Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


Editorial

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Engenharia de Produção

Abordagem sistêmica e multidisciplinar do curso oferece ao aluno capacidade para buscar eficiência nos processos produtivos

Edna de Castro

Se, no mundo competitivo de hoje, for possível destacar um profissional preocupado com a qualidade e a eficiência, esse será o engenheiro de produção, alguém totalmente voltado para a integração dos processos e que não admite análises parciais, mas apenas do todo. A Engenharia de Produção da UFMG nem sequer formou sua primeira turma; o curso nasceu de uma crescente demanda pela especialização, verificada entre os alunos e, também, no mercado de trabalho.

Estará equivocado quem pensar que o engenheiro de produção é um fissurado nas técnicas emergentes das demais engenharias. Errará, também, aquele que o imaginar como um profissional que se debruça apenas em aspectos da Engenharia. Ele é engenheiro por ter uma formação muito sólida nas Ciências Exatas e, também, porque conhece os processos tecnológicos, mas sua habilidade maior está na capacidade de enxergar qualquer sistema produtivo como um todo. Ou seja, ele é treinado para avaliar e interferir em contextos que envolvam tanto a feitura e a comercialização de um produto industrial quanto a oferta de serviços, como os prestados pelos bancos ou instituições educativas.

A Engenharia de Produção difere das outras Engenharias, explica o professor Francisco Antunes Lima, especialmente pela abordagem sistêmica e multidisciplinar, que recorre a conhecimentos especializados da Matemática, da Estatística, da Informática, mas também das Ciências Humanas e Sociais. E esse foi o diferencial que atraiu Thiago Augusto de Oliveira e Silva, de 20 anos, aluno do quinto período. “Eu procurava alguma coisa das Ciências Exatas, mas que, também, abrangesse Ciências Humanas”, lembra ele, que, por muito tempo, pensou em disputar o Vestibular para os cursos de Administração e Ciências Econômicas.

Thiago decidiu-se pelo curso depois de muito conversar em busca de esclarecimentos. “Descobri que esse curso ligava as duas áreas e não tive mais dúvidas”, afirma. Esse elo é um dos mais fortes da Engenharia de Produção, pois, para o profissional da área, o meio ambiente, a saúde e a segurança do trabalhador devem sempre ser levados em consideração nas análises que buscam eficiência e qualidade dos processos.

Com capacitação tão ampliada, o engenheiro de produção consegue ter a visão do todo intrínseca à sua função e, por isso, atua em setores tão diferentes. Se, na indústria, ele é capaz de apontar falhas técnicas e seqüenciais, num hospital, por exemplo, é imprescindível no acompanhamento de toda a logística de funcionamento da instituição. Ele saberá integrar serviços distintos – como o dos enfermeiros que cuidam da distribuição dos medicamentos com o dos funcionários da limpeza – apoiado em planejamentos que levem a um desenrolar eficiente do ponto de vista não só do atendimento mas de toda a estrutura hospitalar, em especial a financeira.

Eber Faioli
Marcos adapta a produção da indústria às necessidades do mercado

Aliás, a formação destacada em Ciências Exatas está abrindo um espaço ainda menos comum aos engenheiros. Os de produção são requisitados pelas instituições financeiras para trabalhar diretamente com a análise de investimentos e de viabilidade econômica de negócios. Thiago deseja trabalhar em bancos, mas sua atenção está voltada para a oferta de serviços. “Vou interferir nas estratégias de qualidade dos serviços, na redução de custos, na política de recursos humanos”, explica.

Já a performance das indústrias foi o que atraiu Marcos Augusto da Silveira, de 32 anos. Formado em Engenharia Mecânica, Marcos cursou, também na UFMG, o Mestrado em Engenharia de Produção. Depois de passar pela Belgo-Mineira Sistemas (BMS), cuidando da implantação de sistemas de informática em grandes e pequenas empresas, ele foi contratado como gerente de Planejamento e Controle de Produção em uma indústria de peças refratárias. “Eu nunca tinha visto a produção de um refratário na minha vida, mas isso não dificultou em nada meu trabalho”, observa.

Marcos é responsável pela coordenação da demanda por produtos, atentando para os aspectos tanto da produção (eficiência, qualidade, fluxo) quanto da comercialização (negociação dos pedidos e dos prazos). “O planejamento com horizonte tático é uma área importante da Engenharia de Produção. O que tenho que fazer é adaptar a produção da indústria às necessidades do mercado”, diz ele, ressaltando que, para desempenhar bem suas funções, sempre precisou da visão dos processos produtivos e tecnológicos, mas também da ótica administrativa, que assimila a organização empresarial aos recursos humanos.

Gerente da unidade de negócios da Jabil Circuito do Brasil, Christiano Porto de Almeida, de 29 anos, trabalha deslocando-se entre Contagem, São Paulo e Manaus. A empresa monta produtos e sistemas de informática para grandes empresas de eletroeletrônicos e de telecomunicações. Ele faz o gerenciamento de novos produtos, cuidando da dinâmica de realização dos projetos, o que inclui a coordenação entre as diversas áreas da empresa. Também formado em Engenharia Mecânica, com Mestrado em Engenharia de Produção, Christiano acredita que a especialização lhe deu a visão completa de um negócio, necessária à eficiência de qualquer processo produtivo. Ele acredita que faltam profissionais no mercado de trabalho porque, pelo menos em Minas Gerais, a área não estava sendo suprida com especialistas. O professor Francisco Lima nota a boa fase da Engenharia de Produção. “As indústrias mineiras do ramo automotivo, da construção civil e dos processos contínuos em geral e as específicas, como mineração, siderurgia, cimento e química apresentam uma grande demanda por esse profissional”, avalia.

Eber Faioli
Thiago buscou um curso que abrangesse as áreas de Exatas e Humanas

Coordenador do Colegiado de Graduação, Francisco Lima lembra que o curso de Engenharia de Produção nasceu no âmbito da Engenharia Mecânica, que tinha ênfase em Produção. O primeiro Vestibular aconteceu em 2001 e, por isso, nenhuma turma ainda se formou. O curso é diurno e está dividido em disciplinas de formação básica em Ciências Exatas, em específicas e de formação complementar. As específicas aglutinam-se em três grandes áreas: Gestão de Produção; Gestão da Qualidade e Desenvolvimento de Produtos; e Ergonomia, Segurança e Saúde Ocupacional. A formação complementar é opcional entre processos contínuos (Produção e Automação) e processos discretos (Produção/Mecânica). Está sendo avaliada a possibilidade de se oferecerem outras formações complementares em Engenharia Civil e em Informática.