Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


Editorial

Entrevista
UFMG, espaço de formação crítica e cidadã

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As primeiras interrogações ninguém esquece

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Pátria, mátria. O outro!

Letras

Versátil e na vanguarda da formação intelectual, curso abre possibilidades que vão muito além da docência

Quem escolher Letras neste Vestibular deve estar preparado para sentir de perto os reflexos de uma grande ousadia. A Faculdade de Letras (Fale) saiu na frente de toda a UFMG e de muitas outras instituições do País ao implantar novo conceito de gestão administrativa. Junto a essa novidade, o curso tem um currículo totalmente flexibilizado. No conjunto, o aluno ganhou a possibilidade de alcançar formação interdisciplinar, pois, com o fim da lógica departamental, se extinguiram também barreiras ao conhecimento.

Foca Lisboa
Literatura e grego motivaram Gabriela a fazer Letras

Segundo o Coordenador de Colegiado da Graduação, professor Jacyntho Lins Brandão, a extinção dos Departamentos – Anglo-germânicas, Vernáculas, Clássicas, Românicas, Lingüística, Semiótica e Teoria da Literatura – permite mais “recortes” no curso de Letras, já que todos os professores passam a colaborar nos diferentes núcleos temáticos existentes ou que serão criados, aumentando as possibilidades de oferta de disciplinas, algumas delas compartilhadas por professores de outros cursos da UFMG. Um exemplo é o dos estudos sobre o estilo, que propõem uma abordagem transdisciplinar, unindo professores da Faculdade de Letras e das Escolas de Belas-Artes e de Música.

A nova “versão” do curso, explica Jacyntho, amplia o perfil do profissional de Letras, porque oferece uma formação muito mais versátil. Aliás, a versatilidade sempre foi marca importante desse profissional, que possui um campo de trabalho bastante aberto e nunca limitado à docência, como muitos acreditam. Além de ocupar as salas de aulas e trabalhar em pesquisas que envolvem os mais diferentes aspectos das línguas e das literaturas, quem faz Letras está apto a seguir carreiras tradicionais – como as de redator, tradutor, revisor ou crítico literário –, mas também muitas outras, menos divulgadas – como as de consultores em empresas de comunicação, editores responsáveis por publicações de editoras, leitores críticos de originais, resenhistas, promotores culturais, foneticistas e outras.

O curso de Letras é oferecido pela UFMG em dois turnos (diurno e noturno) e possui Bacharelado e Licenciatura. A opção do turno deve ser feita no ato da inscrição ao Vestibular. Já a habilitação e a modalidade (Bacharelado ou Licenciatura) são escolhidas depois de iniciado o curso, sendo possível mudar qualquer delas, caso o aluno descubra que sua aptidão ou interesse vão em outra direção. Além disso, o estudante pode completar mais de uma habilitação e, também, mais de uma modalidade.

“O aluno da Licenciatura, que se prepara especialmente para ser professor, pode atuar em todas as áreas possíveis do Bacharelado, mas o do Bacharelado não pode dar aulas no Ensino Médio e Fundamental”, adverte o Coordenador do Colegiado. No curso diurno, são oferecidas habilitações em Português, Francês e Italiano (Licenciatura); Inglês (Licenciatura e Bacharelado); Grego, Latim e Lingüística (Bacharelado). No noturno, as opções são Português, Inglês e Alemão (Licenciatura e Bacharelado) e Espanhol (Licenciatura).

A liberdade de montar o currículo é uma grande vantagem, diz Gabriela Gazzinelli, de 21 anos, aluna do quinto período de Grego e de Português. Atraída para o curso de Letras depois de freqüentar, por um ano, a Faculdade de Direito, ela lembra que, mesmo tendo optado inicialmente por outro curso, nunca abandonou a idéia de estudar na Fale. “Fiz várias matérias ali enquanto estudava Direito e isso me ajudou a decidir”, conta. Gabriela está unindo duas paixões: a literatura e o grego. Ao escolher uma língua pouco falada e estudada, ela pretende satisfazer curiosidades que despertaram muito cedo. “Sempre tive interesse especial pela Filosofia”, diz, lembrando que a mãe é professora de Filosofia. Antes de entrar para a Universidade, Gabriela havia lido vários filósofos gregos e, também, livros de Mitologia. O mercado de trabalho não a preocupa. “Apesar de o campo de atuação do professor de Grego ser pequeno, é também reduzido o número de formados nessa área. Uma coisa compensa a outra”, calcula.

Essa também é a escolha de Laura Camisassa Lobato, de 22 anos, aluna de Licenciatura do sétimo período de Português, no turno da manhã. “Minha intenção sempre foi ser professora da nossa língua”, conta. O curso abriu novas possibilidades para Laura, que planeja fazer Mestrado em Lingüística, especializando-se em estruturas sonoras. “Quero dar aulas no Terceiro Grau, mas, se precisar ser professora do Ensino Médio ou Fundamental, vou gostar”, assegura a estudante. Phillip Moura, 20 anos, aluno do quinto período de Licenciatura em Português, no noturno, também pretende ser professor. “Eu quis fazer Letras porque sou apaixonado pela nossa língua e senti o desejo de estudar Português a fundo, sob todos os aspectos”. Entretanto, ele pensa, também, em pedir continuidade de estudos em Bacharelado em Latim, tão logo termine sua primeira habilitação.

Gina Nogueira

Professora há mais de 20 anos na rede municipal de ensino de Belo Horizonte, Graça Sette garante que essa é uma opção profissional muito instigante, mesmo com todos os problemas de salário e de estrutura de trabalho enfrentados pelos docentes. Autora de livros didáticos, Graça defende a idéia de que o formado passe por um período de prática antes de se voltar para a especialização, mesmo reconhecendo que o mercado de trabalho está exigindo cada vez mais imediatismo nas qualificações. “A sala de aula é também um aprendizado”, argumenta. Segundo Graça, ser professor é uma maneira de permanecer jovem. “Porque você estará em contato com o novo o tempo todo, apesar de as escolas serem muito tradicionais e inovarem pouco”, avalia. Graça garante que os professores não convivem apenas com problemas nas escolas. “Para mim, educação é tudo e a gente precisa acreditar na utopia. Vivenciar um processo de socialização de um aluno que, às vezes, faz parte da primeira geração da família que vai à escola é muito bom. Com alunos assim, o professor percorre o caminho para a cidadania e nós sabemos da importância disso, principalmente quando estamos diante de pessoas cujas deficiências educacionais são grandes”, assinala.

A sala de aula foi escolha de Sônia Junqueira apenas durante um curto período. “Eu sou inquieta, agitada. Sabia que não poderia seguir na Academia por muito tempo”, diz ela, que se tornou editora de livros, além de autora de livros de literatura infantil e didáticos. Depois de dar aula na Faculdade de Letras por dois anos, nos idos de 1970, Sônia decidiu se mudar, com a cara e a coragem, para São Paulo, onde iniciou a carreira como editora-assistente na Editora Abril. Ela passou por várias outras editoras até decidir voltar para Belo Horizonte, onde é diretora editorial. É uma profissão, avalia Sônia, que não tem de ser exercida necessariamente por pessoas da área de Letras, mas a sua formação ajudou-a muito. “É fundamental que a pessoa se interesse por leituras variadas; que seja bem informada; que tenha e saiba reconhecer um bom texto. Tudo isso é bem provável que você encontre nos formados em Letras”, afirma. Ela lembra que as editoras trabalham, atualmente, com praticamente todas as etapas terceirizadas, encomendando serviços de tradutores, de revisores, ilustradores, leitores críticos e, também, consultores por áreas. “Editar é sempre um trabalho em equipe”, ensina.