Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


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Esteio do progresso

Engenharia Civil

Proposta do curso é aproximar alunos da prática profissional e contribuir para o desenvolvimento do País

O estudante de Engenharia Civil, Alessandro Bernardo da Silva, de 25 anos, já estava no início do décimo período e não achava muita graça no mais importante trabalho que deveria completar até o final do curso. Em uma das salas da Escola de Engenharia, no centro de Belo Horizonte, ele iniciava os primeiros levantamentos sobre a cidade de Candeias, no Sul de Minas Gerais, como parte de um projeto de plano diretor que apresentaria àquele município. “Depois que fui lá, andei pela cidade, conversei com o Prefeito, com os moradores, o interesse apareceu e tudo mudou totalmente”, lembra.

Foca Lisboa

Alessandro fez parte do Programa de Internato Curricular, uma proposta do curso para maior aproximação dos estudantes com a prática profissional e com a chamada engenharia social, que busca atender às necessidades do interior do Brasil. A partir de convênio com prefeituras mineiras, os alunos realizam projetos de engenharia que atenderão demandas simples, como construção de muros, ou mais sofisticadas, como sistemas integrados de saneamento básico. A proposta começou a ser praticada no currículo em 1998, mas o programa piloto aconteceu em 1994. Os alunos já trabalharam em mais de 40 projetos nesse período e as obras foram todas executadas pelas prefeituras. “É uma prática muito legal”, avalia Alessandro, ressaltando que o projeto de um plano-diretor exige o envolvimento dos alunos em várias fases e áreas do planejamento de uma cidade. Eles trabalham com um completo levantamento de dados, fazendo uma radiografia do município que norteará os critérios para crescimento e desenvolvimento. Num plano-diretor, engenheiros trabalham em conjunto com outros profissionais – urbanistas, sociólogos, etc. –, identificando, por exemplo, as áreas adequadas para crescimento urbano ou industrial, planejando a infra-estrutura de saneamento básico, detalhando parâmetros para edificações conforme as diferentes regiões.

É um processo que vai além das pranchetas e que, por isso, treina os alunos para outra habilidade importante na carreira de engenheiro civil: o trato com clientes, sejam eles uma comunidade inteira ou o futuro proprietário de uma casa. O engenheiro civil, afirma Waldir Teixeira, não pode se contentar em ser bom projetista ou construtor, porque deve ser, também, “um excelente ouvinte, para identificar necessidades e desejos, e um excelente coordenador, porque irá trabalhar sempre em equipe, em contato com muita gente”. Waldir tem 72 anos e mais da metade dos quase quarenta anos de profissão foram vividos como funcionário do setor de obras da Prefeitura de Belo Horizonte, onde atua ainda hoje.

Como engenheiro-chefe das obras de revitalização da Praça Sete, no centro da Capital, Waldir pôde, mais uma vez, interferir diretamente no processo de desenvolvimento da cidade, cujo crescimento ele acompanha desde quando ela possuía apenas 280 mil habitantes. “Participei intensamente das mudanças que foram ocorrendo em Belo Horizonte e disso me orgulho muito”, diz ele, lembrando que, em toda a sua história, o interesse pela capacitação foi uma constante. “Nenhum engenheiro pode abrir mão da atualização, porque a profissão é muito dinâmica. Estão sempre aparecendo novas tecnologias, novos materiais, novas soluções”, salienta. Para Waldir, a reflexão é que dá sentido à prática e, por isso, ele vai a congressos, palestras, seminários. “Não deixo de estudar nunca”, assegura.

Desde que foi flexibilizado, o currículo da Engenharia Civil prevê o Trabalho Integralizado Muldisciplinar, uma iniciativa para reforçar a prática no curso. Os alunos iniciam, no quinto período, e finalizam, no décimo, um grande projeto, nesse caso, virtual, no qual terão que contemplar todas as seis áreas priorizadas no curso: Construção Civil, Estruturas, Hidráulica e Recursos Hídricos, Geotecnia e Solos, Transporte, Sanitária e Meio Ambiente.

Segundo o Coordenador do Colegiado de Graduação, professor Roberto Márcio da Silva, a flexibilização do currículo deu ao curso nova dinâmica, principalmente porque foi abandonada a antiga orientação, segundo a qual o aluno tinha que escolher uma das áreas da Engenharia Civil para se formar. “Na nova modalidade, o aluno tem sólida visão geral e pode optar com segurança pela carreira que deseja seguir num processo de educação continuada”, defende. Na prática, os alunos escolhem a área de preferência durante a Graduação, porque dispõem de vasto leque de disciplinas optativas. Entretanto nem sempre eles investem em apenas um campo. Foi o que fez Alessandro, ao mesclar seu currículo com disciplinas voltadas para Hidráulica, Estrutura e Construção Civil. “Quando fiz vestibular, o meu maior interesse era pela construção civil”, lembra ele. Técnico em Edificações pelo Centro Federal de Formação Tecnológica (Cefet), dedicar-se a projetos de construção parecia-lhe um caminho natural. “Mas conheci melhor a Hidráulica e decidi apostar nessa área, principalmente porque gostaria de trabalhar em projetos de usinas hidrelétricas”, revela. Mesmo com a descoberta, ele não quis concentrar sua formação apenas em Hidráulica. “Sei que a área que eu quero requer muita especialização e esse será meu objetivo futuro”, sustenta.

Eber Faioli
Alessandro e Florence apostam na prática aliada ao curso

Alessandro fez dois estágios durante o curso. No primeiro, numa empresa especializada em projetos de saneamento, fazia desenhos de obras. No segundo, numa construtora de estradas, auxiliava em projetos feitos a partir de levantamentos topográficos, fotos de satélite e aéreas. Em nenhuma das duas experiências Alessandro teve a oportunidade de enfrentar o trabalho de campo, como aconteceu no Programa de Internato Curricular. “Seria bom sempre estar no campo, vendo de perto o que você está projetando. O trabalho passa a ter outro significado”, assinala Alessandro.

Assim como ele, Florence Vasconcelos Silva também optou pela prática aliada ao curso. Formada no ano passado, ela não passou pelo Programa de Internato Curricular, mas envolveu-se com outros projetos engendrados na própria Engenharia Civil, a área que ela escolheu depois de cursar, por um ano, Engenharia Metalúrgica. Integrando o Programa de Saneamento Básico (Prosab), um projeto do Governo Federal, que envolve várias universidades e que, na UFMG, é coordenado pelo Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Florence participou da formulação do projeto de aterro sanitário e de gerenciamento do lixo reciclável para a cidade de Catas Altas, distante 150 quilômetros de Belo Horizonte. “É um programa completo, que prevê, além dos projetos e da execução deles, um trabalho de educação ambiental com a comunidade”, conta. Florence é, agora, aluna do Mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos. O Prosab, diz ela, tem grande importância não só para a formação dos alunos da Engenharia Civil, mas para o Brasil, porque os projetos geram novas tecnologias voltadas para comunidades pequenas e pobres. “É uma forma de a Universidade mostrar que é capaz de fazer muito pelo País”, diz.