Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


Editorial

Entrevista
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As primeiras interrogações ninguém esquece

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Outras edições

Como caminha a humanidade

História

O historiador contemporâneo precisa estar atento aos movimentos políticos, sociais, culturais, econômicos e religiosos

Foca Lisboa

O inglês Roland Freeman, de 23 anos, escolheu o Brasil para completar sua formação. Aluno da Universidade de Nottinghan, Roland foi intercambista na UFMG e passou o primeiro semestre deste ano cursando matérias na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e, também, na Faculdade de Letras. Seu interesse pelo País o levou à História, onde ele foi um dos 12 estrangeiros que se matricularam no curso. “É completamente diferente aprender sobre o Brasil estando aqui”, avalia.

A escolha do Brasil por Roland justifica-se. Em Nottinghan, ele fez o curso de Francês/Português na Escola de Línguas Modernas. Em 1999, ele veio ao País pela primeira vez e deu aulas de inglês para um grupo de meninos de uma favela em Fortaleza (CE). Segundo Roland, a experiência o fez voltar e tentar conhecer mais a língua e a história brasileira. O gosto por outras culturas, além da própria, e a curiosidade de entender o presente com base no passado deve ser uma das fortes características de quem pretende cursar História.

O apreço pela investigação e pela interpretação dos fatos numa perspectiva ampla, que não se restrinja ao momento nem a uma única visão, faz parte do cotidiano do historiador contemporâneo. Assim como Roland, João Ítalo de Oliveira e Silva, de 21 anos, aluno do sexto período de História, também buscou complementação universitária fora do País. “Acho que o intercâmbio coroa a minha Graduação, porque posso conviver com culturas e métodos diferentes de reflexão”, assinala.

Desde agosto deste ano, João Ítalo freqüenta a Universidade do Texas, em Austin (EUA), cursando disciplinas de História Medieval, Latino-Americana, Asiática e Norte-Americana. Ele sabe que essa é uma oportunidade rara, pois, para fazer o intercâmbio, promovido pelo programa internacional que a UFMG mantém com universidades em diferentes países, ele precisou custear sua passagem e estada. “O que mais quero é ampliar meus conhecimentos em História da América Latina e a Universidade do Texas possui uma das mais completas bibliotecas do mundo nessa área”, relata.

A trajetória de João Ítalo demonstra o quanto o curso de História pode ser cativante. Quando fez vestibular para a UFMG, ele também tentou Turismo em uma universidade privada e foi aprovado em ambas. “Minha intenção era fazer História por diversão, porque a minha atividade principal seria o turismo”, conta. Optando pelos dois, João Ítalo viu inverter-se o papel de cada curso em sua vida. “Agora, sei que a História é que mais está presente na minha formação profissional. Num processo de afirmação pessoal, aceitei o que realmente me motivava e decidi investir pra valer no curso de História”, destaca, lembrando que, muitas vezes, foi pressionado para escolher um curso que lhe desse mais status.

“Você é cobrado para ser o que a comunidade entende por bem-sucedido e não para seguir sua vocação. Mas eu entendi que outras coisas além de dinheiro são importantes na escolha profissional. Penso em dar aula, mas também gosto de pesquisa e devo fazer Mestrado e Doutorado”, planeja. Para João Ítalo, durante sua formação e para além dela, o historiador deve ser uma pessoa extremamente preocupada com os acontecimentos que o cercam e ter disposição para o debate e para a busca do conhecimento.

A Coordenadora do Colegiado de Graduação, professora Kátia Gerab Baggio, concorda. Segundo ela, o olhar sobre a História e sobre a própria Historiografia exige do especialista uma compreensão abrangente das diversas relações que interferem nas transformações da humanidade. Por isso, o historiador, atuando como professor, pesquisador ou exercendo funções variadas em órgãos públicos e empresas privadas, deverá ser sempre um atento observador dos movimentos políticos, sociais, culturais, econômicos e religiosos da sua e de outras épocas.

Eber Faioli
Roland Freeman: historiador precisa ter curiosidade para entender o presente com base no passado

Na UFMG, o curso possui duas modalidades: a Licenciatura, que capacita o profissional para dar aulas no Ensino Fundamental e Médio, e o Bacharelado, no qual o aluno receberá uma formação voltada para a pesquisa, atividades afins e docência universitária. Há os turnos diurno e noturno, mas, no noturno, a única opção é a Licenciatura. Os alunos que quiserem fazer as duas modalidades podem pedir continuidade de estudos depois de formados numa primeira – no caso dos alunos da noite, o Bacharelado só poderá ser cursado pela manhã.

O profissional, afirma Kátia Baggio, sabe que, no Brasil, as principais vagas no mercado de trabalho estão nas escolas e, por isso, a demanda pela Licenciatura sempre foi muito maior. “Mesmo os que optam pelo Bacharelado, muitas vezes, preferem garantir a habilitação como professores do Ensino Fundamental e Médio”, ressalta. Entretanto ela alerta para o fato de que o aluno deve estar de olho em alternativas que empreguem em menor escala no País – museus, arquivos públicos, órgãos de preservação do patrimônio – ou, ainda, em opções pouco comuns, mas que constituam campos potenciais de trabalho. O historiador, nos últimos anos, vem encontrando espaço como consultor em empresas e instituições privadas que se interessam, por exemplo, em organizar acervos, em registrar experiências numa perspectiva histórica, em patrocinar exposições sobre temas ligados à sua atuação. O historiador também tem sido requisitado para consultoria em produções culturais de época, conquistando, assim, espaço na televisão, no cinema e no teatro. “São poucas as vagas em áreas menos tradicionais, porém elas existem”, assinala a Coordenadora do Colegiado de Graduação.

Além disso, salienta Kátia Baggio, o curso de História oferece formação sólida para o aluno que pretende se tornar um pesquisador. Os cursos de Mestrado (1990) e Doutorado (2000), do Programa de Pós-graduação, mantêm três linhas de pesquisa – História e Culturas Políticas, História Social da Cultura e Ciência e Cultura na História –, nas quais os alunos de Graduação participam ativamente. “A Iniciação Científica não é uma exclusividade do Bacharelado”, assinala a Professora. Todos os alunos que se interessam conseguem se envolver com pesquisa, ainda que seja como voluntários em projetos. O tempo normal de integralização do curso de História é de oito semestres e o máximo de 12.