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Como as redes sociais e as informações em excesso podem ser prejudiciais nesse momento de pandemia?

Exposição excessiva à informação pode acarretar comprometimentos, especialmente em relação à saúde mental.

Vivemos um momento em que excesso de informações e também de busca das mesmas. Dois movimentos que se complementam e que têm sido vivenciados de forma crescente em diferentes sociedades. No entanto, em momento de pandemia, as pessoas precisam estar informadas e o excesso de informação e de busca pela mesma toma uma magnitude ainda maior,levando-as, por vezes, a acessarem informações em poucos intervalos de tempo ou por tempo prolongado.

Ou seja, há uma exposição excessiva à informação, podendo acarretar comprometimentos, especialmente em nossa saúde mental. Estamos vivendo uma situação de isolamento social, na qual as pessoas estão com dificuldades de acesso a outras formas de viver que lhes dão prazer e passam a assistir, passivamente, a exposição contínua das mazelas decorrentes da pandemia.

Os brasileiros e brasileiras estamos vivenciando a pandemia em momento de muitas angústias e inseguranças, principalmente devido à instabilidade política, econômica e social do por vir. Essas angústias e inseguranças vem crescendo quando pensamos se o isolamento tem sido ou não eficiente, se e quando haverá vacina para todos, se as medicações que tomamos são contra indicadas para esse quadro, se nosso entes queridos serão enterrados sem rituais, se conseguiremos pagar contas, se seremos demitidos do emprego, se haverá leito suficiente no município e inúmeras outras questões, diariamente vivenciadas e maciçamente comentadas ou discutidas nas redes sociais. Tal situação pode gerar, por exemplo, sofrimento, que pode se apresentar na forma de compulsão alimentar, falta de apetite, desregulação do horário de sono, dificuldades para manter relações afetivas harmônicas, irritabilidade, apatia, agressividade. Tristeza. Dor.

O isolamento social, a exposição em excesso às notícias e às consequências deletérias das fakes news, podem levar a um sofrimento maior das pessoas nesse momento de pandemia.

Como manter-se informado?

A conexão exaustiva com as notícias não nos faz melhor informados. Um aspecto muito importante é a credibilidade e a ética dos canais de comunicação que buscamos informações. É necessário também nos policiarmos, no sentido da busca de informações sobre o quadro da pandemia. Nesses tempos, o excesso de qualquer natureza nos gera sobrecarga e algum prejuízo. Com isso devemos criar alguns hábitos mais saudáveis, como dosarmos o número de vezes que buscamos informações, garantindo intervalos maiores de tempo e evitando acesso às notícias antes de dormir. Precisamos nos manter informados sim, mas na medida certa para cada um.

Mudança e Adaptação à uma nova rotina: como lidar com a falta do convívio social em tempos de pandemia?

Cada um de nós já temos, em graus diferentes, informações sobre a pandemia; e mais, estamos vivenciando-a de diferentes maneiras. Os números de infectados e mortos, os modos de infecção, os cuidados, vem sendo maciçamente apresentados, mas vamos discutir aqui o fato de que, abruptamente, “ficamos em casa”. De um dia para outro, a casa toma outra conotação e deixamos as relações de trabalho, estudo e lazer, já estabelecidas, em “stand-by”. Olhamos para nós dentro de casa e pode haver um estranhamento de nós mesmos, pois há um encontro abrupto com esse “novo espaço”, agora ocupado em tempo integral. Não são férias, nem feriado, repentinamente somos forçados a criar novas rotinas e hábitos, mas sabemos que rotinas e hábitos demandam tempo para se estabelecerem.

Há casas em que as pessoas se incomodam em dividi-las com outros, como há pessoas sozinhas que sentem a falta de companhia. Rotinas domésticas passam a ser assumidas abruptamente, bem como o convívio com toda a família sem intervalos de tempo, o que por vezes, é prazeroso, por vezes, bem longe disso. . O home office também está posto para muitos. Qual a medida da produção de forma saudável nesses moldes?

Ansiedade, sobrecarga de trabalho, inseguranças e medos nos rondam. Bem, esse afastamento está posto. O que fazer? Enveredaremos na amargura do isolamento? Criaremos alternativas para caminharmos? Não há receitas, cada um vai criar caminhos nesse velho e novo espaço. As saídas não são mais físicas para o trabalho, aniversários, bares e cultos religiosos. Serão feitas dentro de nós, para vivermos essa velha e nova casa.

Convidamos a todos a buscarem novas saídas, seja uma receita culinária nunca ou há muito tempo deixada de lado na cozinha, a leitura e releitura de uma obra de apreço, filmes, novas formas de lidar com filhos e pais, uma breve meditação, porque não? Porque não respirar na janela ao acordar? Apreciar a lua em noites de silêncio?

Enfim, nos conectaremos com a mãe terra e poderemos sentir que nesse isolamento, pelo menos, a natureza pode se expressar com menor violência humana. Convidamos a todos, então, a repensarmos saídas. Há angústia, há tristeza, não necessariamente, a depressão (como também ela aparece nesses momentos), mas nós podemos pensar em novas formas de viver esses tempo e esses espaços.