Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


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Curso ensina aluno a ser agente do desenvolvimento em setor em franca expansão no Brasil

Foca Lisboa

Até bem pouco tempo, Maria da Fé, a 600 quilômetros da Capital mineira, era conhecida apenas por seu clima gelado. Mas, nos últimos anos, o turismo ganhou força e a economia da cidade, que girou durante décadas em torno da cultura da batata, vislumbrou nova perspectiva. Ali, o turismo é fruto de um plano de desenvolvimento sustentável e de um projeto apoiado em atrações e ações que respeitam o patrimônio natural, cultural e artístico. Apontado como a atividade econômica do presente e do futuro, o turismo é capaz de modificar vidas e realidades desfavoráveis.

Em Maria da Fé, ele foi articulado num plano de desenvolvimento a médio e longo prazos que envolveu diferentes atores sociais. A historiadora Jussara Rocha, técnica do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), responsável pelo programa na região, lembra que a estruturação do turismo local esteve sempre centrado na melhoria da qualidade de vida da população. “Há sete anos, lá não tinha nada, a não ser a paisagem; hoje, nós e a população percebemos, na prática, a diferença desse tipo de ação quando ela está apoiada no planejamento”, diz.

Jussara ressalta que os moradores entenderam a importância do turismo na vida deles, inicialmente, apenas como uma atividade alternativa ao declínio da cultura da batata, mas, depois, como uma opção econômica forte e viável. “Isso fez com que a cidade se abrisse e tomasse outra feição”, analisa ela. Tudo foi feito dentro de uma programação, sustentada pelo princípio de que os benefícios deveriam atingir o maior número de pessoas possível. Daí um dos pontos fortes do programa ser o estímulo ao associativismo e ao cooperativismo, o que ficou muito bem retratado no desenvolvimento do produto artesanal. “Os artesãos se reuniram nessa lógica e criaram um artesanato que, além de bonito e de qualidade, revela aspectos da cultura deles, tem identidade e, por isso, mercado”, assinala Jussara.

“O turismo, como uma atividade econômica sustentável, tem que fazer parte de uma construção coletiva”, reforça outra técnica do Sebrae, Regina Faria. Para ela, o ideal é que o planejamento impulsione o mercado do turismo. Quando acontece o contrário, ressalta, o risco de degradação do “produto” é muito grande. No Brasil, sobram exemplos dessas explosões turísticas, em que a demanda mal elaborada contribuiu para um desenvolvimento desordenado, que influenciou negativamente a atividade, às vezes, a principal possibilidade econômica do local.

Antônio Laia

Maria da Fé, afirma Jussara, é um exemplo da atuação possível e desejável dos profissionais envolvidos com a realização do turismo e, também, um alerta: “É impressionante como, no Brasil, estamos precisando de profissionais que percebam o turismo sob o ponto de vista do planejamento. É um campo vastíssimo, mas que exige grande dedicação”, afirma. Ela explica que é preciso estudar muito, conhecer profundamente não apenas as atrações locais e os mecanismos de se implantar empreendimentos. “Você deve se preocupar tanto com a forma de organização das pessoas quanto com a qualidade dos serviços que estão sendo oferecidos”, frisa.

Para se trabalhar com o turismo como proposta de desenvolvimento sustentável, é necessário ir além da difícil tarefa de implantar hotéis, agências de viagem, bares e restaurantes. É preciso conhecer bem o processo de formação cultural e socioeconômico das cidades e das populações e, enfatiza Regina Faria, “ter uma visão macro e ser bom articulador”. Na opinião dela, a profissionalização do turismo no Brasil requer pessoas que tenham capacidade técnica e percebam a importância da participação. “Não é fácil. Calcula-se que o turismo tenha interface com 52 setores diferentes, que impactam a vida de todo cidadão”, pondera.

O turismólogo é, antes de tudo, um agente do desenvolvimento e, segundo o professor Allaoua Saadi, Coordenador do Colegiado de Graduação em Turismo, o futuro profissional formado pela UFMG – o curso fará, em 2004, seu segundo Vestibular – saberá “enxergar o espaço turístico como expressão das relações socioeconômicas”, mas se diferenciará por saber “enfocar mais a reflexão sobre a organização racional do espaço do que sobre a aplicação de receitas para a implantação de unidades hoteleiras ou agências de viagem”.

Segundo o Coordenador, o curso é orientado, principalmente, para o planejamento em base territorial, o que lhe confere grande investimento em disciplinas que tratam da organização dos espaços físico, econômico e social. Aluno do terceiro período, Rafael Alves Ribeiro, de 20 anos, concorda. “Não é um curso voltado simplesmente para os negócios de turismo, mas também para o planejamento”, afirma. Técnico em Turismo pelo Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), Rafael optou por Turismo, considerando natural a escolha, pois encara o curso como um aprofundamento do que viu no Ensino Médio.

Foca Lisboa
Diogo acredita no Turismo como “profissão do futuro”

Apesar disso, ele tem-se surpreendido com as novidades. “Tem muito conhecimento que vem da Geografia, da Geologia, da Administração, da Economia que é diferente do que eu já tinha visto”, conta. O curso de Turismo na UFMG atende expectativas como a de Rafael e satisfaz quem procura centrar seus estudos na gestão dos negócios gerados a partir dessa atividade, porque o estudante fará, no quinto período, a escolha de uma das ênfases: Planejamento Integrado do Turismo e Gestão de Empreendimentos Turísticos. A segunda opção é a que atrai Diego Salomão, de 19 anos, um dos candidatos neste vestibular. Técnico em Turismo, ele planeja montar uma agência voltada para o turismo de aventura. “Penso que o turismo será a profissão do futuro, porque é capaz de se desenvolver em praticamente todos os lugares e gerar muitos empregos. Mas sei que, se tudo não for muito bem administrado, ele se torna apenas uma atividade predatória”, afirma Diego, que já fez alguns estágios para atender a obrigação curricular do Curso Técnico. Foi em um desses estágios, numa agência de turismo, que ele se entusiasmou pela idéia de tornar-se empresário da área.

O proprietário de uma das maiores agências do ramo no qual Diego planeja atuar, o administrador Gustavo Timo, sente-se realizado. Aos 26 anos, ele observa que o turismo no Brasil tem profissionalizado bastante, forçado pela forte concorrência. “O cliente está cada vez mais exigente”, resume. Timo escolheu o setor por causa da sua própria experiência como turista. “Tive a oportunidade de viajar muito e vi que o Brasil tem grande potencial ainda inexplorado”, assinala, ressaltando que pretende investir na sua formação como turismólogo.