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Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 6, nº 12 - julho de 2007 - Edição do Vestibular

intercâmbio

De malas prontas para sair por aí
(e aprender um pouco mais)

Laís Menini

Democratizar o acesso de estudantes ao exterior é uma das diretrizes da Diretoria de Relações Internacionais da UFMG.

Intercâmbio

Muitas pessoas deixam para trás o sonho de conhecer outros países depois que entram para a universidade. O principal motivo é a dedicação especial que requer um curso superior, exigindo, na maioria das vezes, tempo integral para estudos e estágio. Mas procurando investir na formação cidadã e profissional de seus estudantes, a Universidade Federal de Minas Gerais tem um programa um tanto quanto especial para quem deseja viajar pelo mundo.

“Nossos alunos não saem do Brasil apenas para aprender uma língua estrangeira”, explica a diretora de Relações Internacionais da UFMG, Eliana Dutra. “Eles vão para estudar o semestre regular na sua área e ter acesso a uma rede de conhecimento globalizado”, completa. O objetivo é mesmo complementar os estudos, casando a oportunidade da viagem com o contato com novas culturas, hábitos e visões mercadológicas.

Para sair em intercâmbio pela UFMG, o aluno deve estar matriculado e cursar regularmente qualquer um dos cursos de graduação. O quesito básico é ter pelo menos 50% do curso concluído na época da viagem e voltar tendo ainda créditos a cumprir. Os alunos passam seis meses em outro país e a seleção dos viajantes é feita por exame de proficiência na língua estrangeira e entrevista.

Em 2007, 207 vagas foram disponibilizadas em países como França, Alemanha, Estados Unidos, Itália, Espanha, Portugal e Inglaterra. De acordo com Eliana Dutra, como as instituições estrangeiras e a universidade mineira agem em reciprocidade, a UFMG disponibilizou, ao mesmo tempo, 232 vagas para os alunos de fora. É uma parceria que envolve 45 instituições de ensino superior ao redor do mundo.

É por isso que a francesa Flora Demaison, 24 anos, pôde vir para o Brasil e conhecer, além da cultura, um curso que pode ser decisivo em sua formação profissional. Aluna de Literatura na cidade da Bologna, na Itália, cursou um semestre de Letras na UFMG. “É uma ótima experiência, aprendi muito para fazer minha dissertação final no curso que estudo na Europa”, disse Flora antes de retornar à Itália, em julho passado. Nas horas livres, ela ainda se dedicou a uma atividade tipicamente brasileira: a capoeira. Também freqüentou divertidas festas universitárias e fez viagens pelo Brasil. Por aqui, tinha 500 euros por mês para gastar. “Não viveria com isso na Europa, lá o custo de vida é bem alto”, assegurou.

Como bancar uma viagem dessas é uma das principais preocupações de quem tem o objetivo de estudar fora, já que a UFMG paga os custos na instituição estrangeira (matrícula e mensalidades), mas a habitação, a alimentação e o traslado ficam por conta do aluno. O seguro saúde, que costuma “salgar” ainda mais os gastos, também é de responsabilidade do aluno. “Por causa desse custo de vida alto, principalmente na Europa, o ideal é planejar bem a viagem, para não ter sustos”, aconselha Flora a quem deseja entrar nessa aventura.

Ao escolher para onde quer viajar, o aluno deve fazer uma projeção dos próprios custos. Isso também depende muito de cada um, já que uns gastam mais e outros menos. A estudante de Turismo da UFMG, Clarice Tolentino Federman, de 21 anos, sabe disso. Ela já viajou para vários países a passeio, mas agora quer aproveitar a oportunidade e ir estudar na Espanha. “É um dos países que mais recebe turistas no mundo, por isso tem um sistema de turismo muito eficiente”, conta. “Além disso, lá são desenvolvidos muitos projetos na área, o que me ajudaria bastante”. Clarice estima que deve gastar R$ 14 mil reais com a viagem.

Mas diferentemente de Flora e Clarice, muitos estudantes da UFMG não têm recursos próprios para viver a experiência. Principalmente os carentes, classificados como tal pela Fundação Mendes Pimentel (Fump), que auxilia esses alunos. “Pensando nisso, os alunos classificados com carência 1, 2 ou 3 pela FUMP podem concorrer a vagas no Fundo de Intercâmbio Internacional e conseguir recursos para fazer a viagem”, diz Eliana Dutra. De 2005 para cá, 18 alunos FUMP viajaram para o exterior pelo programa da UFMG. E a diretora de Relações Internacionais também explica que o setor está com um projeto pronto para ser viabilizado, dependendo apenas de mais algumas negociações: trata-se da bolsa Santos Dumont, uma parceria da UFMG com a iniciativa privada com a finalidade aumentar o número de bolsistas Fump atentidos por semestre. “Queremos democratizar o acesso dos nossos alunos ao exterior e esperamos que o projeto seja viabilizado ainda em 2008”, completa.

A UFMG também considera o interesse dos alunos para assinar parceiras com instituições de novos países. Cada vez mais, nações com culturas mais distintas são alvo da preferência dos estudantes. Desde o ano passado, são oferecidas vagas até para Israel, país que foge do circuito de destinos convencional.

O setor de Relações Internacionais tem se esforçado para que todos os alunos da Universidade fiquem sabendo das oportunidades de viagem. “Fazemos ampla divulgação do Edital na imprensa e nos colegiados de curso. Além disso, ainda mandamos e-mails para estudantes”, explica. Para as inscrições do programa 2008 (sempre feitas com um ano de antecedência), foram afixados mais de mil cartazes pela UFMG, inclusive nos prédios dos restaurantes setoriais e na Reitoria.

No ano passado, 147 estudantes puderam viajar pelo programa - e voltar para Minas Gerais com uma bagagem teórica e prática na área que pode valorizar o currículo. Da mesma forma, 153 pessoas, como a francesa Flora, puderam conhecer o estado e a cidade, “que é grande e linda”, segundo a própria. Nos próximos anos, mais pessoas como Clarice vão ter a chance de “viver novas culturas, garantir independência, experiência, falar fluente, fazer contatos” – e quem sabe garantir um bom emprego no futuro, graças ao semestre em que estudou fora.

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