Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


Editorial

Entrevista
UFMG, espaço de formação crítica e cidadã

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Outras edições

Uma dimensão cidadã

Enfermagem

Com perfil mais sanitarista, enfermeiros cuidam dos pacientes em todos os momentos

Eber Faioli

Vai longe a diferença entre o imaginário popular que envolve o início da profissão e a realidade atual. Sem nunca abandonar o paciente, essência de todo e qualquer trabalho, o enfermeiro ocupou espaços muito além dos leitos dos doentes. Com 20 anos de formado, o chefe da Divisão Técnica de Enfermagem do Hospital das Clínicas, Ênio Latini Bitarães, não tem dúvida do incremento da profissão no Brasil, pelo menos nas duas últimas décadas. “O nosso trabalho se reflete em toda a unidade de saúde, porque tem uma interface muito grande com, praticamente, todos os serviços de apoio num hospital ou clínica”, assinala. Os enfermeiros estão ao lado do leito do paciente, mas também estão na farmácia, na lavanderia, nas comissões de controle de infecção hospitalar e de gerenciamento de resíduos, nos serviços especializados – como hemodiálise – no controle da qualidade, na compra de materiais e em muitos outros lugares das unidades hospitalares.

Eber Faioli

Desde o primeiro semestre deste ano, Ênio administra a Divisão Técnica de Enfermagem, coordenando cerca de 900 profissionais, entre enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem. Como administrador, salienta ele, o trabalho é muito gratificante, porque é possível planejar ações que dizem respeito ao hospital e, conseqüentemente, à assistência do paciente de forma integral. Ênio acredita que, nesse sentido, o enfermeiro se destaca até mesmo em relação ao médico, profissional que, tradicionalmente, ocupou as posições mais importantes nas instituições de saúde: “O enfermeiro tem uma posição privilegiada porque confere unidade ao processo de trabalho, ele integra as ações da enfermagem às ações dos demais profissionais e, também, porque participa no cuidado desde que o paciente entra na unidade até o momento em que sai”.

Eber Faioli

Se, em unidades hospitalares, o enfermeiro encontrou um campo imenso, a atuação foi ampliada com o fortalecimento da rede pública de atenção básica à saúde, o que aconteceu, no Brasil, especialmente com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). “Quando o modelo de atendimento hospitalar começou a deixar de ser o único, por ser extremamente oneroso e não dar conta das ações de prevenção e promoção da saúde, abriu-se um grande mercado para os enfermeiros, que não mais condiz com a representação social do profissional, a imagem daquela pessoa que passa todo o tempo no leito de pacientes acamados”, afirma o Diretor da Escola de Enfermagem da UFMG, Francisco Carlos Félix Lana.

Foca Lisboa

O sistema de atenção básica está sendo reestruturado de forma a atender não somente ao doente e à doença, mas ao indíviduo na sua integralidade, à sua família e comunidade. Sob essa nova ótica da saúde, o enfermeiro ocupa espaço fundamental, pois é capaz de reconhecer os problemas/situações de saúde/doença mais prevalentes na sua região de atuação e de intervir neles, com senso de responsabilidade social, como promotor da saúde integral do ser humano.

Normas operacionais definidas pelo Ministério da Saúde garantiram aos profissionais uma atuação que lhes permite interferência direta no planejamento e na execução de políticas de saúde voltadas à população, ressaltando-se aí o Programa Saúde da Família (PSF), com mais de cinco mil equipes formadas em todo o País, compostas por um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e três agentes de saúde. Perfil dos médicos e enfermeiros que participam do PSF, divulgado em 2000 pelo Ministério da Saúde, revelou que há uma diferença grande entre esses profissionais: enquanto os médicos são clínicos, os enfermeiros são sanitaristas. A maioria dos enfermeiros, dos 37% que fizeram especialização, capacitou-se na área da Saúde Pública (40%), em Enfermagem Obstétrica (15,3%) e em Enfermagem Médico-Cirúrgica (12,2%).

“O enfermeiro de hoje tem uma formação voltada para o cuidar, o que significa mais do que tratar”, salienta o Diretor da Escola de Enfermagem, para quem a profissão ganhou a dimensão da cidadania. Dos enfermeiros é exigida a qualidade técnica, porém aliada à compreensão do social, do político e do cultural. O enfermeiro é, também, um agente transformador de realidades contaminadas pela inobservância de direitos elementares, como o próprio direito à saúde. E é assim que se sente a estudante Fernanda Lanza, de 21 anos, do sétimo período. Interessada na área de ensino e pesquisa, ela já participou de dois projetos de Iniciação Científica durante o curso: o primeiro sobre a epidemiologia da hanseníase em Governador Valadares e o segundo, do qual ainda é integrante como voluntária, sobre as condições de vida dos pacientes também de hanseníase no Vale do Jequitinhonha.

Eber Faioli
Francisco Lana: o enfermeiro de hoje tem uma formação voltada para o cuidar

“Quero fazer Mestrado, Doutorado e me dedicar ao ensino”, conta Fernanda, ressaltando a importância da academia no processo de mudança do comportamento e da inserção do enfermeiro no sistema de saúde. “Na Escola de Enfermagem, minhas expectativas sempre foram superadas”, assegura, emendando: “O convívio com os colegas e com os professores é muito bom. Tenho prazer em assistir às aulas”. Há poucos meses, Fernanda compõe a equipe de estagiários da Divisão Técnica de Enfermagem do Hospital das Clínicas, participando da administração e do atendimento direto ao paciente: “É uma forma de complementar os conhecimentos com a prática, muito necessária ao curso”. O estágio é obrigatório e os alunos participam do programa de Internato Rural, quando equipes partem para o interior do Estado e lá permanecem atuando no sistema público de saúde, sob a supervisão de um professor, por três meses.

A Escola de Enfermagem da UFMG tem 70 anos, somente dez a menos do que a primeira Escola de Enfermagem do Brasil. O tempo mínimo de integralização do curso é de nove semestres; o máximo é de 15 semestres. É um dos mais procurados pelos estudantes.