Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


Editorial

Entrevista
UFMG, espaço de formação crítica e cidadã

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Conforto de lar

Bibliotecas
Multiplicador do conhecimento

Iniciação Científica
As primeiras interrogações ninguém esquece

Diplomação
Campus aberto

Espaços da UFMG
Sua nova cidade

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Biblioteconomia

Ao contrário do antigo guarda-livros do romance de José Saramago, profissional da área atua gerenciando informação em suportes de tecnologia de ponta

Foca Lisboa

Faça uma pausa e tente quantificar o volume de informações que é gerado por minuto no mundo. Quantos livros, jornais, revistas, documentos, relatórios, folders, catálogos, mapas, fotos, vídeos, filmes, programas de TV, CDs de música, homepages, e-mails estão surgindo a todo momento? Certamente, essa é uma conta impossível de ser feita, mas que remeterá sempre a uma indagação. Como e quem poderá lidar com tamanho volume de registros, fruto de uma realidade mundial, presente em qualquer nível das relações pessoais ou institucionais?

A resposta está numa das mais antigas profissões e que nem por isso escapa de dilemas que refletem as evidentes transformações do meio, que mexem, inclusive, com a sua própria caracterização. O bibliotecário continua bibliotecário ou talvez o termo já não consiga expressar o profissional que se distanciou anos-luz da velha imagem que insiste em acompanhá-lo – a de um catalogador, arquivista e atendente enfurnado em pequenas ou grandes bibliotecas. As necessidades construídas na chamada “sociedade da informação” transformaram completamente esse profissional, hoje um gestor do mais precioso bem, ao lado do capital humano, de qualquer instituição: a informação.

Há quase 20 anos, a empresária Rosália Paraíso de Paula já percebia a questão que, ainda hoje, movimenta a Biblioteconomia. Formada na UFMG, ela lembra que, logo de início, entendeu que seu espírito não combinava com o do profissional fechado entre quatro paredes, que não se envolvia com os processos e que se conformava com uma simples organização funcional de vários tipos de documentos. “A visão predominante era a de armazenar, pura e simplesmente”, recorda Rosália, dona de uma empresa que ajudou a mudar o conceito que envolve preservação e acesso a qualquer tipo de informação gerada e registrada, seja ela um simples memorando ou sofisticados bancos de dados.

Nascida para criar e organizar arquivos empresariais, um filão muito pouco explorado na época, logo a empresa era levada a repensar sua atuação, pois, já na década de 80, começavam a ficar claras as demandas geradas pela globalização da economia, pela diversificação das mídias, pelas vantagens tecnológicas oferecidas pelos computadores, pelo início da popularização das redes virtuais. O novo profissional de Biblioteconomia, segundo Rosália, deve pensar a preservação e o acesso à informação a partir das diferentes tecnologias, prevendo a agregação de valor.

Eber Faioli
Rosália garante que o mercado está aberto

A maneira como a informação é tratada ou flui nas instituições, ressalta Rosália, determinará o ritmo e a presença delas no cenário em que atuam. Com a experiência de empresária, que treina e contrata equipes para executar serviços em grandes empresas – como a Petrobras e a Ambev –, Rosália garante que o mercado de trabalho está aberto. “Falta mão-de-obra especializada”, assinala. Para ela, é preciso que esse profissional tenha formação ampla, conheça a tecnologia e seja capaz de gerenciar.

Para Alaor Messias Júnior, Diretor da Escola do Legislativo, da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, o debate em torno da profissão preconiza uma mudança de paradigma, porque o conhecimento do bibliotecário se aplica a uma enormidade de funções que, há muito tempo, não se limitam às bibliotecas e, mesmo no âmbito destas, assumiram caráter muito diversificado. Formado em 1989, também na UFMG, Júnior destaca a importância de o bibliotecário encarar suas habilidades técnicas na interface com outras profissões.

“Nosso conhecimento ajuda muito o pessoal da informática na criação de bancos de dados. Somos importantes no planejamento e na concepção de novos sistemas, mas é preciso que os envolvidos saibam disso”, adverte Júnior, apontando certa timidez dos profissionais da área em assumir um papel diferenciado do que sempre foi a marca da profissão. “Os bibliotecários reclamam muito que não são valorizados, mas acho que a valorização é tarefa nossa”, afirma, destacando a necessidade de esse profissional investir na carreira, aperfeiçoando-se e acumulando conhecimentos em diversas áreas, em suma, especializando-se.

Quando ingressou na Assembléia Legislativa, Júnior foi trabalhar no Departamento de Informação e Documentação e começou a envolver-se com bancos de dados, arquivos e bibliotecas voltados para legislação. “Com certeza, é preciso que você se aprofunde na área quando realiza um trabalho direcionado semelhante ao meu. Para atender ao público, você deve saber do que está cuidando”, diz. A dedicação foi rigorosa e, atualmente, Júnior termina o curso de Direito.

Eber Faioli
Vilma encara o atendimento ao público como uma tarefa estimulante

Apaixonada pela profissão, Vilma Carvalho de Souza, chefe da biblioteca da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG (Fafich), nunca se descuidou da própria formação. “Sempre me preocupei em me capacitar”, diz ela, formada em Letras e com especialização em diferentes áreas. No momento, ela freqüenta curso de Engenharia de Software e planeja, para o próximo semestre, a Pós-Graduação lato sensu em História da Ciência. Vilma destaca que o mercado passou a exigir muito mais do profissional bibliotecário. “É preciso se adaptar às exigências e estar sempre disposto a conhecer mais. O atendimento, numa biblioteca, nunca pode ser superficial, porque o usuário não conhece todas as nossas possibilidades de atendê-lo e elas são muitas, variadas e, de maneira alguma, se limitam aos livros”, assinala Vilma, apontando o atendimento ao público como uma das tarefas mais estimulantes. “Quem lida com informação nunca pode ser superficial”, atesta.

O curso de Biblioteconomia é oferecido durante o dia e à noite, mas tem uma especificidade, avisa a Coordenadora do Colegiado de Graduação, professora Madalena Martins Lopes Naves. Os 82 candidatos que passarem no Vestibular para o diurno devem saber que são duas entradas diferenciadas: a turma do primeiro semestre, com 37 alunos, fará o curso pela manhã; a turma do segundo semestre, à tarde. O primeiro período, que corresponde ao chamado Ciclo Introdutório às Ciências Humanas, é oferecido pela manhã e à noite. O noturno possui apenas uma entrada, com 40 candidatos, no primeiro semestre. O diurno e o noturno diferenciam-se, também, com relação ao tempo de integralização, que é de oito e nove semestres, respectivamente.

O aluno de Biblioteconomia escolhe, no sexto período, qual das ênfases seguirá: Gestão de Coleções ou Gestão da Informação. Segundo Madalena, apenas uma ênfase deve ser escolhida de cada vez, mas o aluno pode, ao concluir o curso, pedir continuidade de estudos e, em mais um ano, completar a formação em outra ênfase.