoras. São Paulo: Sindicato dos Químicos de São Paulo, 2010. 19 p.

BARRETO, Margarida; VENCO, Selma. Da violência ao suicídio no trabalho. In: BARRETO, Margarida; BERENCHETEIN NETTO, Nilson; PEREIRA, Lourival Batista (Org.). Do assédio moral à morte de si: significados sociais do suicídio no trabalho. São Paulo: Matsunaga, 2011. Cap. 9, p. 221-248.

Cartilha. Falando abertamente sobre suicídio.

Cartilha Setembro Amarelo: mês de prevenção ao suicídio. Faculdade de Medicina da UFMG. Online, 2019.

Cartilha. Suicídio. Saber, agir e prevenir – Saiba como noticiar o assunto nos meios de comunicação e evitar o efeito contágio.

SANTOS, Marcelo Augusto Finazzi; SIQUEIRA, Marcus Vinícius Soares. Considerações sobre trabalho e suicídio: um estudo de caso. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v.36 n123, p. 71-83, jan./jun. 2011.

Saúde Mental. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departmento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília, 2015. 548 p.: il. (Caderno HumanizaSUS ; v. 5).