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Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 6, nº 12 - julho de 2007 - Edição do Vestibular

educação de ponta a ponta

Das salas de brincadeiras aos ambientes de pesquisa

Flávia Miranda
Ilustração

É possível passar a vida estudantil inteira na UFMG? Quem tem notícia apenas dos cursos de graduação – responderá que não, mas a maior universidade pública do estado e uma das mais importantes do país oferece mais do que essa modalidade de ensino. Basta observar a movimentação no campus Pampulha todos os dias, bem cedo, para acompanhar a chegada de pais que levam seus filhos para a Unidade Municipal de Educação Infantil (UMEI) Alaíde Lisboa, antiga creche da Universidade; crianças e adolescentes rumo ao Centro Pedagógico (CP) e ao Colégio Técnico (Coltec); estudantes de graduação que chegam para dividir o espaço das unidades acadêmicas com mestrandos e doutorandos, nas salas de aulas ou nos laboratórios de pesquisas.

Ilustração

A Universidade não surgiu tão grande assim e a oferta de todos os níveis de educação aconteceu aos poucos, numa adequação do papel da instituição às demandas sociais. O ensino fundamental foi inaugurado junto com as primeiras unidades de ensino da UFMG, há quase 80 anos. Mas só em 1968 é que a escola que recebe estudantes de 1ª a 8ª série ganhou o nome de Centro Pedagógico, tornando-se uma unidade física separada dos cursos de graduação. Um ano depois veio o Coltec, voltado para o ensino médio e a profissionalização dos estudantes. De acordo com a diretora da Faculdade de Educação da UFMG, Antônia Vitória Soares Aranha, a implementação das unidades que oferecem educação infantil e básica se deu por razões históricas. “Era tradição as universidades terem escolas para que os estudantes de Licenciatura pudessem estagiar. Além de colaborarem para o aperfeiçoamento dos profissionais, as escolas de ensino básico e profissional cumprem seu papel social, de oferecer educação de qualidade”.

Qualidade do ensino é diferencial das unidades especiais da UFMG
Qualidade do ensino é diferencial das unidades especiais da UFMG

A creche da UFMG, aberta em 1990, passou recentemente pelo processo de municipalização e agora é gerenciada pela Prefeitura de Belo Horizonte. A criação da unidade tinha o objetivo de acolher filhos de servidores e de estudantes da Universidade e aperfeiçoar os professores de educação infantil formados na própria UFMG. Agora, a UMEI Alaíde Lisboa atende à comunidade universitária e também os moradores da região da Pampulha.

A qualidade do ensino é um dos aspectos principais das unidades especiais da UFMG. O nível do ensino e a gratuidade determinaram a opção de Sabrina Domitilha Martins Pereira, 16 anos, pelo Coltec. A estudante do 2° ano conta que estudava numa escola municipal na região oeste, onde mora, e que tentou o processo seletivo do Coltec motivada por um professor. Sabrina já estava no 1° ano do ensino médio quando passou na prova e não se importou em repetir a série para estudar no Coltec. “Na escola anterior eu não tinha que estudar, os conteúdos eram pouco cobrados. Já no Coltec, a gente tem que se esforçar mais porque os professores exigem muito”, afirma. Apesar de fazer Instrumentalização, Sabrina Pereira pretende trilhar por outros caminhos e faz planos para tentar o vestibular para Medicina na UFMG e continuar a trajetória na Universidade. “Mesmo o campus Pampulha sendo longe da minha casa, acho que vale a pena pela qualidade do ensino”, pondera.

Profundidade na formação

Se depois de quatro, cinco ou seis anos na graduação o estudante ainda estiver inquieto com as questões vistas durante o curso, estão abertas as portas da pós-graduação. Conjugando pesquisa e desenvolvimento de habilidades para atuar como professor, o mestrado e o doutorado são oportunidades para aprofundar os conhecimentos na área de interesse e percorrer um caminho mais autônomo em relação às possibilidades de formar um olhar crítico.

O Brasil é o país que mais investe na criação e no aperfeiçoamento de mestrados e doutorados na América Latina. “Para que o país avance do ponto de vista tecnológico e cultural, é necessário investir na pós-graduação”, afirma o pró-reitor de Pós-Graduação da UFMG, Jaime Arturo Ramirez. Em 2006, o Brasil formou cerca de 10 mil doutores e 35 mil mestres, o que ainda é muito pouco se comparado ao tamanho do país, na avaliação de Jaime Ramirez. De acordo com o pró-reitor da UFMG, “esse número deveria ser cinco vezes maior, mas faltam investimentos econômicos para o desenvolvimento necessário”.

A UFMG está entre as três primeiras universidades públicas que se destacam na oferta de cursos de pós-graduação no país. Para o pró-reitor de Pós-Graduação, a posição de destaque se deve à titulação dos professores (cerca de 75% são doutores) e ao incentivo à consolidação de grupos de pesquisa. A Universidade mantém cursos em todas as áreas do conhecimento e oferece 55 cursos de doutorado, 65 de mestrado, o que envolve 7 mil alunos nas duas modalidades, além de oferecer regularmente 70 cursos de especialização. Para este ano estão previstos investimentos de R$ 30 milhões feitos pelas agências financiadoras (Capes, CNPq e Fapemig).

Quem opta por fazer o mestrado ou o doutorado tem possibilidades de dar aulas em universidades, faculdades e centros universitários, além de atuar como pesquisador. “A pós-graduação confere uma capacidade crítica muito maior do que a de alguém que só tem a graduação. A proposição de soluções e a intervenção na vida social é algo que se espera de quem faz mestrado ou doutorado e isso é muito importante para o mercado”, salienta Ramirez.

Sentido da existência

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A implementação de todos os níveis de educação confere muita responsabilidade à UFMG, já que se espera que a qualidade dos trabalhos seja alcançada nos projetos desenvolvidos. É por esse motivo que a Universidade estimula a interação entre as unidades de educação. O pró-reitor de Graduação, Mauro Braga, enfatiza que “na graduação os estudantes podem se envolver com disciplinas que se parecem bastante com as ofertadas pela pós-graduação ou participar de grupos de pesquisa, que abrangem os trabalhos desenvolvidos por mestrandos e doutorandos”.

Para Mauro Braga, um leque tão diferenciado de unidades de educação representa o sentido da existência de uma universidade como a UFMG. “A articulação entre graduação e pós-graduação permite que a formação de uma seja irrigada pelos conhecimentos da outra e vice-versa. E as atividades de Licenciatura desenvolvidas em conjunto com as unidades de educação infantil e ensino básico completam o espectro de responsabilidade social da UFMG”, explica o pró-reitor de Graduação. Atualmente, a Universidade oferece 48 cursos de graduação em oito áreas do conhecimento (leia também “Especial: Os diversos caminhos da graduação”).

Conhecimento sem fronteiras

A atuação da UFMG na oferta de cursos de graduação ultrapassou neste ano os muros dos campi em Belo Horizonte (Pampulha e Saúde) e Montes Claros (Regional). Pela primeira vez a Universidade realizou um vestibular para educação a distância, uma modalidade de educação que cresce nos países da América do Norte e Europa e se expande pela América do Sul aos poucos. Os cursos oferecidos são os de Licenciatura para Ciências Biológicas e Química, que ofereceram 500 vagas para candidatos do interior do Estado. As cidades-pólo, que vão oferecer a estrutura física com biblioteca, laboratórios e atendimento tutorial, são Araçuaí, Montes Claros, Governador Valadares, Teófilo Otoni e Frutal. “A intenção da educação a distância é atender às regiões onde não existem cursos superiores ou proporcionar o acesso a quem não tem tempo de freqüentar aulas presenciais todos os dias”, explica a coordenadora do Centro de Apoio à Educação a Distância, Maria do Carmo Vila.

Pós-graduação: mergulho profundo no saber
Pós-graduação: mergulho profundo no saber

Até o final deste ano, a UFMG pretende criar os cursos de graduação a distância de Geografia e Normal Superior e oferecer pós-graduação, modalidade especialização, nas áreas de Educação, Saúde da Família, Ensino de Ciências e Artes Visuais. As cidades-pólo envolvidas serão Araçuaí, Buritis, Campos Gerais, Conselheiro Lafaiete, Corinto, Formiga, Governador Valadares, Teófilo Otoni, Uberaba e Januária. Serão oferecidas 2350 vagas.

De acordo com Maria do Carmo Vila, os cursos vão ser dados por meio digital, mas estão previstos encontros nas cidades-pólo. O investimento da UFMG na educação a distância é uma “oportunidade de estudos para quem mora em regiões distantes e carentes, pois disponibiliza cursos superiores de qualidade que permitem que o profissional Ilustraçãopermaneça na sua região e contribua para o desenvolvimento econômico e social das comunidades”, avalia Maria do Carmo. Os cursos a distância são uma parceria da UFMG com o Ministério da Educação e o governo de Minas e contam com um investimento de cerca de R$ 13 milhões.

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