Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


Editorial

Entrevista
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Outras edições

Das pinturas rupestres à era tecnológica

Ciências Contábeis

Contadores têm o desafio de considerar, no dia-a-dia, os contextos econômicos, políticos, sociais e culturais

Com quase duzentas obras publicadas e 57 anos de formado, o mineiro Antônio Lopes de Sá, um dos mais conhecidos contadores do País, está mais atuante do que nunca. Quando elegeu as Ciências Contábeis, não podia imaginar a velocidade com que se dariam as transformações na profissão, mas nunca se deu por vencido. Ao contrário, Lopes de Sá é um estudioso incansável, reconhecido em diversas partes do mundo, e tem na ponta da língua os momentos e fatos históricos que inovaram, ao longo dos anos, a atuação do contador. A percepção das mudanças é, para ele, uma das mais importantes características desse profissional. Afinal, se a Terra gira rápido, mais ainda roda o mundo das finanças e, conseqüentemente, transformam-se os desafios impostos aos contadores.

Eber Faioli

Diante de tanta autoridade no assunto, expressa por centenas de condecorações e títulos conquistados no País e na Europa, Lopes de Sá está convicto: “Hoje, quem não tiver uma contabilidade de nível superior não sobrevive no mercado”. Para ele, mesmo os pequenos negócios necessitam das orientações de um contador profissional. O motivo é simples e resume-se na evidência de que as Ciências Contábeis são muito mais do que complicadas e exatas escriturações sobre a vida de instituições públicas e privadas. As Ciências Contábeis são o caminho para se conhecer profundamente o passado, o presente e o futuro de qualquer instituição e, a partir daí, prevenir erros e recomendar acertos.

As possibilidades para o contador são tantas, que dificilmente enfrentará o desemprego, desde que, ressalta Lopes de Sá, seja um profissional que cultive o gosto pelo saber e pelas descobertas, sem menosprezar as bases do conhecimento na área. Afinal, a Contabilidade é uma prática evidenciada até mesmo em inscrições rupestres de mais de 15 mil anos. Talvez por isso, evoluiu como uma ciência instigante, com novos e constantes desafios. Basta observar as incríveis transformações que ocorreram nas práticas contábeis apenas na última década, com a enxurrada tecnológica, a criação e o fortalecimento de mercados comuns, as grandes concentrações de capital, o devastador rolo compressor das especulações financeiras, as questões geradas pela Bioética e pela devastação do meio ambiente, e outras.

A Contabilidade caminhou ao lado dos acontecimentos por uma questão de sobrevivência. E foram os problemas e as soluções surgidas em todas as áreas da convivência humana que deram vazão à criatividade e às adequações do fazer do contador, no qual coexistem métodos e parâmetros observados durante o Império Romano e nos dias de hoje. O contador é o profissional que sabe, por exemplo, expressar, no balanço patrimonial da empresa, desde as mais simples transações bancárias até o capital intelectual que a ela pertence e a valoriza. É, antes de tudo, o profissional que sabe lidar com informações dessa natureza sem superestimar os registros, mas, buscando compreendê-los, considerando contextos econômicos, políticos, sociais e culturais.

Segundo o Coordenador do Colegiado do curso de Ciências Contábeis da UFMG – um dos três da Faculdade de Ciências Econômicas –, professor José Wagner Morais de Paiva, o mercado de trabalho para o contador está cada vez mais em ascensão, pois é impossível para as instituições públicas e privadas sobreviver sem o domínio das finanças que lhes ditarão o desempenho. “Hoje, a sociedade percebe que a Contabilidade não se resume em mostrar números e atender às legislações fiscais e tributárias”, assinala.

Desastres ambientais, como o causado pela mineira Indústria Cataguases de Papel Ltda., em abril passado, poderiam repercutir menos na vida financeira e social da empresa se esta tivesse previsto, em seus registros contábeis, o passivo ambiental que a sujeitava e à região, destaca José Wagner – uma área emergente na Contabilidade é a atenção à responsabilidade social das instituições. O balanço social, diz ele, é apenas mais um dos novos procedimentos que o profissional deverá estar apto a realizar. Para tanto, é fundamental um curso que não apenas dê atenção a uma formação sólida nos conceitos doutrinários e científicos, mas também motive o aluno a refletir sobre o meio, valorizando igualmente atividades práticas, ensino, pesquisa e extensão.

Eber Faioli
Denise Bernardes: curso incentiva a pesquisa e os estudos acadêmicos

Na UFMG, Ciências Contábeis é um curso com tempo mínimo de integralização de dez semestres, ao contrário de algumas faculdades, que adaptaram seus cursos para apenas oito semestres. “Nós sabemos que precisamos de cinco anos para formar o profissional com o perfil que privilegiamos e, por isso, não vamos abrir mão da qualidade do curso”, ressalta José Wagner, lembrando que o curso é, desde sua origem, noturno. “Inaugurado em 1945, um dos pioneiros do País, a opção pelo turno da noite tem-se mostrado uma decisão acertada. Nossos alunos são extremamente responsáveis. São muito jovens, mas revelam que sabem o que querem da Universidade”, garante.

A estudante Denise dos Reis Bernardes, de 24 anos, atende a esse perfil. No nono período, ela carrega a certeza de seu futuro: “Quero ser professora da Universidade Federal de Minas Gerais. Vou-me dedicar a pesquisas e a consultorias”. Desde o segundo período, Denise vem trilhando o caminho que delineou para si. Ela trabalhou em projetos de pesquisa sobre Contabilidade Internacional, no Sistema de Bolsas da Faculdade, e, agora, se dedica a um projeto próprio, dentro do Núcleo de Pesquisa do Departamento de Ciências Contábeis, sobre Contabilidade Social. Durante esse tempo, Denise também não dispensou o aprendizado em empresas e trabalhou numa firma de auditoria multinacional. “Na minha sala, no sexto período, quase todo mundo já estava empregado, não era nem estagiário”, lembra ela. Com participações em congressos nacionais e internacionais, a estudante atesta o apoio que obteve. “Também nesse aspecto o curso é excelente. Você recebe toda a atenção necessária e é muito incentivado à pesquisa e aos estudos acadêmicos”, salienta.