Logomarca Diversa 12
Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 6, nº 12 - julho de 2007 - Edição do Vestibular

assistência estudantil

Assistência reduz evasão de alunos

Grazielle Mendes

Para muitos candidatos, passar pelo vestibular é o primeiro passo. O importante, mesmo, é se manter na Universidade.

Além de expectativas e ideais, muitos calouros, também chegam à universidade com dúvidas e apreensões sobre as dificuldades que poderão enfrentar para se manter no ensino superior, muitas vezes longe de casa, sem recursos para pagar passagens de ônibus, alimentação, aluguel e livros. O que muitas vezes eles demoram para descobrir é que a UFMG mantém uma instituição que oferece uma série de opções de auxílio para facilitar a trajetória acadêmica de seus alunos: a Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump).

A ajuda oferecida pela Fump é muito variada. Uma das mais procuradas é a Bolsa de Manutenção, destinada aos estudantes classificados como Nível 1 (veja box). É uma ajuda de custo que pode ser de R$ 180 ou de R$ 300. Esse é o único auxílio reembolsável da Fump, ou seja, os alunos precisam devolver o dinheiro no futuro, começando a pagar mensalidades dois anos depois de formados.

Há ainda as bolsas do programa sócio-educacional, que têm como objetivo inserir o estudante no mercado de trabalho. A Bolsa Sócio-Educacional e a Bolsa de Formação Profissional Complementar também são de R$ 300. Os beneficiados por elas precisam desenvolver atividades dentro de sua área de formação, acompanhados por orientadores. Além disso, existe a Bolsa de Complementação Educacional, financiada por instituições parceiras da UFMG, que pagam pelo trabalho dos alunos fora da Universidade. Neste caso, os valores variam de acordo com o empregador. Por fim, há a Bolsa Creche, de R$ 150, para os estudantes que têm filhos.

Eles também podem se matricular em cursos gratuitos de informática e num programa de intercâmbio internacional. Quem não tiver dinheiro para comprar livros, pode pleitear financiamento para a aquisição de obras didáticas, através de parcelamentos e descontos em livrarias da rede credenciada. Já os estudantes de Odontologia podem solicitar auxílio para adquirir seu material básico, que normalmente tem custo elevado no mercado, através de sistemas de parcelamento, descontos ou até mesmo gratuitamente, dependendo de suas condições socioeconômicas.

Gerenciados pela Fump, restaurantes universitários oferecem refeições a preços subsidiados aos alunos carentes
Gerenciados pela Fump, restaurantes universitários oferecem refeições a preços subsidiados aos alunos carentes

Os alunos da carentes da UFMG também podem ter acesso gratuito a atendimentos médico, odontológico e psicológico, nas instalações da própria Fundação e em convênios firmados com clínicas e consultórios terceirizados. Desta forma, os estudantes podem se consultar com médicos de várias especialidades, fazer exames, receber atendimentos ambulatoriais, além de solicitar financiamento para óculos e lentes de contato.

Entre os estudantes que já se beneficiaram dos programas assistenciais da Universidade está a aluna Monalise Costa Batista, de 23 anos, que saiu de Ipatinga, no Vale do Aço, para cursar Fonoaudiologia na UFMG e, depois de se formar, foi aprovada no mestrado em Farmacologia. Ela já usufruiu da bolsa de manutenção, dos programas de assistência à saúde e odontologia, além de viver por um tempo na Moradia Ouro Preto 1, uma das residências estudantis da Universidade. Segundo a aluna, essa ajuda foi crucial para a continuidade de seus estudos. “Certamente, se eu não tivesse contado com essa assistência, eu não teria condições financeiras de ficar em Belo Horizonte e, conseqüentemente, não conseguiria continuar a estudar na UFMG. Meu curso era em tempo integral e os trabalhos de iniciação científica exigem uma carga horária muito puxada, ou seja, não daria para ter um emprego para me manter”, analisa a estudante.

Para a presidente da Fump, Rocksane de Carvalho Norton, a principal missão da instituição é garantir que nenhum aluno deixe a Universidade ou abandone os estudos por falta de condições financeiras. “A UFMG tem uma das menores taxas de evasão escolar do país. Não existe nenhum estudo que comprove isso, mas a gente acredita que, além da qualidade do ensino na Universidade, a política de assistência estudantil é um dos fatores que permitem esse resultado”, analisa a presidente da Fump.

Casa, comida e roupa lavada

Pelo menos 600 pessoas vivem atualmente nas três moradias universitárias da UFMG: Ouro Preto 1 e Ouro Preto 2, próximo ao campus Pampulha, e de Montes Claros, no Norte de Minas. Esses residenciais também são mantidos pela Fump, mas não se destinam apenas aos estudantes carentes. Todos os alunos de graduação e pós-graduação, e até mesmo professores e funcionários que não tenham residência na capital, podem se candidatar a uma vaga nas moradias de Belo Horizonte – regra que vale também para a unidade de Montes Claros.

Universidade mantém um programa de moradia estudantil assegurado pela Fump
Universidade mantém um programa de moradia estudantil assegurado pela Fump

As moradias são complexos de apartamentos, com quartos individuais e áreas comuns, como sala, cozinha, banheiros, área de serviço e lavanderia. O novo anexo construído em 2006, também na avenida Fleming, no bairro Ouro Preto, foi totalmente adaptado para receber pessoas com deficiência física e tem rampas de acesso, sistema de identificação em braille e estacionamento exclusivo.

A ocupação das vagas segue ordem de prioridade estabelecida no regimento interno do programa. Têm preferência, por exemplo, estudantes em seu primeiro curso de graduação ou pós-graduação e professores e funcionários recém-admitidos na Universidade. Atualmente, 60% das vagas são ocupadas por alunos carentes, 30% por não carentes e 10% por visitantes, intercambistas e funcionários. Os moradores pagam taxas de condomínio diferentes, que variam de acordo com sua classificação no programa.

As regras para classificação dos candidatos a inquilinos de acordo com suas condições sócio-econômicas, os critérios para a distribuição de vagas e a definição de taxas de condomínio são estabelecidos pelo Conselho Diretor do Programa Permanente de Moradia Universitária, formado por representantes de estudantes, moradores, servidores técnico-administrativos, Fundação Universitária Mendes Pimentel, Coordenadoria de Assuntos Comunitários e Reitoria.

Segundo a diretora das moradias, Vera Maria Coelho, é preciso atualizar constantemente o diagnóstico das necessidades dos usuários do programa e isso só é possível através do diálogo. “O importante é que esses espaços sirvam para melhorar as condições de estudos e trabalho para os moradores, para que eles tenham a tranquilidade necessária para desenvolver suas atividades acadêmicas. Ninguém melhor do que os usuários para dizer como aperfeiçoar a estrutura de atendimento e por isso, o diálogo tem que estar constantemente aberto entre a Universidade e sua comunidade”, avalia Vera.

Um dos usuários das moradias da UFMG, Luiz Cláudio Hosken, de 21 anos, saiu de João Monlevade, na região Central de Minas, para estudar Matemática. Usuário da Moradia Ouro Preto 2, o aluno também está inserido no programa de acesso ao livro e recebe bolsa de manutenção. “Eu não preciso me preocupar em ter um emprego com uma renda alta para pagar aluguel e me manter. Isso significa que eu posso continuar a fazer trabalhos de monitoria, estágios, substituições, que pagam menos, mas estão dentro da minha área e vão ser fundamentais para a minha formação”, explica.

Bolsistas da Fump têm ainda acesso a alimentação a preços subsidiados pela UFMG. Os cinco restaurantes ligados ao sistema “Bandejão” - no campus Pampulha, no campus Saúde, na Faculdade de Direito, na Faculdade de Engenharia e no Núcleo de Ciências Agrárias de Montes Claros - cobram valores diferenciados de alunos carentes, demais estudantes e visitantes. Atualmente, os valores variam de R$ 0,75 a R$ 3,50.

Interesse público

Em 2009 a Fump completa 80 anos. O embrião do que viria a ser a atual Fundação Universitária Mendes Pimentel nasceu em 1929, como Caixa de Pensões da Associação Universitária Mineira, formada por alunos da instituição, que na época era particular. O que começou com uma tímida proposta de apoio aos estudantes, foi reconhecida por lei, em 1973, como entidade de interesse público, regulamentada para amparar os alunos da Universidade, já federalizada. A Fump recebeu esse nome em homenagem ao primeiro reitor da instituição, Francisco Mendes Pimentel, entusiasta da idéia, juntamente com o professor José Baeta Vianna, um dos nomes mais importantes da história da Faculdade de Medicina da UFMG, que fundou e dirigiu a Assistência aos Universitários, transformada mais tarde na Fundação Universitária Mendes Pimentel.

A Fundação se mantém através de recursos do orçamento da Universidade e de outras fontes como o Fundo de Bolsas, proveniente das taxas pagas pelos alunos no ato da matrícula. A Fump também recebe subvenções concedidas pelo poder público, doações, renda de seus serviços remunerados e parte da verba arrecadada com o vestibular. Todos os anos, a Fundação presta contas ao Conselho Universitário da UFMG e é submetida a auditorias externas.

Assistência Estudantil

Para ser um bolsista Fump

Os estudantes interessados nos programas de assistência da Fump precisam passar por um processo de classificação, que começa de maneira simples, com o preenchimento de um questionário socioeconômico disponível na página da Fump na internet (www.fump.ufmg.br). Este formulário avalia dois perfis de estudantes de ensino superior: solteiros e casados ou similares.

Para analisar a condição financeira do aluno solteiro, a Fump considera fatores como sua residência (se a casa é própria, cedida ou alugada; localizada em aglomerado, vila ou bairro; em Belo Horizonte ou fora da capital), a moradia de sua família, a escola onde concluiu o ensino médio, se já fez outro curso superior, se possui atividade remunerada não acadêmica, situação dos pais, entre outros. Para analisar o perfil dos casados, são verificados os mesmos itens, com exceção da condição dos pais. A Fump pode exigir em seguida comprovação dos dados através de documentos como IPTU e Declaração de Imposto de Renda.

Uma fórmula matemática aplicada sobre os resultados do questionário classifica o grau de carência dos candidatos a uma bolsa: níveis 1, 2 e 3, do mais para o menos necessitado. Os benefícios que cada bolsista pode solicitar variam de acordo com esses níveis.

SubirVoltar para o topo


Revista Diversa nº 12
Site produzido pelo Núcleo Web do Centro de Comunicação da UFMG