Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


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As primeiras interrogações ninguém esquece

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Educação Física

Alunos descobrem que atividade física vai além de quaisquer quatro linhas e exige comprometimento social

Divulgação

O técnico da Seleção Brasileira de Vôlei Juvenil feminina, o mineiro Wadson Lima, avalia a formação em Educação Física como fundamental para sua carreira de treinador. Para ele, o ensino ou treinamento das diferentes modalidades esportivas e de outras práticas do movimento do corpo não podem prescindir da profissionalização. “Com a evolução das ciências que revelam o corpo humano é, atualmente, difícil alguém que não tenha passado pela Escola ter condições de acompanhar as necessidades da área”, reflete.

A posição defendida por Wadson é cada vez mais freqüente no meio em que o objetivo é o corpo em movimento, independentemente de o estímulo ser o esporte, o treinamento ou atividades socioeducativas. A Escola de Educação Física tem papel preponderante nessa batalha pela profissionalização num mercado de trabalho bastante ocupado por leigos. Professores e alunos, ressalta a professora Meily Assbu Linhales, são os principais agentes de uma mudança cultural que prega a profissionalização, capaz de atender plenamente as diferentes necessidades do ser humano. “Os alunos devem saber que não basta um título, mas uma intervenção profissional de qualidade. Num primeiro momento, eles acreditam que o curso de Educação Física é composto apenas de esporte e lazer, mas, depois, deparam-se com uma realidade bastante diferente”, observa a Professora.

Por isso, o candidato a uma vaga na UFMG deve eliminar totalmente a idéia de que passará quatro anos “rolando bola”, resume Meily. O curso de Educação Física, nas modalidades Licenciatura e Bacharelado, mantém o equilíbrio entre aulas práticas, nas quadras, na piscina, nos vários laboratórios, e embasamento teórico sobre o ser humano em sua complexidade biológica, psicológica e sociocultural. Meily ressalta que a atuação desse profissional, há muito tempo, está associada aos conhecimentos que vão além das técnicas didático-pedagógicas, esportivas, recreativas ou de treinamento. “Quem acha que a profissão é eminentemente prática está perdendo terreno para os profissionais que têm um arcabouço teórico que leva à reflexão”, assinala ela. Wadson Lima concorda e garante que é impossível para os que lidam com o esporte ocuparem-se apenas com a mecânica do movimento ou com as táticas de jogo. “Não dá para limitar qualquer trabalho a isso. O profissional tem que conhecer muito bem Fisiologia, Biomecânica, Cinesiologia e Psicologia”, defende. De acordo com Wadson, os profissionais da área atuam, antes de tudo, na saúde. “Não podemos perder essa perspectiva, mesmo estando nas quadras em busca de resultados, às vezes, muito imediatistas”, afirma. Formado em 1977, Wadson diz que foi jogador de vôlei e, por isso, fez Educação Física.

Arquivo pessoal
Alan participa do Sarandeiros e já deixou de lado o preconceito contra o magistério

Foi, também, a familiaridade com esportes e danças o que levou Adriane Vaz de Melo a optar pelo curso. Muito antes de se formar, em 1985, ela era professora de balé e jazz, além de ter experiência como atleta de natação e de ginástica aeróbica, e sentiu que, para continuar na profissão, deveria procurar um conhecimento especializado, que visse o ser humano como um todo e nos seus detalhes. “Eu precisava me aprimorar, porque trabalhava praticamente só com a técnica e não entendia o ser humano na sua complexidade”, conta ela, que, paralelamente à Educação Física, cursou Biologia em Universidade particular. Depois de se formar, Adriane entendeu que seu universo de trabalho se havia ampliado. “Passei a ver a Educação Física com outros olhos, porque saquei que poderia ajudar mais pessoas a encontrar qualidade de vida com a atividade física”, diz ela.

Durante muito tempo, Adriane foi professora no Ensino Médio e há cerca de 20 anos trabalha numa academia de natação em Belo Horizonte, onde foi precursora das aulas de hidroginástica, uma modalidade, naquela época, sem qualquer expressão no País. Para isso, ela se preparou participando de cursos, inclusive no exterior. Trabalhar com a educação física, diz Adriane, requer sempre muita reciclagem e aperfeiçoamento. “Nunca estou parada, porque acredito na responsabilidade social da minha profissão. Somos agentes facilitadores da busca consciente da saúde”, afirma, ressaltando a importância do papel do profissional na inclusão social de grupos marginalizados, como obesos, idosos ou portadores de deficiências. “Nas atividades físicas, as pessoas interagem e o processo de socialização é muito intenso”, destaca.

Prestes a concluir a Licenciatura, tendo cursado quase todas as disciplinas do Bacharelado, Roque Silva Luz, de 22 anos, faz planos como professor nas escolas de Ensino Fundamental e Médio. “É o que quero, porque sei que vou ajudar crianças a se preparar para a vida”, argumenta, adiantando que pretende partir para um curso de especialização na área escolar, assim que se formar.

Apesar das inúmeras atividades que envolvem o profissional de Educação Física – nas academias de ginástica, nos clubes esportivos, nos centros de pesquisas, nos projetos sociais de organizações não-governamentais e até em hospitais e empresas –, é o magistério o que mais atrai os estudantes. Quando estava no segundo período, Roque começou a fazer estágio numa academia de ginástica, experiência que não recomenda. “Como o mercado é muito aberto, a gente consegue se colocar rapidamente, quando está no início dos estudos, mas só depois entende que precisa de base para começar a trabalhar com consciência”, explica. O que Roque aconselha ao futuro aluno é aproveitar ao máximo as oportunidades que a UFMG oferece em termos de pesquisa e extensão. É o que está fazendo Alan Andrioni Fernandes, de 19 anos, aluno do terceiro período. Ele participa do Sarandeiros, grupo de dança folclórica, formado na Escola de Educação Física, que se apresenta sistematicamente no País e, também, no exterior.

Eber Faioli
Parte das aulas práticas acontece no Centro Esportivo Universitário (CEU)

Em julho passado, Alan fez sua primeira viagem internacional com o grupo e conheceu o Canadá e a Espanha. Para ele, o curso tem sido uma caixinha de boas surpresas. Quando optou pela Educação Física, Alan pensou na sua afinidade com o futebol e com a musculação. “Eu achava que seria um curso fácil, mas não é”, diz, garantindo que suas expectativas foram em muito superadas. “Aqueles que pensam que vão ficar só jogando, brincando, quebram a cara. Vemos muita teoria e quem quer ser bom profissional precisa se dedicar”, assinala.

Até mesmo o interesse inicial de Alan pelo futebol mudou. “Antes, falava que não seria professor de jeito nenhum, agora não penso assim”, diz, acrescentando: “Aprendi o quanto posso influenciar positivamente na vida do aluno, trabalhando a socialização dele, a conscientização das vantagens das atividades físicas. A Educação Física nas escolas não pode ser encarada apenas como uma aula de recreio, sem objetivos”.