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Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 6, nº 12 - julho de 2007 - Edição do Vestibular

ciências da saúde

Ensino integrado e bem mais próximo da população

Grazielle Mendes

Transformações profundas deram novo norte ao ensino das Ciências da Saúde na UFMG: a integração entre áreas e o comprometimento com a melhoria dos serviços prestados à população.

Ciências da saúde

O ensino das Ciências da Saúde passou por profundas transformações nas últimas décadas e hoje, na UFMG, é norteado por uma nova proposta que privilegia a formação de profissionais comprometidos com a melhoria dos serviços prestados à população e cientes das exigências do mercado de trabalho. Na UFMG, a área de Ciências da Saúde oferece nove cursos de graduação: Nutrição, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia e Terapia Ocupacional. De modo geral, os cursos tornaram-se mais práticos, sem perder a perspectiva teórica, e o envolvimento dos alunos em ações integradas aproximou-os das diferentes realidades, numa articulação que responde à atual demanda por profissionais com uma visão mais abrangente.

Um dos símbolos dessa integração é o programa Internato Rural, que existe desde 1978, mas recentemente passou a ser chamado de Internato de Saúde Coletiva, tornando-se mais amplo. É o momento em que alunos de Medicina, Enfermagem e Odontologia seguem para municípios de diferentes regiões de Minas Gerais, alguns a quase mil quilômetros de distância da capital, para atender às comunidades durante três meses, orientados por supervisores e médicos locais.

Em algumas cidades, há equipes que, além de estudantes de Medicina, Enfermagem e Odontologia, também envolvem estudantes de Psicologia e Nutrição. O coordenador do curso de Medicina, professor Francisco José Penna, atual diretor da Faculdade, revela que há um projeto para tornar o Internato ainda mais abrangente, a partir da integração com alunos de outras áreas, como Turismo, Arquitetura e Urbanismo. Ele ressalta porém, que essas ações não são apenas práticas assistencialistas, mas um processo de aprendizagem mútuo, construído com a participação da comunidade.

Outro bom exemplo de ação integrada foi a participação, em julho deste ano, de estudantes de Medicina e Enfermagem no 39º Festival de Inverno da UFMG. Em cinco dias, a UFMG promoveu eventos de saúde nas praças, em asilos e creches de Diamantina. Além do benefício dessas ações para a população, existe um outro propósito da Universidade em realizar serviços de atendimento dentro de um projeto como o Festival de Inverno. “É uma oportunidade única para os alunos dos cursos da área de saúde da Universidade. Eles experimentaram novas experiências, muito diferentes da rotina de laboratórios, clínicas e das salas de aula”, comenta Ana Lúcia Starling, assessora para assuntos da área de Saúde da UFMG.

Relevância social

Dois oito “Objetivos do Desenvolvimento do Milênio” definidos, em 2000, pela Organização das Nações Unidas (ONU), por exemplo, pelo menos cinco são perseguidos diretamente por projetos realizados nos cursos da área de Ciências da Saúde da UFMG. Um dos projetos é o Programa Estadual de Triagem Neonatal de Minas Gerais, do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad), da Faculdade de Medicina. Credenciado pelo Ministério da Saúde como referência no Estado, o programa de triagem neonatal contribui para reduzir a mortalidade infantil, um dos maiores desafios da humanidade. De acordo com o site da ONU, anualmente, seis milhões de crianças morrem de má nutrição antes de completar cinco anos.

O Laboratório de Triagem Neonatal do Nupad é responsável pela realização gratuita dos exames conhecidos como “testes do pezinho” em 98% dos recém-nascidos em Minas Gerais. O programa atende os 853 municípios do Estado, não só através dos testes, mas também do acompanhamento médico e distribuição de medicamentos para a população.

O teste detecta doenças que matam ou deixam seqüelas em crianças, entre elas, a toxoplasmose congênita, que se não for diagnosticada e tratada a tempo, pode causar lesões oculares e até cegueira, além de outros distúrbios. O projeto piloto para a triagem da doença revelou uma alta incidência de casos no Estado. Pelo menos 140 mil crianças foram examinadas e a toxoplasmose congênita foi encontrada em um de cada 1.100 nascidos vivos.

O ensino das Ciências da Saúde passou por transformações profundas, integrando as áreas do conhecimento
O ensino das Ciências da Saúde passou por transformações profundas, integrando as áreas do conhecimento

O diagnóstico precoce dessas e outras doenças garante intervenções imediatas no tratamento das crianças e acompanhamento das famílias, o que contribui para a redução das seqüelas e casos de mortalidade infantil no Estado. Para José Nélio Januário, professor da UFMG e diretor do Nupad, além da prestação de serviço à população, o programa também leva a outros resultados importantes. “Todo o tripé ensino, pesquisa e extensão defendido pela Universidade é aplicado fora dela, o que permite uma forte interação da UFMG com o Estado, através desse contato direto com as famílias. Além disso, é a possibilidade de aplicar as pesquisas que desenvolvemos e ver o retorno imediato delas”, analisa.

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