Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


Editorial

Entrevista
UFMG, espaço de formação crítica e cidadã

Assistência ao Estudante
Conforto de lar

Bibliotecas
Multiplicador do conhecimento

Iniciação Científica
As primeiras interrogações ninguém esquece

Diplomação
Campus aberto

Espaços da UFMG
Sua nova cidade

Ciências Agrárias
Agronomia
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Ciências Biológicas
Ciências Biológicas

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Expediente

Outras edições

Quem me levará sou eu

Comunicação Social

Perfil interdisciplinar do curso leva alunos a transitar por diversos campos do conhecimento

Ilustração de Rita da Glória com fotos de Foca Lisboa

Depois das alterações curriculares iniciadas em 2000, a Comunicação Social ganhou nova face. Tramadas sob uma orientação que conjuga a prática e o saber teórico e amparado na necessidade de reflexão sobre o modo de fazer, as mudanças pretenderam moldar um novo tipo de profissional, com maior autonomia, iniciativa e capacidade de encontrar soluções diante de um mercado de trabalho em intensa transformação. “O aluno não tem mais um curso, mas um percurso”, sintetiza a professora Carmen Dulce Vieira, Coordenadora do Colegiado de Graduação.

O curso de Comunicação Social oferece quatro habilitações – Publicidade e Propaganda, Jornalismo, Radialismo e Relações Públicas – e foi um dos primeiros a atender à proposta de flexibilização na UFMG. O novo currículo caracteriza-se pela diversificação das atividades didáticas – disciplinas, oficinas, laboratórios, seminários e atividades complementares – e pela possibilidade de escolha, pelo aluno, de até 50% das atividades. Além disso, o estudante poderá cursar disciplinas em qualquer outra Unidade da UFMG, integralizando uma “formação complementar”. Ainda segundo a nova proposta curricular, o estudante poderá cursar, simultaneamente, mais de uma habilitação.

Nessa estrutura, um aluno como Rodrigo Simão, de 21 anos, consegue conjugar seus interesses sem maiores conflitos. No sexto período de Publicidade, ele já se definiu entre as inúmeras atribuições possíveis de um publicitário – a criação, a produção e o planejamento de veiculação, em diversos meios de comunicação, de comerciais ou campanhas institucionais e outras. “Meu sonho é fazer publicidade para a televisão”, conta Rodrigo. Sua formação complementar é voltada para o cinema e, para tanto, ele faz disciplinas na Belas-Artes, onde existe uma área de cinema de animação.

Outra opção de Rodrigo será a habilitação em Radialismo, em que o profissional se dedica, principalmente, à produção de programas em emissoras de rádio e televisão, além de à produção para Internet e de vídeos independentes. “A vantagem do currículo é evidente, pois o aluno tem como interferir na sua própria formação. O tempo inteiro, ele é levado a pensar o que é melhor para si e para sua capacitação profissional”, observa Carmen Dulce.

A Professora lembra que não existem mais, na Comunicação Social, salas de aula vazias, já que muitos alunos transitam pelas atividades das quatro habilitações. Com freqüência, eles descobrem afinidades antes não reveladas e a troca de habilitações passa a ser muito comum. Foi o que aconteceu com Pedro Souza Pinto, de 21 anos, aluno do sétimo período de Relações Públicas. “Quando fiz Vestibular, queria cursar Publicidade. Aliás, das quatro habilitações do curso, a de que eu não sabia nada e que nunca tinha pensado em fazer era Relações Públicas”, lembra.

Eber Faioli
Rodrigo Simão: formação complementar em cinema para produzir publicidade para televisão

Pedro começou a amadurecer a mudança de rota durante uma viagem que fez com outros alunos da Comunicação envolvidos num projeto de extensão. “Fui percebendo que meu interesse maior era em planejamento de comunicação, principalmente voltado para mobilização social e que o Relações Públicas tem condições de fazer esse trabalho melhor que qualquer outro profissional”, recorda. O relações públicas trata da mediação entre as organizações e seus públicos por meio do planejamento da comunicação. Ele é capaz de cuidar da imagem de empresas e instituições, fazendo a ponte para os públicos interno e externo.

A definição de Pedro afastou-o, inclusive, de uma segunda habilitação, que, garante não vai fazer, mesmo já tendo “saboreado” o jornalismo. No ano passado, ele “deu um tempo” e mudou-se para o Sul do Estado, onde trabalhou no A Gazeta de Jacutinga. “Foi bom, gosto muito de apurar, de escrever, mas o período que passei lá me mostrou que eu quero mais do que isso”, diz. Mas, para Jonas Rodrigues, aluno do quinto período, o jornalismo sempre representou mais do que a obrigação de apurar e escrever. “Com o jornalismo, quero cumprir um papel de mudança”, assegura, apressando-se em explicar que não tem uma “visão romântica” da profissão.

A jornalista Ivana Moreira, correspondente, em Minas Gerais, do jornal Valor Econômico, está convicta de que o romantismo realmente não combina com o jornalismo, o que não quer dizer que o jornalista não deva ser uma pessoa imbuída de idealismo. No trato com a notícia, diz ela, o profissional precisa ter muita capacidade de avaliação e de interpretação dos fatos, o que se obtém com o exercício diário e exaustivo de uma leitura crítica não só dos acontecimentos que o cercam mas de todo o mundo.

O jornalista, lembra Ivana, tem que estar preparado para dedicar-se, muitas vezes, além do padrão de outros profissões e para enfrentar um mercado de trabalho competitivo, mas que oferece, cada vez mais, alternativas fora das redações dos veículos de comunicação e assessorias de imprensa de empresas e órgãos públicos. “É preciso reavaliar práticas, criando oportunidades e espantando acomodações”, assinala.

A visão integrada da Comunicação Social, estampada na estrutura do curso da UFMG, avalia o professor Carlos Mendonça, facilita bastante a versatilidade dos profissionais na área. “A nossa concepção de curso não é a da habilitação, mas a da comunicação social”, ressalta. Por isso, além de cursar as disciplinas e oficinas da sua habilitação, o aluno freqüentemente utiliza mais de um dos laboratórios da sua área, onde são produzidos jornais e revistas impressos, de rádio, de tv e eletrônicos, programas, campanhas e comerciais para rádio e televisão, bem como projetos de mobilização social para a comunidade. Os laboratórios constituem o “coração” da habilitação e, ainda, servem de elo com os projetos de extensão e pesquisa que envolvem professores e alunos.

Foca Lisboa
Carmen Dulce: levando alunos a pensar o que é melhor para a capacitação profissional própria

Para Zuza do Vale Nacif, de 21 anos, estudante do terceiro período, a diversidade do curso exige, muitas vezes, um novo comportamento por parte do estudante. “O aluno tem que procurar entender a estrutura do curso para não se perder e deixar de aproveitar o que há de melhor”, aconselha. E para evitar que o aluno “viaje”, o Colegiado instituiu a orientação acadêmica, que possibilita ao estudante contar com o acompanhamento de um professor durante todo seu curso, além de ter criado o Manual de Sobrevivência do Estudante de Comunicação Social, que contém todas as informações que lhe permitem percorrer o “caminho das pedras”. Mas a busca de informações sobre o curso, acredita Zuza, deve começar bem antes do Vestibular, o que combina, inclusive, com o espírito investigativo do profissional da comunicação. Zuza pode falar “de cadeira” dessa necessidade. Interessado em publicidade, televisão e teatro ao mesmo tempo, ele não sabia que a Comunicação Social poderia lhe oferecer uma formação eclética. Depois de passar na primeira etapa do Vestibular de 2001, desistiu das provas seguintes. No Vestibular de 2002, ele foi para o Rio de Janeiro, tentar Direção Teatral, também na Universidade Federal. Quando estava no meio do processo, redescobriu a Comunicação Social e inscreveu-se novamente no Vestibular da UFMG. Passou e, em pouco tempo, estava envolvido com diferentes projetos, organizando seminários, atuando como voluntário em programas de TV, ajudando na criação de um site sobre rádios comunitárias e, especialmente, estagiando no Colegiado, na orientação dos alunos sobre o curso.