Revista da Universidade
Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular
Formação ampla e crítica
Estar atento ao mundo dos negócios, ler sobre a realidade econômica e social não só do próprio País, aprender línguas e dominar habilidades como informática e técnicas de relações de trabalho eram vantagens competitivas do bom administrador de empresas. Atualmente, essas são apenas as características básicas da área. A opinião é do renomado administrador, Secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Wilson Nélio Brumer.
Eber Faioli |
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Bernardo Vieira Coelho (de frente): profissão oferece muitas possibilidades |
Ex-presidente da Companhia Vale do Rio Doce e da Acesita, Brumer convive com grandes e rotineiras decisões em empresas há quase trinta anos. Ele lembra que, quando escolheu Administração, tinha consciência do que queria. “Fazer o curso foi fundamental para mim. Permitiu-me abrir os horizontes, a cabeça. Quando você está estudando, pode até sentir algumas insatisfações, mas, depois, acaba percebendo como é importante ter-se preparado teoricamente. Mas acho também que o futuro profissional não deve chegar ao mercado de trabalho sem antes fazer estágios. Isso lhe oferece mais segurança”, afirma.
A opinião coincide com a da professora Míria Miranda de Freitas Oleto, Coordenadora do Colegiado do curso na UFMG. Para ela, o estágio, obrigatório a partir do sexto período, é uma oportunidade de o aluno se expor e perceber, no dia-a-dia das instituições públicas e privadas, as várias oportunidades de atuação que ele terá como gestor. Míria já presenciou diferentes mudanças no currículo da Administração, porém assegura que, em todas elas, o melhor do curso foi preservado. Atualmente, ele está se adaptando à chamada flexibilização – uma nova forma de encarar a formação universitária e que oferece ao aluno a chance de elaborar um currículo mais variado. Na Administração, diz Míria, a formação do aluno já é bastante ampla e crítica em relação ao processo do qual participará, pois a grade curricular prepara o futuro gestor para lidar não só com técnicas e metodologias.
O curso – pluralista, porém com enfoques em Finanças, Marketing, Produção e Recursos Humanos – aguça o conhecimento das relações humanas, políticas e sociais. O aluno tem aulas não só de Matemática e de Economia, mas também de Filosofia, Sociologia e Ciência Política. “O administrador deve interessar-se pela sociedade em que vive, tem de conhecer os contextos culturais, econômicos e políticos”, ressalta Míria, lembrando que a alienação é contramão para quem pretende interferir na busca de soluções de gestão de qualquer tipo de instituição, seja ela pública ou privada.
Na última década, a competição entre as instituições e o atendimento de demandas sociais tomaram rumos bastante diferentes e exigiram capacitação abrangente. “E é claro que isso se refletiu no mercado de trabalho e na formação do profissional que atenderá a esse mercado”, assinala Míria. Segundo ela, o curso oferece esse diferencial, além de apresentar ao aluno a oportunidade de um vasto campo de pesquisa, facilitado pela presença dos cursos de Pós-Graduação no Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração – CEPEAD.
A presença do administrador faz-se necessária em todas as áreas da vida de uma pequena ou grande empresa, de órgãos públicos, de organizações não-governamentais ou do terceiro setor, etc. “É uma profissão que oferece muitas possibilidades”, constata Bernardo Vieira Coelho, aluno do quinto período e diretor da UFMG Consultoria Júnior (UCJ), empresa montada e gerida pelos alunos dos três cursos da Faculdade de Ciências Econômicas – Administração, Economia e Ciências Contábeis – para o atendimento de projetos de gestão envolvendo, principalmente, micro e pequenas empresas.
Eber Faioli |
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Míria Oleto: administrador precisa interessar-se pela sociedade em que vive |
Bernardo acredita que a UCJ capacita ainda mais do que estágio em empresa ou órgão público, porque permite uma atividade intensa e integrada, na qual o aluno tem a chance de atuar de forma ativa. “Na UCJ, com orientação dos professores, você toma as decisões, encontra as soluções e vai atrás da melhor forma de aplicá-las”, salienta.
A UCJ oferece consultoria nas áreas de Recursos Humanos, Finanças, Qualidade, Marketing e Cenário Econômico. Os projetos geralmente passam por todas essas áreas e, por isso, os alunos responsáveis têm uma visão abrangente. Participar da UCJ é uma escolha que exige dedicação. A procura por uma vaga entre os alunos dos três cursos da Face é grande, e o processo de seleção é apertado. Em 2002, 65 estudantes disputaram 15 vagas. Os membros da UCJ trabalham afinados com os professores e recebem por participação nos projetos que são vendidos para os clientes. “A fila de pedidos de projetos é grande e nem sempre temos condições de atender a todo mundo”, ressalva Bernardo.
Desde o segundo semestre, o curso de Administração apresenta outra oportunidade para alunos exercitarem a prática. Foi criada a Agência de Empreendedorismo, uma incubadora de novas empresas voltadas para o setor de serviços e terceiro setor, aberta tanto à comunidade universitária quanto à externa.
O curso de Administração é diurno e noturno. São ofertadas cem vagas por ano. No diurno, as aulas são pela manhã e, eventualmente, à tarde. O tempo mínimo de integralização é de oito semestres e o máximo, de 14 semestres. Apesar de ter a mesma grade curricular, o curso noturno é mais longo. São dez semestres, no mínimo, e 17, no máximo. A diferença, ressalta a Coordenadora Míria Oleto, reside na necessidade de o aluno, que normalmente trabalha durante todo o dia, ter um prazo maior para sedimentar os conhecimentos.