Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


Editorial

Entrevista
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As primeiras interrogações ninguém esquece

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Outras edições

Universo dinâmico

Física

Currículo flexível e laboratórios bem equipados abrem o leque de formação dos alunos

Foca Lisboa
Físico lida com propriedades e transformações da matéria e com compreensão das forças naturais

Desde o início do terceiro ano de Física, Hugo Leonardo Lemos Silva, de 23 anos, aluno de Bacharelado começou uma experiência nova para o próprio curso que escolheu. Ele montou seu currículo para a Física-Médica, uma especialidade antes ocupada basicamente por médicos, mas que, atualmente, é uma realidade no País para muitos físicos. Ao optar pela carrreira, Hugo não pensava que pudesse vir a se dedicar a tratamento de doentes de câncer. “Foi uma descoberta. A satisfação de ver uma pessoa curada ou num estado melhor e saber que você contribuiu para isso é muito grande”, constata.

A opção de Hugo é conseqüência da estrutura do curso na UFMG, no qual os alunos de Bacharelado, não querendo acolher o currículo padrão, podem, durante o curso, fazer a escolha de uma ênfase, um tipo de especialização que inclui, atualmente, Astrofísica, Física-Matemática e Física dos Materiais. Além disso, o aluno pode, como Hugo, montar seu próprio currículo, criando um enfoque alternativo. “Não é uma dinâmica fácil”, avisa o Coordenador do Colegiado de Graduação em Física, professor Agostinho Campos. O currículo precisa complementar e sincronizar as disciplinas cursadas na Física com aquelas cursadas em outras áreas. E não se trata apenas de um problema de horários e, sim, de embasamento à formação do aluno.

Antes de escolher a Física-Médica, Hugo tentou criar um enfoque voltado para a Economia. Não deu certo, lembra ele, por ser uma área muito nova. “Quando você vai estruturar o currículo, é preciso ter uma visão abrangente da Universidade e nem sempre isso é possível para o aluno”, assinala. Apesar das dificuldades, Hugo não desistiu de algo novo, que tivesse a ver com seu perfil. “Para a Física-Médica, encontrei respaldo na Pós-Graduação em Engenharia Nuclear”, diz, completando que, ao concluir o Bacharelado, tentará o Mestrado, para o qual já terá cursado praticamente 50% dos créditos exigidos.

O curso de Física é diurno nas modalidades de Bacharelado e Licenciatura, com 50 vagas anuais, numa única entrada no primeiro semestre. As 40 vagas do curso noturno são ofertadas apenas na Licenciatura. O tempo padrão para integralização do currículo é de oito semestres em ambas as modalidades. Segundo o Coordenador, a intenção do Bacharelado é normalmente a pesquisa e, para isso, ele conta com toda a infra-estrutura do Departamento de Física, que, com seus grupos de pesquisa e sua Pós-Graduação – Mestrado e Doutorado – proporciona condições ideais para tal formação.

A Licenciatura, idêntica nos períodos diurno e noturno, possui uma estrutura bastante diferenciada do Bacharelado. A intenção do licenciando é se tornar professor de Física. Enquanto os alunos do Bacharelado, a partir do quinto período, direcionam seus conhecimentos para os conteúdos de Física e da área de sua ênfase, os de Licenciatura direcionam parte de seu curso para disciplinas pedagógicas e ligadas às metodologias e práticas de ensino. As diferenças, entretanto, não impedem que tanto o licenciado quanto o bacharel, depois de formados, dêem continuidade aos estudos. Com mais dois, três ou quatro semestres, o licenciado torna-se, também, bacharel ou o bacharel torna-se licenciado.

Foca Lisboa
Campo profissional oferece opções muito maiores do que estabelece o senso comum

Quem escolher a Física irá deparar-se com um grau de opções profissionais muito maior do que dita o senso comum: as atividades de pesquisa e de ensino. O físico, com forte base matemática, procura compreender a natureza numa escala que vai desde os fenômenos astronômicos até as partículas elementares, lidando com as propriedades e as transformações da matéria e, também, com a compreensão das forças naturais, como a eletromagnética e a gravidade. Por ter esses objetos de estudo, o físico encontra aplicação para seus conhecimentos em dezenas de ramos das Ciências Exatas, Biológicas ou Humanas.

O físico pode atuar, por exemplo, junto às indústrias de desenvolvimento de aparelhos de diagnóstico médico –os de raios X e os tomógrafos de ressonância magnética, por exemplo – e no controle da aplicação desses aparelhos no tratamento de doentes – como faz Hugo, garantindo a dose de radiação necessária ao paciente em sessões de radioterapia –, nos projetos de seqüenciamento genético – a exemplo do Genoma Humano –, nos institutos de meteorologia, no desenvolvimento de novos materiais para uso industrial e outros.

Nem sempre é óbvio o encontro de um caminho profissional pouco usual, inclusive porque as preferências estão bastante relacionadas ao desenvolvimento de mercados que vão se abrindo no País. Em Minas Gerais, lembra Hugo, a Física Médica não é, ainda, uma área muito atraente para os físicos, mas a Biotecnologia, por exemplo, tem-se tornado um campo em ascensão, porque existe um pólo tecnológico estabelecido no Estado.

Para Hugo Lemos, o estudante de Física quase nunca pensa em mercado de trabalho quando faz a escolha no Vestibular. “Ele tem sempre muita sede de saber”, avalia. No caso de Leonardo Guillen de Mesquita, de 18 anos, aluno do terceiro período do Bacharelado, a decisão se deu por influência de seu pai, Oscar Nassif de Mesquita, professor de Física na UFMG. “Eu cresci freqüentando os laboratórios. Então já sabia o que iria encontrar no curso”, lembra. A afinidade, entretanto, não o livrou de uma pequena dúvida. A Engenharia de Controle e Automação cativou-o num primeiro momento, mas, numa visita orientada por um professor amigo, percebeu que não daria certo.

Eber Faioli
Hugo Lemos: o estudante de Física tem sede de saber

“Eu queria Exatas, mas a Engenharia de Controle e Automação estava muito ligada aos computadores e esse não é meu forte. Na Física, é preciso saber utilizar o computador, mas de uma forma mais simples”, constata Leonardo, contando que, apesar de estar no início do curso, já foi possível ter uma certeza: “Eu vou mexer com pesquisa, só não sei direito em que área”. Ele começou a trilhar seu futuro como profissional integrando-se ao Laboratório de Biofísica, como bolsista de Iniciação Científica. “Me interesso muito por Biologia e acho que, juntas, Biologia e Física formam uma área muito avançada, mas em que ainda se tem muito a fazer”, diz.