Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


Editorial

Entrevista
UFMG, espaço de formação crítica e cidadã

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Conforto de lar

Bibliotecas
Multiplicador do conhecimento

Iniciação Científica
As primeiras interrogações ninguém esquece

Diplomação
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Ciências Biológicas

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Com a mão na massa

Belas-Artes

Alunos do curso dão forma, cor e textura a objetos diversos em um processo de permanente recriação do mundo

Foca Lisboa
Juliana (em pé à direita) não acredita em vocação

Ser artista plástica foi um desejo que surgiu na adolescência da jornalista Juliana Gouthier. Por diferentes vezes, desde o primeiro vestibular enfrentado na década de 80, o curso de Belas-Artes atravessou o seu caminho, mas a decisão só aconteceu em 1996, em condições totalmente adversas. Grávida e com a carreira de jornalista sedimentada, ela resolveu, naquele ano, realizar o sonho insistente, de se dedicar à Arte-educação.

Quando tentou seu primeiro Vestibular para Belas-Artes, na UFMG, Juliana disputou também uma vaga na Comunicação Social em uma universidade privada. Acabou se frustrando ao passar apenas para a segunda escolha, que não era seu objetivo principal, mas resolveu iniciar o curso particular. No ano seguinte, tentou novamente Belas-Artes, porém, naquela vez, “fugiu” da prova eliminatória de Desenho. “Hoje, acho que fiquei com medo de não passar”, analisa.

Depois de formada e de trabalhar algum tempo como jornalista, Juliana voltou a se envolver com o estudo das artes e entrou para a Escola Guignard, mas só assumiu sua forte atração quando, na gravidez do segundo filho, percebeu que queria se sentir feliz profissionalmente e disputou novamente o Vestibular na UFMG. “Na minha formatura, me arrepiava só de pensar no sonho que eu tinha realizado”, lembra. A escolha madura fez com que ela administrasse melhor o seu percurso na Escola.

Eber Faioli
Para Signorini artista tem de estudar muito

Desde o primeiro momento, Juliana sabia que queria dar aula de Artes e, por isso, decidiu-se pela Licenciatura. Também estava convicta de que, para ser uma boa professora, seria necessário ter vivência de ateliê. “Penso que, para trabalhar com Arte-educação, a aproximação com o universo criativo do artista é fundamental. É muito importante ter uma pesquisa própria, porque é assim que se consegue mergulhar profundamente neste mundo”, diz. Por isso, ao mesmo tempo em que cursava a Licenciatura, foi fazendo disciplinas do Bacharelado em escultura, terminando as duas modalidades quase ao mesmo tempo. Movida pela sua enorme vontade, ela provou que, para ser um profissional da área, não se deve estar preso a antigas concepções. “Não acredito em vocação, mas em vontade de fazer e de ser”, assinala.

A trajetória de Juliana traduz o que o curso de Belas-Artes da UFMG defende. Segundo o Coordenador do Colegiado de Graduação, professor Antônio Milton Signorini, o artista não é um profissional diferente dos outros quanto à sua natureza e depende de dedicação e de muito estudo.

O artista, diz Signorini, ainda que manifeste muitas habilidades, consegue ter um olhar diferenciado do mundo quando treina para isso. “Não trabalhamos com a idéia do artista nato”, insiste o Professor, lembrando que o curso tenta equilibrar a teoria e a prática exatamente para atender a essa filosofia. Mas é preciso saber que os caminhos para se tornar um artista podem ser muito diversificados.

Foca Lisboa
Alunos são orientados por professores em oficina de serigrafia

Estudante do terceiro período, Tiago Gualberto Morais, de 20 anos, optou pela Belas-Artes enfrentando preconceitos. “Todo mundo dizia que eu estava escolhendo uma profissão para passar fome”, diz. Ele ressalta que não fraquejou diante da oposição de seus conhecidos e deu seqüência ao sonho. No tempo em que está na Escola, Tiago convive com um mundo totalmente diferente daquele ao qual estava acostumado. “Eu sempre gostei de artes, mas nunca tive acesso a técnicas ou a materiais como os que estou conhecendo na Escola”, afirma, destacando uma insatisfação. De família pobre, Tiago não tem como adquirir muitos desses materiais, não-oferecidos pela escola. “Depois de conseguir entrar na Universidade, a gente tem que enfrentar outros problemas”.

Para amenizar os entraves financeiros, ele se tornou bolsista da Fundação Mendes Pimentel – de assistência aos alunos com dificuldades financeiras – e trabalha no Hospital das Clínicas, desenvolvendo projetos de artes com os pacientes e, também, com familiares que acompanham os doentes. “Ocupamos essas pessoas para que elas não sintam a opressão intrínseca a um hospital”, conta.

A experiência tem despertado em Tiago a vontade de fazer Licenciatura, mas ele ainda não se decidiu. Essa é uma escolha que o aluno faz no quarto semestre, explica Signorini, quando pode optar por licenciatura em Desenho e Plástica ou o Bacharelado. No segundo caso, o aluno terá que delimitar ênfases em Cinema de Animação, Gravura, Pintura, Desenho ou Escultura.

O Coordenador do Colegiado ressalta ainda que o curso de Belas-Artes explora a idéia do estudo continuado. “É preciso estar em constante aperfeiçoamento”, defende. O Vestibular de Belas-Artes tem uma especificidade. Antes mesmo de os testes começarem para todos, os candidatos de Belas-Artes fazem uma avaliação de aptidão, normalmente em Desenho, que é eliminatória. Por isso, ao fazer inscrição, o candidato opta por um segundo curso. Assim, se ele for eliminado no teste de aptidão, poderá continuar concorrendo numa outra opção.